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Dirigibilidade simulada: 5h/aula a mais na expectativa de formar melhores motoristas

Resolução do Contran determina que novos alunos das autoescolas tenham aulas em simuladores de direção

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Em 31 de outubro de 2012, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) tornou obrigatório o uso do simulador de direção nas aulas teóricas dos Centros de Formação de Condutores (CFCs) brasileiros para a categoria B, por meio da resolução nº 421, que deu o prazo até 30 de junho de 2013 para as autoescolas se adaptarem. As aulas terão duração de 30 minutos cada, o que acarretará em cinco horas a mais de aprendizado. Essa decisão teve base no “Estudo do Uso de Simuladores e Recursos de Realidade Virtual pra Formação de Condutores em Auto Escola”, realizado entre 2008 e 2010 pela Fundação Certi, em cooperação técnica com a Universidade Federal de Santa Catarina, após um investimento de R$ 650 mil. Os simuladores deverão colaborar na aprendizagem de conceitos básicos como a verificação das condições dos equipamentos obrigatórios e da manutenção de um veículo, a acomodação e regulagem do equipamento ao aluno, a localização e conhecimento dos comandos de um veículo e como ligar o motor. Além disso, os alunos poderão colocar em prática conteúdos que ele terá acabado de aprender na teoria, tais como: conceitos básicos sobre condução, normas de circulação, condução segura e como lidar com situações de risco.

Crédito: Divulgação/Fundação Certi

Imagens mostram protótipos, antes ainda da criação das bases técnicas para o simulador de direção de veículos de passeio.

A coordenadora-Geral de Qualificação do Fator Humano no Trânsito do Denatran, Maria Cristina Hoffmann, afirma que foram entregues ao órgão sete relatórios contemplando a construção e teste de três protótipos de simuladores com custos e níveis de sofisticação diferentes, englobando as funcionalidades disponíveis nos simuladores de mesa e compactos no mercado mundial. Também foi feita uma proposta das especificações mínimas necessárias e indispensáveis para um simulador de direção. Os três protótipos foram testados em um Centro de Formação de Condutores (CFC) em Florianópolis, durante dois meses e meio. Esse estudo teve como objetivo a busca de um modelo mais adequado para a realidade brasileira, levando em conta o custo-benefício. “Como objetivos secundários, pode-se citar a compreensão das condições que tornam possíveis a aprendizagem positiva de habilidades em simulação transferíveis para as situações reais de direção, a incidência e frequência de efeitos psicofisiológicos de uso de simuladores em alunos e instrutores, e a delimitação de diretrizes para o uso educativo dos simuladores em CFCs”, complementa a coordenadora.

Por meio da pesquisa, foram definidas as bases técnicas de um desenho de referência para os simuladores de veículos de passeio com quatro rodas. Resultado de tudo isso, o simulador foi apresentado no 27º Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro deste ano, com as presenças da presidente da República, Dilma Rousseff, do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do ex-piloto de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi.

Crédito: Rodrigo Nunes/MinCidades

Emerson Fittipaldi testa um dos protótipos do simulador apresentado no Salão do Automóvel.

Em 2011, o Denatran publicou a portaria nº 808, que discriminou como deveriam ser os itens que fariam parte do simulador, desde a estrutura da cabine até a base de dados em 3D. Segundo Luiz Otávio Bernardes, diretor técnico-comercial de uma desenvolvedora de simuladores, é possível incluir nos softwares muitas outras sensações que podem levar o condutor a se sentir realmente no trânsito. “De acordo com o que é pedido pelo Denatran, o condutor poderá vivenciar situações como de um trânsito leve ou pesado, com chuva fina ou tempestades. Um carro ao lado pode até te fechar, pois o nível de dificuldade poderá ser escolhido pelo instrutor. Mas ainda podemos fazer muito mais, como simular situações raras como um tombamento de um veículo ou colocar a sensação do carro freando ou tremendo”. Nesta empresa, o valor do simulador com software completo, cabine, painel e dois dias de treinamento para os instrutores custa R$ 34 mil.

