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Sociedade do Automóvel

Por André Ferreira*

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No que diz respeito à mobilidade urbana esqueceram de avisar aos nossos gestores públicos, de ontem e das gestões atuais, que continuam fazendo o mais do mesmo! Do ex-presidente da República Velha Washington Luís (1926-1930), que disse a celebre frase “Governar é construir estradas”, marcando o futuro das políticas públicas de transporte e mobilidade urbanas nas cidades brasileiras, passando por Juscelino Kubitschek (1956-1961), com políticas e incentivos às montadoras americanas de automóveis através da construção de estradas e vias como garantia de compra e acesso ao transporte individual, predominando nos principais centros urbanos do país.

Na capital pernambucana não foi diferente, no passado e no presente, no primeiro mandato do então prefeito Augusto Lucena (1964-1968), à época destruiu parte do bairro de São José e a Igreja de Bom Jesus dos Martírios demolida em nome do desenvolvimento urbano, onde construiu a Avenida Dantas Barretos, via que no período saía do nada e chegava a lugar nenhum.

O futuro chegou! As políticas públicas para mobilidade urbana continuam no século passado, cultuando a automobilidade pela sociedade de consumo, onde a iniciativa privada e o poder público trabalham para priorizar o automóvel, em que o mercado imobiliário oferta vagas de garagem e a administração pública constrói mais estradas, vias, avenidas e túneis, tendo como referência a ponte Joaquim Cardoso, o túnel do Pina, e o binário da estrada do Arraial e do Encanamento (Zona Norte) da cidade. Para as obras das gestões contemporâneas, a construção do túnel da Abolição e a via Mangue (2011), a saída deste último projeto do papel reafirma a prioridade ao transporte por veículo individual, via de mão única e construída para atender prioritariamente demanda de empreendimento privado, engano acreditar que estas intervenções trarão soluções para o trânsito das cidades.

Faz-se necessário pensar e agir sobre as consequências pelas escolhas feitas no passado e reafirmadas no presente nada perfeito, os congestionamentos sem o conhecido horário de pico, a quantidade de veículos transitando, o tempo perdido no trânsito parado e as obras intermináveis causando gargalos nos principais eixos viários da cidade do Recife. Como resultado de tudo isso, conforme pesquisa da Câmara Americana de Comércio no Recife (Amcham-Brasil), a falta de preferência dos empresários em investir na capital do estado que ocupa a oitava colocação das principais cidades pernambucanas, tendo como resultado, precária infraestrutura e o de sempre, a falta de mobilidade urbana.

As intervenções bem intencionadas para o transporte público como a construção do corredor Leste-Oeste; corredor Norte-Sul; corredor da Avenida Domingos Ferreira; o VLT – Veículo Leve sobre Trilho da Avenida Norte e o Projeto Capibaribe Navegável como via fluvial de passageiros, obras estruturadoras importantes, porém insuficiente para garantir e valorizar a mobilidade e o transporte de massa para população. E o transporte público de passageiros por ônibus e metrô? De qualidade, eficiente e seguro, lamento, mas por falta de importância e de status de quem os utiliza, este assunto será postergado para o futuro.

Profº André Ferreira*
andreferreiras@yahoo.com.br

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