NOTÍCIAS

Até que idade posso dirigir um veículo?

Por Dirceu Rodrigues Alves Júnior*

Publicado em

O Código Brasileiro de Trânsito não define idade limítrofe para a interrupção da atividade. Saber o momento de parar é essencial. Ele prevê o início da concessão para a direção de veículos a partir dos 18 anos, mas nada define para a aposentadoria dessa concessão. Sabemos que, à medida que passam os anos, limitações vão aparecendo. Em média, a partir dos 60 anos começamos ter um declínio na execução de nossas atividades. Em alguns, esse processo é lento e progressivo, em outros, temos acentuação muitas vezes brusca de vida ao aparecimento de alguma doença.

A direção veicular não é uma ação tão simples, fácil como se imagina. É na realidade bastante complexa. Inicialmente podemos afirmar que depende de três funções básicas:

1 – a cognitiva, que envolve raciocínio, entendimento, memória, comunicação, atenção, concentração, vigília e respostas imediatas;

2 – a motora, responsável pela liberdade de movimentos, rapidez, força, agilidade, coordenação;

3 – a sensório-perceptiva, onde se relaciona sensibilidade tátil, visão, audição e percepção.

Além de tudo isso, sabemos que existe uma grande influência dos fatores de risco presentes na direção veicular, no meio ambiente e no estresse causado, que atuam diretamente sobre o organismo, causando distúrbios agudos e processos degenerativos. A complexidade da atividade leva-nos a entender que estão presentes os impactos do organismo sobre a direção e da direção sobre o organismo. É, na realidade, um somatório de agressões de um e de outro lado.

Quando se é portador de doenças primárias, como hipertensão arterial, diabetes, doenças ósteoarticulares, distúrbio mental e emocional, doenças metabólicas e outras, certamente haverá agudização desses processos, comprometendo as funções essenciais para a atividade.

Cada organismo é um organismo. Nem todos apresentam os mesmos problemas de saúde, daí não termos no código de trânsito uma data definida para a interrupção da concessão. A única referência aos idosos (acima de 65 anos) é que seja feita avaliação médica a cada três anos, com o que não concordamos. Os processos degenerativos e a alternância de sinais e sintomas e mesmo do aparecimento súbito de doença é comum, o que nos leva a indicar exames periódicos a cada ano.

Temos observado que o próprio motorista, muitas vezes ao perceber suas limitações, passa a ter medo de assumir a direção, acabando por abandoná-la. Outras vezes vemos alguns com limitações, mas insistindo em manter-se em atividade. A família tem importância capital quando detecta alguma das alterações aqui descritas ou quando do surgimento de doença aguda ou crônica, impedindo o idoso de assumir a direção veicular.

Todos sabem que a direção veicular é uma necessidade para o idoso, tornando-o integrado à família, à sociedade e conectado ao mundo.

Estimular, deixá-lo motivado para a vida, soerguer o moral, incentivá-lo, são necessidades reais. As limitações levam à depressão que, por sua vez, acelera o processo degenerativo e gera desarmonia interna. Aí é o caos.

Torna-se de extrema importância lembrar que, normalmente nessa faixa etária, faz-se uso de algum medicamento, às vezes múltiplos, e que podem ter repercussão quando na direção. O médico da família saberá orientar quando houver riscos, não só o idoso, mas a família e o médico que habilita e renova a Carteira Nacional de Habilitação.

 

*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego
Ocupacional da ABRAMET
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
www.abramet.com.br
dirceurodrigues@abramet.org.br
dirceu.rodrigues5@terra.com.br

COMPARTILHAR

Veja

também

Semana Nacional de Trânsito reforça que cada escolha é decisiva para salvar vidas

Com o aumento do uso das bikes no país, saber compartilhar as ruas salva vidas

Pioneira, lombada eletrônica ajudou a salvar mais de 85 mil vidas no trânsito

Está em vigor nova regulamentação sobre exame toxicológico para motoristas profissionais

Perkons recebe visita de Câmaras Temáticas do CONTRAN

Perkons completa 32 anos e celebra mais de 85 mil vidas salvas

Tecnologia semelhante à da aviação é usada para dar mais segurança no trânsito

Brasil na liderança com os pets, mas muitos tutores ainda desconhecem as normas de transporte

Maio Amarelo reforça preocupação com conscientização e segurança dos motociclistas

Perkons lidera mercado de segurança e gestão no trânsito

Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.