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Série Motociclistas | Sentir a liberdade, mas com segurança

Entrevista com Lucas Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas

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Segundo dados de 2012 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o Brasil acumula uma frota de mais de 70 milhões de veículos. Destes, pouco mais de 15 milhões são motocicletas. As habilitações não chegam a 10% dessa frota: são 1.422,166 autorizados a conduzir motocicletas, segundo o Denatran em 2011.
Informações da agência especializada em notícias sobre motocicleta, a Infomoto, desde 2000, quando se iniciou um controle da frota de motos no Brasil, o crescimento atingiu a marca impressionante de 325%, em apenas dez anos. Em 2010, foram contabilizadas 10,6 milhões de motos no país. Seguindo esta projeção, a estimativa é de que em 2015 este número chegue a 15,5 milhões.
A crescente dos dados representa hoje um sério problema para o trânsito. O motociclista é peça chave na engenharia da mobilidade e as atualizações no Código de Trânsito Brasileiro regulamentando a profissão de mototaxista são apenas um exemplo de conversão do cenário em favor dos que andam sobre duas rodas.  
E, assim como os diferentes veículos desencadeiam comportamentos diferentes, a motocicleta também apresenta um perfil plural de quem a conduz: há os que utilizam como ferramenta de trabalho, como meio de transporte, como hobby e etc. Para compreender melhor essa atmosfera, a Perkons mergulha no mundo da motocicleta e traz uma minissérie sobre os vários perfis de motociclistas. Acompanhe a primeira matéria desta série:

Entrevista com Lucas Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas

Está no artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro: “Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos maiores serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e todos pela incolumidade dos pedestres”. Mas basta circular em uma via de grande fluxo para saber que o que está na lei não corresponde à realidade.
E bastar fazer uma simples pergunta: num acidente entre um carro e uma moto quem se machuca mais? Por razões óbvias são os motociclistas. E o número vem crescendo assustadoramente no Brasil. As mortes por acidentes com motocicletas quase triplicaram em nove anos, passando de 3.744 em 2002 para 10.143 em 2010, quando foram registrados mais de 40,6 mil acidentes nas ruas e estradas do país. Os acidentes com motos responderam por 25% das mortes, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.
Mas, mesmo que o número de tragédias com motociclistas acidentados e mortos seja alto, isso não inibe os aproximadamente 44 mil associados da Associação Brasileira de Motociclistas (ABRAM). São apaixonados pela sensação de liberdade que só a motocicleta pode proporcionar, “independente da cilindrada”.
É assim que Lucas Pimentel fala dos membros da ABRAM, associação da qual é presidente. “Somos motociclistas usuários, profissionais, militares, esportistas e estradeiros. Nascemos com o propósito de prestigiar, valorizar e defender o motociclista, independente da marca ou cilindrada da motocicleta. Nossa missão é a segurança do motociclista no trânsito e vamos completar 15 anos fazendo isso”, conta.
Sobre a pergunta que inicia o texto, Lucas conhece bem a resposta. “Estava parado em uma retenção semafórica e, quando o farol abriu, dei a partida. De repente, fui surpreendido por um motorista cruzando a pista, provavelmente, querendo aproveitar o amarelo, que ficara vermelho. O acidente foi muito grave. Cheguei até a pensar em parar de andar de moto, mas o amor pela ‘dama de metal’ – apelido carinhoso que ele usa para se referir a sua moto – falou mais forte. Aprendi que, mesmo que o farol fique verde, antes de reiniciar meu deslocamento, devo sempre olhar com atenção. Assim, tenho evitado inúmeras ocorrências que certamente teriam me vitimado”, adverte.
Hoje, o presidente da ABRAM utiliza a moto apenas para passear nos fins de semana, mas defende a agilidade e economia do modal.  “Com o que se gasta em transporte coletivo, se adquire uma moto a prestação. E, assim, passa-se a efetuar o deslocamento do dia a dia de maneira mais rápida. Além de se adquirir um pequeno patrimônio e um veículo para lazer nos fins de semana. É ou não é atrativo?”, indaga.
Quanto ao trânsito em geral, Pimentel tem a visão dos especialistas que acompanham a mobilidade brasileira: “Se cada um de nós quiser ter o nosso carro ou a nossa moto e usarmos no dia a dia, não haverá vias públicas suficientes. É preciso investir seriamente na melhoria dos transportes coletivos e baratear a tarifa. A insatisfação com o transporte coletivo é a principal causa para a compra da moto”, argumenta.
& nbsp;   E conclui a entrevista com a sugestão de quem é motociclista há mais de 25 anos. “Eu amo motocicletas. Para mim, é um excelente meio de locomoção e de lazer. Entretanto, para se curtir devidamente a paixão e a emoção das duas rodas é preciso abraçar a segurança no trânsito. Aos recém-habilitados, recomendo não fazer o uso imediato da motocicleta no dia a dia. É preciso começar com pequenos deslocamentos no entorno da residência para se familiarizar com os comandos da moto e as especificidades das vias públicas. Somente depois que o condutor se sentir seguro é que se deve utilizá-la diariamente”, encerra.

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