por Dirceu Rodrigues Alves Jr.*
Não é só durante ou logo após o uso da bebida alcoólica que não se deve dirigir. Ocorrerão sinais e sintomas tardios quando houver excessos que comprometerão a dirigibilidade.
Queremos enfatizar que após grande ingestão alcoólica, 6 a 8 horas após, o teor de álcool no sangue estará igual à zero, mas não devemos estar na direção veicular. O excesso ingerido produzirá alterações orgânicas que comprometerão as funções essenciais para a dirigibilidade. Alterações essas conhecidas popularmente como ressaca.
O excesso de bebida alcoólica ingerida num dia produz um quadro chamado veisalgia, popularmente conhecido como ressaca, que ocorre 6 a 8 horas após a ingestão, período em que a concentração de álcool no sangue cai à zero, podendo durar de 24 a 26 horas.
O etilômetro (bafômetro) jamais identificaria essa condição avessa à direção veicular.
O álcool é depressor do sistema nervoso central, altera neurotransmissores inibindo-os. Atua produzindo sedação, em consequência reduz mobilidade, memória, julgamento e respiração.
A ressaca é caracterizada por efeitos físicos e mentais adversos, com uma série de sintomas de desconforto, mal-estar.
Nesse período, com percentual de álcool no sangue igual a zero, os sintomas comuns encontrados são:
– dor de cabeça
– náuseas
– falta de concentração
– boca seca
– tonteira
– desconforto gastrointestinal
– cansaço e tremores
– falta de apetite
– suores
– sonolência
– ansiedade
– irritabilidade
Tudo dependerá da quantidade e do teor alcoólico do que foi ingerido.
A ressaca é um fenômeno prevalente pouco estudado.
Interessante que aparece após total eliminação do álcool e seus metabólitos do sangue.
Atribui-se que tanto a ressaca como a desidratação causada pelo álcool sejam dois processos distintos, independentes que ocorrem simultaneamente por meio de diferentes mecanismos.
Durante a ressaca ocorrem variações significativas do sistema hormonal como também acidose metabólica.
Existem múltiplas teorias para explicar o fenômeno ressaca. Alguns estudos acrescenta à sintomatologia, maior sensibilidade à luz, ao ruído e letargia (perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento).
A queda do teor de álcool no sangue, que ocorre 6 a 8 horas após a ingestão, leva a uma espécie de depressão, desorganizando todo o metabolismo. Ocorre falta de água no organismo.
A ressaca está presente em nossa sociedade, sendo assim, é capaz de produzir gravíssimas consequências sociais e sanitárias.
É importante lembrar que a atenção, concentração, vigília, raciocínio estão rebaixados nessa fase. Mas não é só isso, as respostas motoras também estão comprometidas. A sensibilidade tátil, auditiva e visual está alterada. Tudo isso são necessidades para se dirigir um veículo. Assumir a direção é colocar em risco a própria vida e de terceiros.
A cadeira de fisiologia e biofísica da Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires vem estudando o assunto. Afirma que os efeitos do excesso de bebida alcoólica causam, 6 a 8 horas após a ingestão, já com a alcoolemia zero, o fenômeno veisalgia (ressaca). Esse quadro persiste até 24 a 26 horas após ingestão.
Conclusão:
Não tenho dúvida que a chamada ressaca, fenômeno que ocorre horas após a grande ingestão alcoólica, compromete todo o organismo, principalmente o sistema nervoso central. Repercute nas funções essenciais para direção veicular, quais seja, a cognitiva, motora e sensório perceptiva. A direção veicular nessas condições é extremamente perigosa e os sintomas persistem até 26 horas após.
*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)
www.abramet.org.br
dirceurodrigues@abramet.org.br
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