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A real premonição da tragédia dos acidentes automobilísticos nos feriadões

por Milton Corrêa da Costa*

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Na próxima segunda-feira, 10 de setembro, será divulgada a estatística (macabra) do número de mortos e feridos, neste feriadão de 07 de setembro. Preciosas vidas terão sido perdidas e graves lesões adquiridas, em razão de acidentes que ocorrerão em rodovias e vias urbanas, fruto da imprudência e da irresponsabilidade ao volante. Uma real e inevitável premonição que não haverá como evitar. Boa parte de nossos motoristas, infelizmente, têm o perfil de imprudência, hiperagressividade, deseducação e comportamento estressado no trânsito e não há disciplina consciente ao volante de um carro. Nem amam a vida própria, nem a dos demais usuários das vias públicas.
Os dados do seguro DPVAT, sobre indenizações pagas no primeiro semestre deste ano, por óbitos, lesões e incapacidades definitivas é suficiente para comprovar a barbárie e a carnificina no trânsito brasileiro. Um quadro de guerra sem fim. Foram 216 mil indenizações pagas, contra 165 mil no mesmo período do ano de 2011. Os dirigentes do seguro obrigatório DPVAT observaram que o crescimento dos acidentes envolvendo motocicletas – a frota de motos cresceu enormemente na última década- é a principal causa do impressionante aumento de cerca de 75% no pagamento das indenizações.
Se observarmos, num período recente, o relato de graves acidentes com inestimáveis perdas humanas dá para comprovar o tamanho da imprudência e da violência sem fim. No domingo (02/09), na rodovia RJ 116 (Itaboraí, Friburgo), um pega, entre dois motoristas sem carteira de habilitação, pode ter causado a morte de cinco pessoas, quatro delas da mesma família. O fato está sob apuração. A mãe de um dos mortos revelou que o filho disputava um racha naquela estrada. Pai, mãe e duas crianças de 5 anos e de 3 meses morreram depois que o carro em que se encontravam bateu de frente com um dos veículos que estariam disputando o racha. Tragédia perfeitamente evitável. Toda uma família extinta pela irresponsabilidade de terceiros. Quádruplo homicídio doloso. Cena própria de um filme de terror.
Num outro acidente fatal a imprudência e o desafio ao perigo também foram as causas. Uma jovem de 18 anos morreu na madrugada de segunda-feira (27/08) depois de capotar o carro em que conduzia na Av. Adhemar de Barros, em frente à Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro de Ondina, em Salvador. O acidente aconteceu por volta das 3h. Milla Laís Galvão, 18 anos, era estudante do 3º semestre de Arquitetura da Faculdade Ruy Barbosa. Segundo testemunhas, a jovem estava no carro que subiu no canteiro e capotou em frente ao prédio da prefeitura da UFBA, em Ondina. A jovem foi projetada para fora do veículo e morreu na hora. Familiares contaram que Milla estava sem o cinto de segurança e não tinha carteira de habilitação.
Se associarmos as tragédias dos acidentes de trânsito a uma recente pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em que concluiu que o Brasil é o 2º maior consumidor de cocaína e seus derivados no mundo, onde mais de 6 milhões de brasileiros já usaram cocaína, crack, óxi ou merla e que o país responde hoje por 20% do mercado mundial da cocaína e que só no último ano, 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes consumiram a droga sob alguma forma, chegamos a conclusão que é cada vez mais real e inevitável a permanência de um quadro assustador de violência no trânsito onde muitos usuários de drogas – sem falar na mistura álcool/energéticos – também assumem a direção de um veículo após o consumo. Criminosos em potencial à solta, onde o uso de drogas ao volante ainda não é alvo de fiscalização em vias de trânsito. Os pesquisadores dizem, ainda, que é difícil chegar a um número aproximado de usuários de drogas, e que ele deve ser bem maior. Imaginem se a permissiva proposta de legalização de drogas for realmente aprovada no Brasil?
Pelo sim, pelo não, o fato é que há um perigo real em rodovias e vias urbanas onde a vida de qualquer de um nós, cumpridores ou não das normas de trânsito está sob risco iminente. Até quando a imprudência, a irresponsabilidade, a deseducação e o estresse farão parte do perfil de boa parte de nossos motoristas? É o que se deseja saber. Por ora aguardemos, após o feriadão deste 07 de setembro, nesta segunda-feira, a divulgação das estatísticas macabras dos acidentes. Quem sobreviver verá o tamanho da imprudência e da desgraça.

 

*Milton Corrêa da Costa
Tenente coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

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