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Travessia Segura

por Cristina Baddini Lucas*

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Segundo o Código de Trânsito Brasileiro – CTB basta o pedestre pôr o pé na faixa, e o motorista é obrigado a dar-lhe passagem. Colocando o pé sobre a faixa, o pedestre garante sua imunidade. A faixa amparada por um semáforo, conta com um aliado dotado do maior dos instrumentos educativos — a punição. Passou no sinal fechado, é multa. Muitas vezes, o agente nem precisa estar presente, pois a infração é registrada por radar e, por esta razão, geralmente ela é respeitada. O CTB, estabelece que o desrespeito à faixa de pedestres é infração “gravíssima”, sujeita à punição com multa de 191,54 reais e 7 pontos na carteira. No entanto, é a faixa sem semáforo que costuma ser ampla e irrestritamente desrespeitada aqui no Brasil.

Campanha de Respeito à Faixa
Os motoristas serão o alvo inicial da campanha Travessia Segura, que foi lançada quarta passada pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Técnicos da entidade avaliaram que o foco nos condutores é importante para garantir a segurança dos pedestres. A primeira fase deve durar aproximadamente um mês. As autuações por desrespeito às faixas começarão a ser aplicadas em março, segundo a entidade.
Não adianta falarmos para o pedestre que a faixa é segura se os carros continuarem desrespeitando. Na segunda quinzena de janeiro, a campanha será intensificada nas travessias. Serão desenvolvidas ações para que o pedestre entenda que a faixa é o local correto para atravessar. Apesar de ser idealizada pelo Consórcio, a ação será feita individualmente por cada uma das sete prefeituras da região.

Números
Na Capital, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego, o número de mortes por atropelamento caiu 30% entre janeiro e julho deste ano na comparação com o mesmo período do ano anterior. O número de atropelamentos sem morte teve queda de 19,3%.
Em São Bernardo, mesmo sem a criação de nenhuma campanha, o número de atropelamentos teve pequena queda entre janeiro e agosto deste ano na comparação com 2010. O número caiu de 395 para 356, redução de 9,9%. Em Santo André, as ocorrências tiveram alta de 15%, subindo de 299 para 342.
Em São Caetano, os atropelamentos caíram de 137 em 2009 para 98 em 2010, uma queda de 28,5%. Até agosto, 53 pessoas foram atropeladas na cidade.

Brasília
Multas e colisões: foi o que ocorreu na única capital brasileira em que a população aprendeu a respeitar a faixa de pedestres. Não há educação que não acene com a punição ao infrator. Tantos casos de atropelamento se acumularam na cidade que, em 1996, o Governo, com apoio do jornal “Correio Braziliense” iniciaram uma campanha contra os desmandos dos motoristas. As notícias de atropelamentos passaram a ser publicadas na primeira página. Na mesma edição, vinham editoriais e comentários. Houve uma passeata articulada pela imprensa e Governo à qual compareceram de 25.000 pessoas.
O governo primeiro cobriu as vias expressas com radares, para coibir os excessos de velocidade. Em seguida, em janeiro de 1997, iniciou campanha para o respeito à faixa de pedestres. A campanha consistiu em anúncios nos meios de comunicação e na ação de guardas que orientavam os motoristas. Mas desde o início estes foram avisados de que, a partir de abril, seriam aplicadas multas.  O motorista brasiliense aprendeu que, ao avistar um pedestre com um único pé na faixa, no simples gesto de iniciar a travessia, deve parar.
Catorze anos se passaram e Brasília continua a dar a mesma atenção à faixa de pedestres. Em 2010, registraram-se apenas sete mortes por atropelamento em todo o Distrito Federal. Nos últimos catorze anos, 77.  No ano passado, foram aplicadas 3.512 multas por desrespeito à faixa.

Motorista, sinta orgulho ao parar para o pedestre passar.

*Cristina Baddini Lucas
Assessora do MDT, colunista do Diario do Grande ABC (Coluna De Olho no Trânsito)

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