Com o título Missão quase impossível: achar um táxi, o jornal O Globo analisou o serviço de táxis, na nossa cidade. As dificuldades apontadas para obtê-lo nos dias chuvosos é internacional. O fenômeno é lógico: diminui a oferta, por diversas razões, e aumenta a procura. Quanto à rejeição de passageiros em virtude dos roteiros, em determinados horários, deve-se às dificuldades, para todos, da mobilidade urbana, ou de segurança. Quanto ao percentual passageiros/táxis, é também acima do desejável. Então, o que está errado?
Embora suspeito para analisar a questão, cumpro um dever de gratidão — uma vez que fui diretor do Detran após ser aprovado por seu sindicato em sabatina — para com aqueles que sempre cooperaram comigo na medida em que me informavam respondendo em formulário próprio sobre o estado das vias quanto à sua sinalização, além de devolverem valiosos pertences abandonados pelos passageiros nos seus veículos. Atenderam, sem reclamar, à obrigatoriedade de recolher passageiros no lado esquerdo das artérias de mão única, evitando a competição com os ônibus e facilitando a fluidez. Além disso, não fazem greve há mais de meio século.
Sempre tive alguém de minha confiança para me servir, quando preciso. É só agendar com antecedência e estar cadastrado na central de atendimento. O que falta então? A sua regulamentação como serviço público que são. Sugeri a criação da primeira cooperativa, a Cotramo, que se estabeleceu no aeroporto. Após estágio na Alemanha, onde descobri que só havia táxi cooperativado, com chamada por telefone para sua central. Além de facilitar o serviço de atendimento, baixava o custo operacional com a padronização dos veículos. Consegui, junto às montadoras, condições facilitadas para que os taxistas, através de seu sindicato, comprassem os veículos dessejados. Não lhes cobrava nenhuma taxa para renovação de exame de vista. Sempre combati a exploração dos patrões que lhes alugavam seus carros, contra o pagamento de um aluguel mínimo diário e sem carteira assinada. Afinal, servia a um governo eleito pelo PSD, de JK, e pelo PTB, de Vargas…
Para que o serviço melhore e diminua o número de táxis “piratas”, é preciso que, a exemplo de Lisboa, existam pontos fixos para o seu embarque, nos centros comerciais a fim de organizar a disputa, nas horas de maior procura, organizando a prioridade por fila. Preciso que os veículos tenham, acima do letreiro “táxi”, o seu número identificador. Na Holanda é assim.
Sempre que possível, preciso é também priorizar o atendimento por chamada telefônica, através do qual o veículo chamado se identificaria por seu número de série, inexistindo a possibilidade do embarque avulso, a não ser quando parado no ponto ou em quaisquer locais de grande afluência. Na Holanda também é assim.
Faz-se necessário também um curso preparatório para conhecer a cidade. Neste ponto os cursos de Londres são os melhores do mundo — noções de relações públicas a fim saber lidar com o público. Já os de Paris são os piores. Preciso, enfim, estabelecer um colete numerado, bem visível, como complemento de sua roupa de trabalho, identificando o profissional. O atual cartão que figura no interior de um veículo nem sempre é visível, principalmente quando existe a negativa, após saber o destino, antes do embarque.
Se possível, tenhamos toda a frota estabelecida em cooperativas, como era feito em Haia, em 1958, onde uma dessas cooperativas era especializada em levar e trazer crianças para as escolas, com carros de cor diferenciada. Nas horas de maior procura (horários de pico), sob controle do sindicato ou da cooperativa, seja permitido o transporte tipo lotação, como se faz, ou fazia, em São Paulo. A existência de cooperativas é fundamental para a eficácia do serviço que, como disse, é público e não me consta que algum serviço deste tipo seja executado por autônomos. Quanto a alguns dos testemunhos citados na matéria, como queixas do serviço, teriam sua solução com medidas preventivas de seus usuários, como, por exemplo, tratar o translado de ir e vir, com a devida antecedência.
Quando trabalhamos em São Paulo, em 1973, criamos um serviço exemplar, com várias categorias de táxis, com tarifas diferentes e, dotando-os de um equipamento de controle, tipo tacógrafo a que, segundo me disse um taxista, só faltava controlar o tipo de bagagem que levavam. Enfim, como já escrevi: não é problema, é uma situação que poderá ser resolvida desde que exista verdadeiramente vontade política.
*Celso Franco
Oficial de Marinha reformado (comandante), foi diretor de Trânsito do antigo estado da Guanabara e presidente da CET-Rio
Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 06/08/12
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