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Pontos críticos além dos números

Especialistas falam de soluções e redução de acidentes nos pontos críticos de rodovias

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Fluxo de veículos e pedestres, quantidade e severidade de acidentes – esses são os três pilares que definem trechos de vias como críticos. Em rodovias a gravidade é ainda maior, devido à velocidade permitida e aumento da população lindeira – consequência natural do desenvolvimento econômico dos centros urbanos.
“A avaliação de pontos críticos deve ir além das estatísticas, deve considerar a gravidade e não apenas o volume de acidentes. Ainda, é relevante analisar as características do entorno das estradas e se a via está projetada de modo a convidar o usuário a imprimir velocidades excessivas ou agir de outra forma insegura”, orienta a mestre em engenharia de transportes, Lúcia Brandão. Segundo ela, essa avaliação servem de parâmetro para a realização de intervenções por parte do poder público, onde é preciso agir pontualmente.
Em Minas Gerais, por exemplo, a topografia acidentada confere ao trânsito características diferenciadas e uma dose extra de trabalho nos pontos críticos. “O ponto crítico acontece naturalmente com aumento de frota. Isso aumenta o volume de tráfego e, consequentemente, a quantidade de acidentes. Aqui em Minas Gerais, apostamos na tecnologia aliada à fiscalização para conter a incidência de colisões e atropelamentos, bem como a severidade desses acidentes”, diz Ivan Godoi, gerente de operação de trânsito do DER/MG.
Delineadores de pista, pinturas diferenciadas, trepidadores, defensas duplas e triplas, painéis que passam informações variadas, além de câmeras de monitoramento para verificar acidentes e congestionamento. Todo esse aparato aliado a um serviço gratuito de atendimento ao motorista e reforço de segurança das equipes de resgates visa resolver a questão dos pontos críticos numa rodovia com um fluxo de 45 mil veículos/dia. Essa é a rodovia MG-010.

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MG 010 – Exemplo do uso da tecnologia na contenção de acidentes

“Instalamos fiscalização de primeiro mundo, com controle de segurança e, mesmo assim, já identificamos a necessidade de reforçar a quantidade de radares para conter a alta velocidade na rodovia. Consideramos nossa rodovia ‘número um’, no entanto, é preciso buscar melhoria para diminuir ainda mais a quantidade e severidade de acidentes”, enfatiza Godoi.

Alta velocidade é agravante nos acidentes
A engenheira Lúcia concorda com o esforço em conter o excesso de velocidade. “Em quase 100% dos acidentes graves temos o fator excesso de velocidade como integrante da ocorrência. Diante de pólos geradores de tráfegos (escolas, hospitais, indústrias etc.) deve haver limite de velocidade e, principalmente, formas de garantir que essa velocidade seja respeitada – placas, intervenção no pavimento, criação de canteiro central, redução da largura da via e introdução da fiscalização eletrônica”, observa.
O excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco de acidentes de trânsito. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, a velocidade é responsável por cerca de 30% dos acidentes fatais em estradas nos países desenvolvidos e cerca de 50% nos países em desenvolvimento.
O desrespeito ao limite de velocidade em rodovias também é a ferida aberta em Santa Catarina. ‘Vias com trechos prolongados facilitam a alta velocidade. O ponto crítico considera que toda rodovia, seja ela municipal, estadual ou federal, traz desenvolvimento econômico e estimula a instalação de empresas, gerando movimento intenso de carros e de pedestres”, destaca Maurício Coelho Mafra, gerente de Manutenção do Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura).

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Estradas de Santa Catarina –  visibilidade ampliada facilita o tráfego;

Nesse sentido, a visibilidade otimizada é a grande solução: “Medidas como reforço da sinalização normal, tachas, tachões e traffic calming costumam funcionar bem. Além do controle de velocidade e pesagem”, diz Ivan Godoi.

Um olhar mais profundo sobre o tema
Encontrar a melhor maneira de instalar equipamentos eletrônicos de controle de velocidade para reduzir o número de acidentes e mortes no trânsito é sempre um desafio para os gestores públicos. No livro “Medidores Eletrônicos de Velocidade – uma visão da engenharia para implantação”, Lúcia Brandão apresenta um estudo para avaliação de trechos que já são críticos em acidentes ou que configuram um potencial risco à vida dos transeuntes e recomenda a instalação de equipamentos eletrônicos de monitoramento adequada a cada situação. 
A metodologia proposta no livro nasceu da experiência da autora à frente da Diretoria de Trânsito de Londrina, Paraná, município onde implantou o sistema de fiscalização eletrônica de velocidade no final da década de 90. “Em quatro anos de implantação, o número de acidentes de trânsito reduziu quase a zero nos locais onde os equipamentos foram instalados. E os acidentes graves e fatais foram totalmente eliminados no período”, comenta a engenheira Lúcia Brandão.
Resultado semelhante é visto em outros lugares: dados do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte (Dnit) demonstram que a implantação de fiscalização eletrônica em pontos críticos das rodovias federais e trechos de vias urbanas contribui para a redução de cerca de 70% dos acidentes de trânsito. Estudo do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-Rio), realizado nas rodovias federais estima que as lombadas eletrônicas evitem cerca de três mortes e 34 acidentes por ano. A pesquisa considerou dados de 1996 a 2005.
Em 2003, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou custos dos acidentes de trânsito no Brasil. Acidentes sem vítimas custam R$ 3.262; com feridos (leve, médio ou grave) R$ 17.460; e com mortes R$ 144.143. Mas é bom lembrar que no caso de vítima fatal não está incluída a parcela afetiva, afinal, qual o custo de uma vida perdida?”, indaga a engenheira.

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