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O trânsito mais assassino do mundo

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    Em 2004, escrevi um artigo no JB, intitulado “Estradas Assassinas“, que tratava justamente do alto número de acidentes nas rodovias brasileiras. Eu disse, há seis anos, que, quando um avião comercial, Boeing ou Airbus, sofre um acidente, são mortas dezenas de pessoas ao mesmo tempo e todos os jornais colocam a notícia em manchetes, sensibilizando e chocando a todos. Por outro lado, quando ônibus, caminhões e automóveis são envolvidos diariamente em acidentes em nossas rodovias e no trânsito das grandes cidades, os jornais noticiam alguns deles e as pessoas consideram tais acidentes como fatos corriqueiros.
    Estamos em 2010 e a situação piorou muito, pois os acidentes continuam e as rodovias, as vias urbanas, as sinalizações, as fiscalizações e as punições continuam as mesmas, ou ficaram também piores, pois o Brasil é campeão mundial em vítimas de trãnsito, conforme mostrou uma reportagem jornalística recente.
    No Brasil, de 1990 à 2008, ocorreram, em média, na aviação civil, “apenas“ 99 mortes por ano. Essa média está alta devido aos três acidentes ocorridos com aviões de grande porte, Focker 100 da TAM (99 mortes), em 1996, Boeing da GOL (154 mortes), em 2006 e Airbus da TAM (199 mortes), em 2007, que, juntos, mataram 452 pessoas.
    Em contraposição, de 2002 à 2008, morreram 247.722 pessoas no trânsito brasileiro, segundo fontes oficiais do governo. Esse número corresponde a cerca de 97 pessoas mortas por dia, em média, enquanto a aviação matou 111 pessoas, em média, no mesmo período, de 2002 à 2008. Em resumo, o trânsito vem matando cerca de 4 pessoas por hora, ou uma morte a cada 15 minutos. Isso corresponde à queda de um Boeing ou Airbus a cada 2 dias.
    Esses acidentes podem ser atribuídos a quatro razões fundamentais: estradas mal conservadas, sinalização deficiente, falta de policiamento e gerenciamento de tráfego ineficaz. A malha rodoviária brasileira é um exemplo de desleixo com o dinheiro do contribuinte e de malversação do patrimônio público, principalmente por parte da classe política.
    O trânsito brasileiro, segundo uma recente matéria de um jornal carioca, em média, vem matando o mesmo que a Guerra do Iraque e 80% mais que o terrorismo mundial. Esse trânsito assassino supera em 10 vezes as mortes ocorridas na gerra civil de Angola.
    Os números acima deveriam sensibilizar a todos os brasileiros, principalmente àqueles que têm o poder de mudar esta situação. Diante da magnitude do problema, as ações deveriam ser iniciadas imediatamente, independentemente de correntes político-partidárias, pois estamos falando de um gravíssimo caso de saúde pública e de seres humanos que correm risco de morte, todos os dias.

Marcus Quintella


Originalmente publicado no jonral JB Online, em 07/01/2010.

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