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Tecnologias embarcadas – inovação que pode ser utilizada para a segurança

O mercado automobilístico traz novidades em todos os formatos, mas nem todas colaboram com a segurança na mobilidade.

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Eles já indicam trajetos e condições das vias, estacionam sozinhos, ligam o limpador de para-brisa e faróis automaticamente e, agora, detectam até a sonolência do condutor. Os veículos têm saído das montadoras com cada vez mais tecnologias embarcadas, sejam para  a segurança ou o simples conforto dos motoristas e passageiros. “Os cenários não são novos, as tecnologias amadureceram a ponto de sua utilização ser possível, mas temos, como sempre, uma busca constante pelo equilíbrio da balança: de um lado pende a segurança e de outro, a mobilidade”, considera Ricardo Augusto Simões, analista de sistemas e gestor de produtos da Perkons, empresa especializada em gestão do tráfego.
Mesmo não sendo acessível a todos os públicos, afinal grande parte dessas tecnologias está disponível apenas em automóveis mais sofisticados e, portanto, mais caros, algumas mudanças já começam a ser percebidas neste mercado. Se o casamento da indústria automobilística com a informática garantiu, por um lado, carros com acesso à internet, ligação e envio de mensagem de texto por comando de voz (componentes não tão necessários), de outro, trouxe benefícios importantes para os condutores, como a inclusão de itens de segurança, entre os quais freios ABS, sensor antifadiga e air bag.
Entretanto, não se pode atribuir à indústria automobilística tupiniquim a paternidade de tais avanços. Não há uma única, ou principal, explicação para o fato de o mercado brasileiro reagir de forma lenta à inovação tecnológica em veículos, mas algumas hipóteses podem ajudar a entender o fenômeno, como explica Alexandre Rojas, especialista em transportes da UERJ. “Em primeiro lugar, boa parte dos consumidores não está disposta a pagar mais caro por algo que não considera importante. Além disso, os fabricantes não têm economia de escala para importar e incorporar nos veículos estas inovações, já que o Brasil não produz estes eletrônicos”, esclarece. Em última instância, aponta Rojas, “alguns poucos veículos topo de linha estão sendo importados com uma grande tecnologia embarcada, mas a um custo compatível com estes implementos”.
De acordo com Simões, a adoção dessas tecnologias deverá modificar gradativamente a experiência dos condutores no trânsito nos próximos anos, passando pela integração desses sistemas que hoje são embarcados. Para ele, “um GPS que recebe as condições do trânsito para orientar a rota mais livre para o condutor, ou mesmo o sistema antifadiga, que interfira no controle de velocidade, devem melhorar significativamente as condições de mobilidade”, pontua.
Em vez de detalhes que “enchem os olhos” dos motoristas, o urbanista Nazareno Stanislau Affonso, defende “tecnologias que contribuam para a redução da violência no trânsito, como um bloqueador de velocidade ao limite permitido nas estradas brasileiras. Ou ainda, um que bloqueia a velocidade no limite permitido da via, criado em Vitória [Espírito Santo], mas que não chegou a ser comercializado”, afirma.
Affonso, que é coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), acredita que as tecnologias embarcadas em automóveis não são empecilho aos projetos de mobilidade, que defendem o uso de meios de transporte mais sustentáveis. “Essas tecnologias não fazem o carro mais atraente do que já é. O que dará resultado na atratividade dos usuários de carros para utilizarem transportes públicos é a percepção de que pagam caro pelo estacionamento e ficam em congestionamentos, enquanto os ônibus trafegam em corredores exclusivos e levam, no mínimo, 30% de tempo menos para chegar ao destino”, destaca.
Nesse sentido, Rojas considera que “a tecnologia embarcada visa primordialmente a melhorar a segurança do veículo e o conforto dos passageiros. A escolha do modal transporte público é decorrente de vários aspectos, dentre os quais o custo (valor + conforto + tempo etc.) percebido pelo viajante”.

Do lado de fora
Em cenários onde toda essa tecnologia seja realidade, a fiscalização eletrônica também deve sofrer alterações e terá, invariavelmente, que se adequar ao sistema. Já em fase de implantação em alguns estados brasileiros, o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav) deverá monitorar veículos para obter informações sobre irregularidades como multas, impostos atrasados e alertas de roubo. Até junho de 2014, todo o Brasil deve ser coberto por antenas que farão a leitura de chips eletrônicos instalados nos mais de 70 milhões de veículos existentes no país.
“A meu ver, toda essa informação em tempo real, e com a infraestrutura adequada, deverá gerar uma fiscalização preventiva. Não iremos fiscalizar um evento ocorrido, mas um evento que está para acontecer, com o intuito de evitá-lo ou minimizar sua gravidade”, explica Simões.
Dentre os vários elementos que auxiliam a dirigibilidade, sensores que identificam obstáculos diante do veículo poderiam e deveriam ser incorporados aos veículos, de acordo com Rojas. Mais do que isso, “a possibilidade de comunicação entre veículo e infraestrutura de tráfego, que vem tendo crescimento na Europa, precisaria entrar na pauta de discussão do Brasil”, pondera.
No futuro, as mesmas antenas de rastreio permitirão que as centrais automáticas controlem os semáforos de acordo o volume de tráfego em cada sentido da via. Desse modo, os semáforos seriam controlados não mais por tempo, e sim por demanda.
“Claro que isso deve ocorrer apenas daqui a alguns anos, mas penso que podemos ver como um caminho natural. Imagino que, em um futuro não muito distante, tenhamos horários previamente programados para sair de casa visando pagar menos imposto ou uma taxa menor de deslocamento”, prevê Simões.

O lado bom O lado ruim
– Incremento na segurança;
– Melhoria nas condições de mobilidade;
– Tendência a economia de tempos e consequentemente de valores;
– Tendência de melhoria nas condições do meio ambiente.

– Se não utilizada adequadamente, pode haver uma disputa de atenção do usuário com a grande quantidade desses itens.
– A sensação de controle pode incomodar os usuários dos sistemas – “sensação Big Brother”.
– A utilização incorreta dos dispositivos, ou dados oriundos destes, pode afetar a vida dos usuários negativamente
– Tais modificações podem onerar o cidadão, caso o estado decida exigir que o mesmo pague pelas tecnologias embarcadas por meio de leis que obriguem o uso.

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