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Os custos dos congestionamentos de trânsito

por Paulo Tiago Cardoso Campos e Rúbia Bonetto*

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As modernas cidades são organismos de grande eficiência para as trocas, ambientes propícios para a inovação e criatividade, e geradoras de externalidades positivas em muitos sentidos. Por outro lado, também se tornaram espaço de alguns problemas, como a proliferação de crimes e de problemas ambientais, estes relacionados especialmente à expansão urbanizadora. O problema que nos ocupa aqui é o dos congestionamentos de trânsito. Esse problema surge como consequência natural da percepção do espaço urbano: com poucos ocupando as ruas das cidades com seus carros, a mobilidade é normal; com muitos ao mesmo tempo saindo às ruas de automóvel, a mobilidade é prejudicada. Assim, com muitas pessoas usando as ruas, estas se congestionam. Os congestionamentos de trânsito geram custos totais enormes, representados pelos custos contábeis, como o consumo extra de combustível motivado pela marcha lenta, e o desgaste mecânico dos automóveis (uso excessivo de embreagem, aquecimento dos motores). Mais expressivos ainda que os custos contábeis são os custos econômicos, ou seja, os custos (ou perdas) em termos de uso ineficiente do tempo por se estar preso ou embaraçado nos congestionamentos, o qual poderia ser usado em alguma atividade produtiva.
Estudos como o realizado por Marcos Cintra (FGV/SP) mostram que em uma cidade grande como São Paulo, com dados referentes a 2008, os custos econômicos anuais gerados pelos congestionamentos são da ordem de R$ 27 bilhões, enquanto os custos contábeis chegam a R$ 6,5 bilhões, perfazendo R$ 33,5 bilhões anuais (o PIB de São Paulo estimado por Cintra para 2008 é de R$ 336,9 bilhões). Os dados e resultados da análise de Cintra indicam que os congestionamentos não são um pequeno problema, e que seu custo social é enorme, especialmente quando o aspecto a considerar é o seu custo econômico. Londres instaurou o pedágio, como desincentivo para o uso das ruas do centro da cidade. Nas cidades brasileiras, isso precisa ser levado em conta por gestores públicos e pela sociedade. Vias expressas, melhoria na qualidade do transporte coletivo, pedágio urbano e elevação de alíquotas de IPVA são possibilidades para a redução do problema, cada uma delas com seus prós e contras. A mais correta delas apenas uma ampla e democrática discussão pode indicar.

*Paulo Tiago Cardoso Campos e Rúbia Bonetto
Professor e estudante de Ciências Contábeis na UCS

Originalmente publicado no Jornal do Comércio em 03/01/2011.

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