Estudo da Universidade da Califórnia conclui que o uso do corredor causa menos acidentes entre automóveis e motocicletas.
Como informei em outubro passado, leia a matéria, a Austrália legalizou a utilização de corredor e diante do aumento dos movimentos “pró-corredor” nos EUA, a Universidade de Berkeley na Califórnia realizou estudo amplamente divulgado pelos meios de comunicação e que você pode ler matéria do LA Times clicando aqui.
Na matéria do periódico Los Angeles Times o assunto se esgota, já que foram analisados 6.000 (seis mil) colisões entre outubro de 2012 e agosto de 2013 dos quais constatou-se que apenas 3% estavam em corredor, outros 97% se dividem com abalroamento da motocicleta na traseira do automóvel ou do automóvel na traseira da motocicleta ou, ainda, a motocicleta sendo prensada entre dois automóveis, virando “sanduiche” do acidente.
O estudo serve de base para que seja sancionado lei que torne regular ou legal a utilização do corredor naquele Estado, que já é utilizado com apoio da Polícia Rodoviária da Califórnia (CHIP´S) e que segundo o órgão máximo do trânsito dos EUA – NHSTA Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário – ocorre 30% menos acidentes do tipo no Estado da Califórnia em comparação a outros Estados que ainda são inflexíveis em relação a utilização do corredor.
Enquanto isso no Brasil…
Se em países com políticos sérios se faz estudos científicos antes de liberar ou proibir algo, como foi na Austrália e EUA, a realidade brasileira é bem outra.
Com base no “achismo” ainda tramita o Projeto de Lei sob nº 2650/2003 de autoria do Deputado Federal Marcelo Guimarães Filho (PFL/BA) cujos relatores Deputado Mário Negromonte (PP-BA) na Comissão de Viação e Transportes e Deputado Hugo Legal (PSC-RJ) com, na Comissão de Constituição e Justiça, concordam em proibir o tráfego em corredor, renascendo o artigo 56 do CTB, agora sob número 56-A, então vetado pelo Presidente FHC.
Até quando nossos nobres Congressistas vão insistir em “tapar o sol com a peneira”?
Sim, porque corredor nada mais é que um espaço público subutilizado onde nada mais justo que as motocicletas e as bicicletas possam trafegar minimizando o trânsito que se tornaria inviável se estes veículos, ainda, ficassem um atrás do outro como os automóveis.
Problemas
Não existe problema em trafegar no corredor, desde que em baixa velocidade (até 30km/h) ou em velocidade não superior a 20% do automóvel e desde que os motoristas sinalizem ao mudar de faixa, não usem celular ou película escura.
O que nossos nobres Congressistas, assim como os especialistas e gestores de trânsito ignoram e que são causas de acidentes são:
– Uso de película escura no veículo: utilizado fora dos parâmetros determinado pelo DENATRAN, o escurecimento do habitáculo faz com que o condutor perca visibilidade periférica e, por conseguinte, perca noção de espaço, bem como, o uso da película mais escura nos vidros traseiros colaboram para com a perda de visibilidade dos outros condutores, além dos motociclistas e ciclistas, não sendo possível antecipar uma frenagem, por exemplo, causando engavetamento;
– Celular: já passou da hora de aumentar o valor da multa e da pontuação, bem como, criminalizar a utilização do celular pelos motoristas que, especialmente, encorajados pela película escura, se sentem no direito de enviar mensagens de textos, socializar-se nas redes sociais e conversar. Resultado: morte no trânsito. É necessário investigar, triangular os sinais do celular para saber se no exato momento do “acidente” o motorista utilizava famigerado aparelho;
– Faixas de rolamento: se o padrão mundial das faixas de rolamento é de 3,50 metros de largura, no Brasil é diferente. Vide a Avenida 23 de Maio que na gestão do Sr. José Serra, hoje Senador de São Paulo pelo PSDB, permitiu a criação de mais uma faixa de rolamento nesta avenida, diminuindo a largura dos 3,50 metros para 2,60 metros. Resultado: aumento de acidente com motocicletas. Pior, em 30/06/2015 o Prefeito Haddad inaugurou a ciclovia da Avenida Paulista, o que diminuiu as faixas de rolamento, mas o que é irresponsável, ao invés de duas faixas de rolamento mais a faixa de ônibus, optou-se por três faixas de rolamentos com menos de 2,60 metros cada uma. Será que foi pensado no conforto e segurança dos usuários? Será que a ciclovia é mera demagogia, já que continua-se adotando medidas incentivando o uso do automóvel como meio de transporte individual?
Portanto Senhoras e Senhores faço aqui uma afirmação: proibir corredor vai matar mais gente!
Lanço aqui um convite as nobres Deputados Federais Marcelo Guimarães Filho (PFL/BA), Mário Negromonte (PP-BA) e Hugo Legal (PSC-RJ) e a quem quiser, para andar de moto comigo por qualquer cidade do Brasil com o objetivo de aumentar seu conhecimento de trânsito e se deparar com a verdadeira realidade dos motociclistas. A motocicleta e os equipamentos de segurança são por minha. Basta enviar e-mail marcando dia e hora, tamanho da cabeça (para capacete) e manequim para demais equipamentos.
*André Garcia
Motociclista, advogado especialista em Gestão e Direito de Trânsito, colunista na imprensa especializada de duas rodas, idealizador do Projeto Motociclismo com Segurança que busca aculturar a sociedade em segurança viária por meio de palestras e aulas de pilotagem, laureado com o Prêmio ABRACICLO de Jornalismo em 2008 – Destaque em Internet e 2013 – Vencedor na categoria Revista com matérias de segurança viária e homenageado na Câmara Municipal de São Paulo pelo Dia Internacional do Motociclista em agosto de 2013 com o Troféu “Marco da Paz” por sua atuação no trabalho de ação social e pela construção da cultura de paz no mundo. andregarcia@motosafe.com.br
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