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Mobilidade no trânsito: “o modelo que temos hoje está fadado ao fracasso”, diz especialista.

A chave para a melhoria da mobilidade urbana está na combinação de soluções associadas à mudança cultural.

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A rotina de grande parte da população de grandes centros, constituída por motoristas, passageiros e pedestres, inclui o desafio de enfrentar o trânsito diariamente. O problema é que a mobilidade urbana tem sido dificultada por conta de alguns fatores, entre os quais o grande volume de veículos, o desrespeito às leis de trânsito e a estrutura insuficiente em vias, calçadas e no transporte público.

A especialista em Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana pela PUC-PR, Maria Amélia Marques Franco, fala a Perkons sobre o tema e esclarece dúvidas importantes sobre mobilidade.

Perkons – Quais são as soluções, como meios de transporte alternativos e viabilização do fluxo de veículos, para melhorar a mobilidade no trânsito das cidades brasileiras?
Maria Amélia Franco – A solução está na combinação incentivo ao transporte público integrado – com melhorias na qualidade do serviço, infraestrutura e segurança para o crescimento de outras modalidades como a bicicleta e a caminhada e a restrição ao uso do transporte individual. Ou seja, o uso racional e democrático das vias pelos diversos modais: a pé, bicicleta, motocicleta, automóvel, trem, metrô, ônibus etc. Não conseguiremos avançar muito mais no modelo que temos hoje: incentivo do transporte individual, à velocidade e à falta de cidadania. Isso é, de fato, um conceito fadado ao fracasso. E os sinais já estão presentes no nosso dia a dia: são congestionamentos a qualquer hora, milhares de mortos e feridos por conta de acidentes, além da perda de tempo, que acarreta em doenças da pós-modernidade, como estresse, e o agravamento de outras condições.

PK – Que soluções tecnológicas deverão ser colocadas em prática para melhorar a mobilidade no trânsito até a Copa de 2014?
MAF – Há tecnologias que contribuem para a eficácia das medidas de restrição ao uso do automóvel e que favorecem o transporte público de passageiros, que atende a maioria da população. A adoção de faixa ou vias exclusivas para o transporte público, o rodízio de placas de veículos, de o pedágio urbano, estacionamento rotativo, inspeção técnica veicular, em associação a medidas de fiscalização, são alguns instrumentos disponíveis e exequíveis.  Para a melhoria da operação do tráfego, câmeras de monitoramento e painéis de mensagem com informações aos usuários são tecnologias que permitem agilizar o atendimento em caso de acidentes e orientar o fluxo do trânsito. Inclusive, essas medidas restritivas, que oneram o transporte individual, precisam ser revertidas no coletivo.
Entretanto, não bastam ações voltadas à limitação do transporte individual, mas medidas que tornem o uso dos demais meios de locomoção viáveis. Que metrô, BRT – Bus Rapid Transit e transporte sobre trilhos são essenciais não há dúvidas e já existem investimentos do PAC para este fim. Esses investimentos devem focar novos sistemas de transporte e melhoria dos já existentes, ou seja, garantir regularidade, rapidez, segurança, conforto, informação de linhas e horários, tarifas acessíveis.
Outras ações também são importantes. Um exemplo é a adequação das calçadas ao deslocamento seguro e confortável dos pedestres, livre de obstáculos, iluminado, com pavimento plano e antiderrapante, a adoção de sistemas semafóricos que priorizem o pedestre e dispositivos de controle da velocidade de veículos, que garantam segurança ao transeunte. Programas para a mobilidade e acessibilidade devem ser agentes de inclusão social e eliminar as barreiras que, em particular, os idosos e portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida enfrentam diariamente nas cidades brasileiras.

PK – Como as mídias sociais poderão ajudar ou já ajudam a facilitar a mobilidade?
MAF As mídias sociais favorecem a disseminação de informações do tráfego, como situações de congestionamentos, acidentes, mudanças no sentido de ruas e sugestões de rotas alternativas; promovem uma rede de contatos para o estímulo da carona solidaria e o compartilhamento do conhecimento de dicas de direção defensiva, cuidados com os veículos entre outros.
Por outro lado, o mau uso das mídias sociais agrava o problema da violência no trânsito. Avisar sobre blitz, por exemplo, é um ato contra a coletividade e atende ao interesse dos infratores. Essa atitude é um boicote a ação policial e mostra solidariedade com práticas criminosas como beber e dirigir. Você avisaria sobre operação da polícia contra os traficantes em uma favela no Rio de Janeiro?

PK – Em que lugares a implantação de tecnologias da mobilidade deram certo?
MAF-
Vamos pensar a mobilidade como o deslocamento com segurança de motoristas e pedestres e não somente pela ótica da fluidez veicular. Várias capitais brasileiras têm bons exemplos e já lançam mão de dispositivos de fiscalização em paralelo com campanhas de educação no trânsito. Pelas informações que recebemos Belo Horizonte, São Paulo, Campo Grande já conseguiram promover a cultura de motoristas mais conscientes, embora ainda estejam longe do ideal. Além disso, o Rio de janeiro já integra informações com os diferentes órgãos que participam do trânsito (polícia, secretaria de obras, urbanismo e etc) por meio de câmeras e um sistema que alimenta os dados. A Central de Operações do Rio integra ao monitoramento todos os serviços de utilidade pública (bombeiros, luz, água, segurança pública e engenheiros de trânsito). Essa prática facilita o trabalho de operação nas vias, tempo de semáforo, orientações de desvios e, desse modo, melhora a mobilidade. O usuário, ainda, se beneficia recebendo informações por meio de redes sociais e painéis de mensagens.

 

* Maria Amélia Marques Franco é especialista em Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana pela PUC-PR e Gerente de MKT & Comunicação Corporativa da Perkons S.A.,empresa especializada em segurança e gestão de tráfego.

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