Finalmente as entidades mundiais, como ONU e Organização Mundial de Saúde, responsáveis pelo bem-estar do ser humano, resolveram agir. Está instituída a Década da Segurança no Trânsito, a fim de diminuir o número assustador de mortos nos acidentes, principalmente no Terceiro Mundo. Tentam, desta forma, minorar o quadro macabro que faz do trânsito, segundo a própria ONU, o segundo maior problema mundial, só superado pela manutenção da paz. O nosso Ministério da Saúde o considera a segunda “causa mortis” do brasileiro, atrás apenas dos acidentes cardíacos.
Desde 1969, quando na Direção do DETRAN GB, criei a Seção de Pesquisa, Análise e Divulgação para o controle estatístico e a devida análise e divulgação dos acidentes de trânsito ocorridos na cidade, preocupo-me com este problema. Ainda naquele ano, foi publicado um folheto intitulado “O livro negro do trânsito”, que mostrava uma verdadeira radiografia dos acidentes ocorridos naquele ano. Foi o primeiro e único na história do DETRAN e, após minha saída, a seção foi extinta. Continuei minha luta, escrevendo no JB e publicando livros. Cheguei a produzir um projeto para a segurança do trânsito nas estradas, onde ocorre a maioria dos acidentes fatais, com o título “Programa de Segurança nas estradas apresentando fatos” que consistia, em sua essência, mostrar nas pistas de rolamento o tipo de acidente que ali havia ocorrido, com o propósito de despertar o motorista para o fato de que ele está correndo perigo de vida. O projeto se baseia no que aprendi no Road Research Laboratory, próximo a Londres, e que p ossui um acervo notável sobre como combater este mal. Escusado é dizer que ninguém se interessou por esta iniciativa de caráter humanitário. Vejo, esperançoso, esta campanha mundial, agora iniciada com a iluminação amarela, cor da atenção, nos principais monumentos do mundo. Espero que não fique só nisso. Que se combatam as causas, sendo que a principal é o sentimento de imortalidade do motorista, tão bem definido, no livro clássico de Paul Guinard: “Les choses de la vie” publicado e premiado na França, em 1968, em que descreve um acidente fatal, narrado pelo condutor do carro acidentado, um MG, com todos os terríveis detalhes até o momento em que ele morre. Termina o livro de maneira notável com a frase genial: “Não se preocupe o leitor com o que acabou de ler neste livro. São os outros que morrem em acidentes de trânsito. Você é imortal”. Desejo que o Governo Federal encarregue profissionais do ramo para executar esta iniciativa mundial e, humildemente, sugiro como “slogan” parte da frase final do livro de Paul Guinard: “Não se preocupe, são os outros que morrem em acidentes de trânsito”.
*Celso Franco
Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 16/05/2011.
Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.