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Os enxadristas do trânsito

Engenharia aliada à onda verde pode implicar em 20% de ganho de tempo, segundo especialista

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Belo Horizonte é considerada uma pioneira na implantação de sistemas inteligentes de trânsito, trabalhando com a sincronização de semáforos desde os anos 70.

    Sincronia: essa é a palavra chave quando o assunto é Onda Verde no trânsito. Desenvolvida para explorar melhor as possibilidades que o semáforo – um dos dispositivos de trânsito mais importantes – pode oferecer, a Onda Verde tem como objetivo aumentar a velocidade do trânsito, possibilitando melhor fluidez.
    A prática, quando observada sob a perspectiva de grandes cidades, como Belo Horizonte (MG) revela-se um verdadeiro jogo de xadrez, em que planejamento estratégico, tecnologia e engenharia são peças fundamentais para evitar o efeito oposto: a chamada onda vermelha, quando os carros ficam engarrafados.
    “O trânsito é um organismo vivo, está se modificando o tempo todo. Por isso, para manter a Onda Verde funcionando, precisamos estar sempre atentos e analisando o tráfego de veículos, a fim de tomarmos atitudes necessárias para conservação do fluxo”, explica Carlos Cândido, gerente de planejamento e controle operacional da BHTrans – responsável pelo gerenciamento do trânsito da capital mineira.
    Hoje, a BHTrans conta com, aproximadamente, 70 funcionários, entre engenheiros e outros profissionais de campo e monitoramento para manter os sistemas de sincronia, com 850 intercessões funcionando para uma frota de cerca de 1,5 milhão de veículos. São planilhas de horários que priorizam, dependendo da necessidade, ida ou volta do centro. Mas nem sempre foi assim.
    Belo Horizonte é veterana na implantação dos chamados ITS – Sistemas Inteligentes de Trânsito. Segundo Cândido, a cidade trabalha com integração de dispositivos e análise desses dados desde os anos 70: “Sincronizar um corredor de mão única é muito fácil, mas em vias tortuosas, transversais, com muito fluxo, como as que temos em Belo Horizonte, é uma verdadeira disputa de xadrez: requer muito planejamento e adaptação. Precisamos sacrificar peões, cavalos e eleger prioridades”, afirma.
    Para os que pensam na Onda Verde como uma mera sincronização de sinais, o especialista explica que o processo permeia psicologia e até intuição: “Onda Verde não é apenas sinais verdes, é passar do ponto A ao ponto B em menor tempo. Isso significa que eu posso planejar que, em determinado ponto, o motorista vai parar. Para a segurança de todos, é preciso graduar as mudanças para  que  as pessoas percebam e se adaptem. Aqui, o pessoal adora parar no sinal e ler o jornal. É um costume cultural; se mudamos o sistema bruscamente, tem gente que para até no verde!”, diz. 
   Silvestre de Andrade Puty Filho, diretor da Transmetro (Transportes Metropolitanos de Belo Horizonte), presenciou a criação da BHTrans, a evolução do trânsito e das tecnologias do setor. “Há alguns problemas, parte dos corredores são grandes avenidas e nem sempre se consegue estabelecer onda verde nos dois sentidos das duas vias – é muito difícil coordenar. Mesmo assim, até em condições adversas, como vias congestionadas, a Onda Verde é positiva, pois viabiliza o fluxo”, analisa.
    De forma geral, Silvestre enxerga o suporte da tecnologia como a solução para a circulação de uma frota que cresce vertiginosamente, sem acompanhar as obras para o setor: “Para que a Onda Verde funcione bem, é preciso uma gestão severa de tráfego e a compreensão de que a tecnologia é a parte mais importante desse processo. Esses dois componentes aliados podem acumular mais de 20% de ganho de tempo para o motorista”, afirma. 
    “Os Sistemas Inteligentes de Trânsito estão evoluindo e ganharão cada vez mais relevo porque não se consegue construir vias na mesma velocidade em que a frota aumenta. A demanda por sistemas viários está aumentando aceleradamente, pois os carros estão cada vez mais baratos e fáceis de comprar. Isso exige ações operacionais e de gestão”, conclui.

DE OLHO NOS GRANDES EVENTOS:
Minas Gerais, Belo Horizonte, em especial, foi uma das cidades escolhidas como sede da Copa do Mundo de 2014. Para amortecer a demanda que o evento internacional criará no trânsito da cidade, os engenheiros da BHTrans já estão trabalhando em sistemas que visam fluxo rápido e priorizado na região do Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão.
    Segundo o gerente de planejamento e controle operacional da BHTrans, Carlos Candido, o órgão está trabalhando em 20 novos programas de sincronização em horários diferentes para adaptar os semáforos de maneira que os motoristas consigam circular na localidade. “É um projeto que já está sendo testado em feriados e horários críticos de tráfego. Com a tecnologia do levantamento de dados, conseguimos prever a demanda e o tempo que esses carros precisam para aproveitar o sinal verde”, destaca.

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