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Transporte compartilhado: teoria ou prática?

Estudo mostra que a maioria dos entrevistados conhece os programas de carona solidária, mas não participa por desinteresse.

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A carona solidária (em inglês carpool ou carpooling) surgiu para que as pessoas compartilhassem veículos, e, assim, reduzissem despesas e colaborassem para a diminuição dos congestionamentos e da emissão de gases poluentes. Esse tipo de transporte compartilhado existe na França, Alemanha, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos. No Brasil, em 1998, o Governo do Estado de São Paulo já incentivava o transporte solidário. Hoje, há vários sites que estimulam a prática e organizam caronas para pequenos e longos percursos. No entanto, há desinteresse em compartilhar o automóvel com outras pessoas, de acordo com a dissertação de mestrado de Sandra Costa de Oliveira, pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Para a pesquisa, ela aplicou questionários a funcionários de uma instituição hospitalar e também fez entrevistas com profissionais da área da saúde e especialistas sobre a temática poluição do ar e saúde humana. A pesquisadora concedeu entrevista à Perkons, confira:


Sandra defende que a carona
solidária deveria fazer parte de uma política pública atrelada ao transporte coletivo.
Crédito:Arquivo Pessoal

Qual era o enfoque da sua pesquisa e a que resultados você chegou?

Na verdade, queria saber o que as pessoas conhecem sobre carona solidária e se elas participaram ou participariam de um programa desses. Dos 256 entrevistados, 158 conheciam o programa. No entanto, mesmo os que sabiam, verifiquei que eles nunca participaram de caronas solidárias.

Uma das suas conclusões é que as pessoas não compartilham caronas? Qual seria a explicação para isso?

Ao contrário do que eu pensava, além da questão da segurança, outros fatores estão entre os motivos de elas não aderirem à carona. A questão cultural de ter e sair com um carro novo, do ano, ainda é um valor para uma parcela da população. Também são motivos para não assumir o compromisso com a carona: não querer o outro no carro porque não se sabe como irá comportar-se e mudar o trajeto anteriormente estipulado.

Eles sabem dos benefícios em participar?

Sabem, todos os participantes da pesquisa demonstraram ter preocupação com a qualidade do meio ambiente, pensando nas futuras gerações. No entanto, nas questões práticas, como compartilhar o automóvel para participar da carona solidária, verificou-se certo desinteresse. E isso exige uma mudança de hábito que eu acredito que eles não estão dispostos a fazer por questões culturais e de valores. Alguns disseram nos questionários que aceitariam a carona de conhecidos, colegas de trabalho ou da escola. Isso já mostra que algumas pessoas procuram mudar suas atitudes em favor do meio ambiente e de sua saúde, mas querem fazer isso com segurança.

Existem caminhos ou soluções para que as pessoas adotem a carona solidária?

Sim, penso que a divulgação em massa e o interesse das empresas em implantar programas de carona irão contribuir muito para essa melhoria. Nosso site o www.eco-caroagem.com.br possui um programa corporativo para implantar a carona solidária nas empresas justamente para que os funcionários se sintam mais seguros.

E como a carona solidária melhoraria o transporte?

Penso que a carona solidária deveria fazer parte de uma política pública atrelada ao transporte coletivo. Ou seja, fazer conexões, por exemplo: para aqueles que moram longe das estações de metrô deveria haver estacionamentos. Chegando lá, deixariam seus veículos e seguiriam viagem no transporte público. Deveriam existir faixas exclusivas para os caronistas a fim de melhorar o trânsito, o que também gera economia no bolso daqueles que adotam a carona dividindo os gastos com os demais passageiros. As empresas poderiam dar benefícios para aqueles funcionários que aderissem à carona. Atualmente, tenho ministrado algumas palestras em empresas mostrando as vantagens da carona solidária.

Conheça o estudo

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