NOTÍCIAS

Tráfego de moto por corredores é seguro?

A circulação divide opiniões. O poder público quer ampliar a segurança dos motociclistas e especialistas dizem ser preciso uma mudança de comportamento

Publicado em
dgf4quv7i84qsnuqpzre

Não restam dúvidas de que a agilidade e a mobilidade são as palavras de ordem nas últimas décadas. Na busca de rapidez para se locomover muitos motoristas buscam alternativas em veículos de pequeno porte como as motocicletas. Elas tornaram-se as preferidas das empresas que buscam velocidade nas entregas e principalmente dos profissionais que querem baixo custo de deslocamento e em menos tempo. Dados do Denatran mostram que motocicletas e motonetas correspondem a 26,22% da frota nacional, e representaram 28% dos acidentes de trânsito com morte, de acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Como deve ser a dinâmica deste veículo no trânsito das grandes cidades? Especialistas divergem sobre o posicionamento da moto entre as faixas, mas a maioria concorda em um ponto: é preciso que se mude o comportamento tanto do motociclista quanto do motorista de automóveis em relação aos veículos menores.


Transitar por corredores pode atrapalhar a visibilidade de outros veículos e surpreender pedestres, diz o especialista.
Crédito: Motoonline.com.br

Recentemente a prefeitura da cidade de São Paulo anunciou a implantação de faixas de espera para motocicletas e bicicletas nos cruzamentos com semáforos, visando reduzir a disputa entre veículos de pequeno porte e os automóveis e ônibus. A medida já é usada em cidades como Barcelona e Madri, na Espanha, e traz à tona outro tópico de discussão em relação à segurança no trânsito: a circulação de motocicletas entre veículos.  A primeira versão do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) proibia a circulação de motocicletas, motonetas e ciclomotores nos corredores formados entre os veículos, através do artigo 56. Mas foi vetado na versão final, com a justificativa de que “restringiria sobremaneira a utilização desse tipo de veículo que, em todo o mundo, é largamente utilizado como forma de garantir maior agilidade de deslocamento”.

Entretanto, especialistas apontam para um risco nesta permissão de circulação: “A não proibição das motocicletas transitarem entre os carros gera grandes riscos ao trânsito, podendo causar acidentes com os demais veículos, especialmente ao próprio condutor da moto e aos pedestres que podem ser surpreendidos com a manobra realizada. Não se pode, todavia, deixar de citar que o trânsito entre faixas pelos motociclistas também gera prejuízos à mobilidade dos demais veículos, geralmente por dificultar a mudança de faixas ou acesso as demais vias”, pondera o advogado, especialista em direito administrativo de trânsito e gerente comercial da Perkons, Vanderlei Santos da Silva Jr.

O que pensam os motociclistas

O advogado, especialista em trânsito pelo Instituto de Mobilidade Plano (IMEP) e também motociclista, Renato Campestrini, concorda com a proibição de circulação das motocicletas entre os demais veículos, contudo acredita que a permissão deveria se dar até o limite de 40 km/h, diminuindo assim o risco de colisão e a gravidade do acidente. Para ele, o mais importante é a consciência de todos os motoristas de que a motocicleta transporta pessoas que podem se ferir facilmente em razão de colisões.  “É curioso que o respeito ao motociclista aumenta de acordo com a cilindrada de sua motocicleta. Digo isso por experiência própria, pois quando transito pelas vias com meu scooter, recebo inúmeras fechadas, entretanto quando circulo com minha big trail, o tratamento muda sensivelmente.”, complementa.

A legislação de trânsito determina que qualquer condutor deve respeitar uma distância de segurança em relação aos veículos à frente e ao lado, mas na prática não é o que se observa. Basta circular por alguns quarteirões das grandes cidades e verificar que usualmente os motociclistas transitam entre carros, ônibus e caminhões, sem distinção. “Quando a velocidade da moto é superior à do carro, o que ocorre sempre nas ultrapassagens, essa distância de segurança tem de ser grande, o que não acontece. Não é uma questão apenas legal, é uma questão de segurança”, enfatiza o consultor em trânsito, Mestre em Transportes pela Universidade Federal de Minas Gerais e também motociclista, Osias Baptista.

Contudo, há quem defenda que o motociclista deve utilizar o corredor, bastando conhecimento técnico e prudência, como é o caso do advogado especialista em Gestão de Trânsito e motociclista, André Garcia. “O que é necessário é entender que a dinâmica da motocicleta é diferente da do carro. Enquanto o carro tem estabilidade estática, já que está apoiado em quatro pontos (rodas), a motocicleta tem estabilidade dinâmica, ou seja, se parar, cai para um dos lados”, diz. Garcia explica que em países como Espanha, França e Itália há respeito do veículo maior para o menor, mas que no Brasil, apesar do que diz no 2º parágrafo do artigo 29 do CTB, ainda não existe uma consciência dos motoristas e dos próprios gestores em relação à fragilidade do motociclista e do propósito de se utilizar o veículo. “Há setores do Poder Público que discriminam a motocicleta, que na realidade é a solução para o caos urbano tanto na questão de mobilidade urbana, quanto na questão ambiental. Todavia, é necessário educar condutores de todos os veículos e pedestres para dividir o espaço público”, explica. Ele acredita que o motorista é imprudente e apresenta alguns dados: “Uma pesquisa realizada na Espanha revelou que a cada 10 acidentes entre motos e carros, sete tinham como culpados o motorista do automóvel. Já nos Estados Unidos, o Motorcycle Safety Foudation (MSF) afirma que 55% dos acidentes entre motocicletas e automóveis têm como culpados o motorista do carro”, complementa.


COMPARTILHAR

Veja

também

Mortes no trânsito cresceram nos últimos três anos

Uma das principais preocupações municipais é a gestão do trânsito

Como as cidades inteligentes apostam na tecnologia para uma gestão urbana mais eficiente

Lombada eletrônica completa 32 anos ajudando a salvar vidas 

Perkons celebra 33 anos de inovação e segurança no trânsito

Perkons Connect entra para o calendário nacional e passará por todas as regiões do país

Inovação e Gestão Urbana: temas centrais do Perkons Connect

Segurança no trânsito em foco no Perkons Connect

Primeira edição do Perkons Connect será em São José do Rio Preto

Relatório de Transparência Salarial

Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.