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Equilíbrio e desorientação espacial na direção veicular

Por Dirceu Rodrigues Alves Jr*

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É complexa a manutenção do equilíbrio e do controle na desorientação espacial. Vários órgãos e sistemas são solicitados. Os principais sensores estão no labirinto, olhos, pele, músculos e articulações.

O labirinto informa movimentos da cabeça e do corpo. Olhos mostram posição do corpo no espaço. Pele mostra contato com superfície. Músculos e articulações informam movimentos. O cérebro recebe, cruza e responde às informações.

O sistema labiríntico é a central de informações que são repassadas ao sistema nervoso central. As informações recebidas têm que ser coerentes; qualquer informação desajustada vai gerar tontura e enjoo.

A coerência entre o que vemos e o que sentimos, percebidos através do labirinto e de outros órgãos dos sentidos, permite que possamos ficar de pé, em total equilíbrio. Quem sofre de labirintite tem dificuldades em manter esse equilíbrio.

A desorientação espacial é a discordância entre o que vemos e o que sentimos. Os agentes causais do desequilíbrio são múltiplos.

No ouvido interno temos canais semicirculares que contém um líquido chamado linfa. Esses canais são parte do aparelho vestibular. São três canais colocados em plano horizontal, oblíquo e vertical. São esses canais contendo a linfa os responsáveis por parte de nosso equilíbrio e desorientação espacial. O turbilhonamento da linfa é capaz de levar o indivíduo a um quadro vertiginoso e de total desorientação.

Isso pode ser provocado através da cadeira de Barany, onde o indivíduo é sentado e passamos a girar a cadeira, aumentando a velocidade. Repentinamente interrompemos o movimento. A pessoa sentada tem uma sensação horrível; seu corpo tomba para um lado, faz movimentos musculares descoordenados, parece ter uma convulsão e não consegue situar-se no ambiente. Na realidade provocou-se um turbilhonamento da linfa, que foi a causa dos sinais e sintomas descritos, incluindo náuseas, vômitos e vertigem.

Isso acontece por demais com o piloto de aeronave quando em acrobacias. Bem treinado, esse profissional percebe menos o quadro ou nada percebe.

O motorista e motociclista, apesar de não ter os mesmos movimentos bruscos do piloto acrobata, pode ter turbilhonamento da linfa quando numa aceleração ou desaceleração brusca, num acidente com rodopio ou derrapagem na pista, capotagem, balanço ou trepidação do veículo, entre outros. Nesse caso, momentaneamente terá a visão, audição, concentração, percepção, raciocínio, vigília, atenção e respostas motoras comprometidas, o que o impedirá de ter atitudes defensivas.

Havendo uma doença primária, o que é comum nos idosos, o quadro surgirá até mais intenso. Com grande facilidade, gestantes e crianças terão manifestações de maior porte. Uma colisão pode ser causa de uma desorientação espacial e vice-versa.

Os idosos com insuficiência arteriovenosa terão o cérebro e o labirinto menos irrigados, o que pode desencadear o quadro. Nesses casos, o movimento brusco da cabeça (girar a cabeça ou fazer movimentos rápidos para os lados) pode ser o desencadeador. Caso exista doença primária, vale a pena mantê-la em equilíbrio. As alterações apresentadas são detectadas por exame otorrinolaringológico e otoneurológico. Mais raramente, as tonteiras e sensação de desequilíbrio podem ser de origem visual, neurológica ou psíquica.

A noite é outra condição que leva a desorientação espacial, já que não conseguimos dimensionar espaços, distâncias, velocidades. Tudo se torna mais difícil, como uma ultrapassagem, manter distância de outro veículo, delimitar o trajeto a ser percorrido etc. As reações oculares tornam-se mais lentas e tudo evolui para maior comprometimento da desorientação.

Diante de tantas situações de risco e acidentalidade no trânsito urbano e rodoviário, com milhares de óbitos e vítimas com sequelas, e sinais e sintomas que podem surgir subitamente, torna-se necessárias a observação e orientação.

Conselhos que ajudam a evitar que ocorra a desorientação espacial. Precisamos estar atentos e buscar orientação médica.

NÃO DIRIGIR:
– sem um horizonte natural definido;
– cuidado em curvas com aclive e declives;
– com condições de visibilidade reduzida, o que inclui a atividade noturna;
– não dirigir sob névoa, neblina, nuvens que cubram mais da metade do campo visual com a superfície;
– Cuidado com o efeito espelhismo. Espelhismo ou miragem é um fenômeno óptico muito comum em dias ensolarados, especialmente sobre rodovias, em paisagens desérticas ou em alto-mar.

*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr é Diretor da ABRAMET
www.abramet.org.br
dirceurodrigues@abramet.org.br
dirceu.rodrigues5@terra.com.br
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