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O homem e seus comportamentos no trânsito

por Geosmar Gonçalves*

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Devido a sua complexidade, o homem constantemente assume comportamentos inusitados no trânsito. Tais comportamentos, que diferem de outros adotados em certas ocasiões sociais, ficam por conta de uma gama de fatores, difíceis de serem entendidos e explicados. Entretanto, com base em dados estatísticos, opiniões de especialistas e observações pessoais, destaco 02 (dois) fatores relevantes – o estresse e a falsa sensação de poder.
O primeiro fator, definido como estresse, é o grande vilão dos deslocamentos nas vias públicas abertas a livre circulação. Os comportamentos agressivos ocasionados por ele são oriundos da jornada diária de trabalho, principalmente nos grandes centros, onde o cidadão sai de casa antes do amanhecer e retorna depois do anoitecer. Sem contar o efeito inverso, onde problemas de ordem familiar interferem na conduta humana no trânsito. Poderia citar ainda, o desejo de chegar rapidamente ao destino, grandes congestionamentos, etc. Assim, a harmonia entre o homem, veículo e demais componentes do “sistema trânsito” chega ao fim. Basta estar na traseira de um veículo de aprendizagem ou de propulsão animal, para logo soltar jargões um tanto quanto antissociais, como se a culpa do estresse fosse apenas o veículo da frente.
Quanto à falsa sensação de poder, seria cômico, se não fosse trágico. Esse mesmo homem, possuidor de uma fragilíssima massa corpórea e uma mente enganosa, chega ao ponto de pensar deter um poder que transcende ao senso comum. E começa desde cedo. Basta adquirir a tão sonhada 100 cilindradas, pra logo trocar o escapamento e o espelho retrovisor, a fim de exibi-la para alguém sentado na mesa de um barzinho. Alguns anos mais tarde, o grande carro em poder de uma minoria de frustrados é do tamanho de suas incapacidades de serem alguém.
Para esse último, burlar as leis é o grande objetivo. Joga o poder público no lixo, desobedece ordem legais das autoridades e desrespeita o próximo que está logo ali ao lado. Adota atitudes não condizentes com tudo aquilo que aprendeu lá no tempo de infância. Quando pego em flagrante ato de descumprimento ao Código de Trânsito Brasileiro, solta algumas “pérolas” aos agentes de fiscalização, tais como: “Eu sei que estacionei errado, mas é rapidinho, só vou ali pegar uma coisa”, ou ainda: “Por favor, use o bom senso comigo”, sem falar na frase: “Você sabe com quem você está falando? Vou ligar agora pro Fulano de Tal”, ou a mais descabida de todas as desculpas, que reflete sua momentânea debilidade: “Ao invés de me abordar, por que o senhor não vai prender bandido? Eu pago todos os meus impostos” (como se isso desse o direito de cometer ilícitos).
Analisando tudo isso, não sei se fico com a frase de Shakespeare: “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia” ou de um grande amigo de infância que dizia: “Tem gente que não se toca”.

*Geosmar Aparecido Gonçalves
Soldado Policial Militar/7º BPM, Professor e Pós-Graduando em Planejamento e Gestão de Trânsito.

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