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Falta de atenção também mata

Anúncio da Volkswagen fala da distração ao volante num novo nível: maquiagem e condução. Acompanhe a opinião dos especialistas

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Atenção no trânsito é obrigação do motorista. Dirigir utilizando as duas mãos, exceto nos momentos de troca de marcha, necessidade de sinalização com as mãos etc., também. Mesmo assim, uma estatística inglesa dá conta de que mais de 500 mil acidentes acontecem por ano na Inglaterra por falta de atenção de motoristas mulheres, que desviaram o foco da condução para se maquiar.

Para conscientizar a população, a montadora Volkswagen criou uma campanha online, viral, por meio do canal de vídeos Youtube. O vídeo com pouco mais de 1 minuto traz um tutorial de maquiagem, bastante comum na internet. Em determinado momento, o espectador é surpreendido por imagens que simulam o impacto de um carro num acidente. O trabalho da agência DDB Tribal ganhou o aclamado prêmio Leão de Ouro (Festival de Cannes).

Assista ao vídeo:

 

Para o diretor do curso de publicidade e propaganda da ESPM Sul, Alessandro Souza, o sucesso do material se dá pela sua objetividade. “É uma peça muito criativa justamente por trabalhar com o cotidiano. É uma produção simples e que leva o espectador a um desfecho surpreendente. De maneira simples, a peça apresenta tudo o que tem que ser dito. É importante que a campanha cumpra com a sua intenção. Uma vida não tem preço, então, é melhor pecar com uma contundência do que não atingir o objetivo de apresentar uma situação que, infelizmente, é realidade”, avalia.


O professor Alessandro Souza considera
boas as campanhas brasileiras, mas
entende que podem ter mais contundência.

Sobre as campanhas pela segurança no trânsito brasileiro, o professor acredita que fatores como cultura e perfil do público influenciam no trabalho divulgado. “As nossas campanhas são boas, qualificadas, mas não vejo essa contundência. Não digo que estamos errados, apenas temos uma cultura diferente. Nossas campanhas seguem linhas a que estamos mais acostumados. Talvez seja o caso de, aos poucos, migrarmos para esse modelo: pintar o quadro com maior contundência”, diz.

Além disso, o trabalho de conscientização por um trânsito mais seguro pode ser mais eficaz quando se fala ao público certo. A especialista em trânsito da Perkons, Maria Amélia Franco, que também é publicitária, avalia que o alerta a práticas de condutas corretas previstas no Código do Trânsito Brasileiro (CTB) – como não associar bebida e direção -, tem mais eficácia quando o público a ser atingido é delineado e a campanha, segmentada. “Criar somente anúncios em termos gerais têm pouca eficácia. Na tentativa de abraçar a população inteira, esse tipo de trabalho acaba ficando com os objetivos no meio do caminho. O ideal é realizar pesquisas e levantamentos para traçar o perfil do público que precisa ser atingido e, assim, desenvolver um plano de ação específico e peças publicitárias direcionadas. Dessa forma, campanhas têm maior assertividade”, pontua.

Entrevista com Fábio Cristo – psicólogo especializado em trânsito
A pedido da Perkons, o psicólogo especialista em trânsito Fábio Cristo também analisou o material criado para a Volkswagen. O autor do Blog Psicologia e Trânsito e doutorando da Universidade de Brasília trouxe à luz questões como o que diz o CTB, perfil do motorista brasileiro e outros pontos. Acompanhe:

Perkons – Há campanhas semelhantes a essa aqui no Brasil?
F.C –
Desconheço, no Brasil, qualquer campanha relacionada aos perigos potenciais das mulheres se maquiarem enquanto dirigem. Mas, no que se relaciona à ideia geral da campanha, acredito que existem mídias semelhantes, porém, relacionadas a outros temas, como o uso do cinto de segurança e o ato de beber e dirigir.

Perkons – Os motoristas dão a devida atenção às recomendações de manter o cuidado no trânsito?
F.C –
Existem muitos motoristas cuidadosos e responsáveis. Todavia, motoristas assim não são unanimidade. Todos nós, em algum momento, também podemos ficar desatentos por uma série de razões, como, por exemplo, a sobrecarga de informação enquanto dirigimos. Algumas situações exigem demais dessas capacidades aumentando a probabilidade de erros acontecerem. É o caso, por exemplo, de se maquiar e dirigir, de falar ao celular, de responder uma mensagem no telefone enquanto dirige etc. Em termos psicológicos, a falta de atenção aos estímulos importantes, devido a presença de estímulos que distraem o condutor, poderá produzir, por sua vez, falha no processamento das informações relevantes e impossibilitar o comportamento adequado. Em suma, o ato de dirigir exige de nossas capacidades cognitivas que se sobrecarregarão quando inserimos uma nova atividade. Devemos zelar, portanto, para que esta sobrecarga não aconteça.

Perkons – Qual o perfil do motorista brasileiro com relação ao tema?
F.C. –
Desconheço qualquer estatística no Brasil sobre o tema, mas seria um bom objeto de pesquisa, a fim de identificarmos se o fenômeno acontece aqui também, e qual seria o impacto na produção de acidentes, de erros na direção ou de violações a outras leis de trânsito. Cabe lembrar que o Código Brasileiro de Trânsito estabelece a importância da atenção e de usar as duas mãos no volante para um comportamento seguro, sugerindo que se maquiar enquanto dirige, além de errado, é passível de punição:

“Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.”

Além disso, estabelece penalidades nos seguintes casos:
“Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança:
Infração – leve; Penalidade – multa.”

“Art. 252. Dirigir o veículo: V – com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo; Infração – média; Penalidade – multa.”

O site Comunicadores – especializado em mídia e marketing – repercutiu o prêmio conquistado e fez uma análise interessante das razões do sucesso da peça. Acompanhe.

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