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Necessidade do respeito à qualidade de vida no trabalho do profissional do volante

por Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior*

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Todo trabalho onde se dá mais do que se é capaz, precisa de respeito e de se oferecer melhor qualidade de vida.

Ao ver uma pessoa na direção de um veículo imagina-se que está passeando, fazendo turismo, mas não é verdade. Para ter uma direção segura é necessário desligar-se de tudo e colocar o foco na atenção, concentração, raciocínio, vigília, percepção, respostas a serem dadas na parte motora, sensibilidade tátil, visão e audição. Além de tudo isso, há exaustão pelo trabalho físico utilizando pernas, braços, coluna vertebral com movimentos amplos capazes em longo prazo de gerarem sinais, sintomas e evoluírem para doença crônica. Precisa-se estar permanentemente atento a queixas, sinais e sintomas.

O homem é avesso à restrição aos seus hábitos, controle médico, dietas, exames preventivos e tudo que se possa planejar em termos de prevenção. O objetivo é mantê-lo saudável e em consequência com boa qualidade de vida. Mas com todas as dificuldades para mudança de comportamento, temos a obrigação de conscientizá-lo da real necessidade, principalmente quando o vemos submetido a fatores de risco que, não temos dúvida, o levarão a doenças. E, observe, serão doenças crônicas, evolutivas e incapacitantes. A coisa é grave, precisamos de cuidados, deixar de olhar para isso é permitir o surgimento de problemas para o trabalhador e empresa.

Dentro de uma cabine onde se trabalha, se alimenta e dorme, sem as condições de higiene necessárias com relação ao sono, a confecção do seu alimento, na eliminação dos despojos, na higiene corporal, sem o lazer, isolado e confinado em ambiente tão restrito e hostil para tal, e mais, submetido às doenças endêmicas e tropicais por onde circula.

As doenças primárias ou pré-existentes como hipertensão arterial, diabetes, distúrbios de colesterol, triglicérides, doenças respiratórias, cardiocirculatórias, psiquiátricas e muitas outras estão presentes no universo dos nossos motoristas. O acesso ao controle ambulatorial torna-se difícil em função de estar sempre em trânsito e não ter com isso disponibilidade para um agendamento, um controle ambulatorial.

As atitudes incorretas que comprometem a saúde como uso de álcool, tabaco, alimentação inadequada, privação do sono, rebite, excesso de horas trabalhadas, drogas e outros são fatores importantes que comprometem e levam ao desequilíbrio orgânico e consequentemente a doenças.

Não bastasse tudo isso, outros componentes ocupacionais participam do dia a dia desse trabalhador, concorrendo para as doenças ocupacionais como a perda auditiva, zumbido nos ouvidos, dores musculares difusas e localizadas, degeneração da coluna vertebral, varizes de membros inferiores, tendinites, artrites, doenças respiratórias e outras.

A falta de liberdade diante das opressões em determinadas situações, bem como esse jeitinho de condição sub-humana de vida e de trabalho, ainda de absoluto desrespeito à dignidade de uma pessoa, pela imposição de determinadas chefias, gerências, tanto do embarcador como do destinatário.

É pressão de todo lado, é o martírio do nosso motorista de área urbana, rodoviária, caminhoneiro, carreteiro, até do profissional da motocicleta.

É a saúde física, mental e social comprometida. Lembro que saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o bem estar físico, mental e social, o que pouco vejo nessa atividade.

Concluo consequentemente que os motoristas em geral, principalmente caminhoneiros e carreteiros, não gozam de plena saúde e não sei como resistem a tanto sacrifício. Múltiplos fatores de risco caracterizados pelo ruído, vibração, variações térmicas, gases, vapores, fuligem, trabalho repetitivo, exposição a micro-organismos, produtos químicos, acidentes, estresse psicológico e social tudo formando uma malha fina envolvendo o homem. Necessitamos de critérios ou protocolos para ultrapassar essa malha fina buscando permanentemente a melhor qualidade de vida no trabalho.

A saúde é o elemento essencial na direção veicular.

O motorista é que transporta as riquezas desse país.

*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
www.abramet.org.br
dirceu.rodrigues5@terra.com.br
dirceurodrigues@abramet.org.br

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