A sala destinada ao simulador de direção, que pode contar com mais de um aparelho, deverá possuir meios de apoio ao instrutor, tais como assentos, mesa e monitor para acompanhamento e supervisão. Deverá ainda ter uma webcam instalada de forma a proporcionar uma visão panorâmica da sala de aula. Essa webcam deverá transmitir as imagens geradas on-line, para que os Detrans realizem a fiscalização das aulas ministradas nos simuladores de direção pelos CFCs, em tempo real, de tal forma que as aulas em simulador de direção só poderão ser iniciadas mediante a prévia e devida transmissão das imagens. Neste ano, o Denatran já editou a portaria nº 513, que dá conta sobre a devida homologação dos aparelhos.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério das Cidades, está em andamento um estudo sobre simuladores de motocicletas, que deverá ficar pronto até o final de 2013. Faz parte dos planos do Denatran realizar posteriormente estudos para utilizar o mesmo tipo de tecnologia para os caminhoneiros, tecnologias – aliás – que já existem no mercado internacional.

Impacto financeiro

Para o presidente da Federação Nacional das Autoescolas e CFCs, Magnelson Carlos de Souza, no que diz respeito aos futuros condutores, o impacto no preço do curso de formação não será decorrente do novo equipamento em si, mas sim do acréscimo do número de aulas necessário. “O curso será acrescido de mais 5 horas/aula, portanto, o processo sofrerá um aumento de valor em função deste acréscimo de aulas, cujo percentual ainda não temos como aferir.”

Por outro lado, Luiz Otávio Bernardes acredita que haja um desgaste menor dos veículos utilizados nas aulas práticas na rua, bem como diminuição de possíveis acidentes envolvendo alunos, já que eles sairiam mais bem preparados das aulas com simuladores. Assim, gastos do tipo ficam reduzidos, podendo resultar na diminuição do preço por aula nos CFCs que buscam maior competitividade.

Crédito: André Marques/Efeito Conteúdo

Para Luiz Otávio Bernardes, o principal benefício é a formação de motoristas mais bem preparados e a consequente redução de acidentes.

Magnelson explica que a forma de comercialização, que poderá ser por meio de venda, locação ou comodato, ainda não foi definida pelos órgãos competentes, mas ressalta que o CFC poderá compartilhar o uso do simulador com outras escolas, desde que obedecidas as exigências mínimas previstas na resolução n° 421 do Contran.

 

Vantagens do simulador

De acordo com uma pesquisa realizada pelo National Center for Injury Control and Prevention (instituto de pesquisa do governo americano), o uso do simulador pode reduzir até pela metade o número de acidentes nos 24 primeiros meses de habilitação. A coordenadora-Geral de Qualificação do Fator Humano no Trânsito do Denatran, Maria Cristina Hoffman, enumerou outras vantagens que o simulador pode oferecer aos novos condutores, destacando que eles não substituem as aulas práticas que já são realizadas nos CFCs:
• Formação em ambiente seguro, sem estresse, o que melhora a aprendizagem;
• Ganho de autoconfiança do candidato antes das situações reais na rua;
• Criação de diferentes e diversas situações de tráfego – o que aumenta a eficácia da formação do condutor. Isto leva o aluno a aprender a lidar com situações de perigo que nem sempre ocorrem nas vias;
• O ambiente de condução é totalmente controlado, o que facilita o instrutor a focar no objetivo de ensino;
• Possibilidade de ter nível de qualidade homogêneo de treinamento, metodologia e avaliação para os alunos em todo o território nacional;
• É apropriado para o candidato que tem medo de dirigir ou traumas prévios;
• A formação pode ser oferecida por um preço mais acessível, o que resulta em vantagem competitiva;
• A redução do custo de aquisição, operação e manutenção do equipamento se comparado ao custo relacionado a um veículo real;
• É ecologicamente correto: meia hora no simulador resulta uma emissão de CO2, sete vezes menor que 30 minutos num carro normal.

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