Para Claudia Brütt, propagandas não garantem mudanças de atitudes, mas servem para fixar mensagens.
“As campanhas devem ser contínuas para não caírem no esquecimento”, afirma a publicitária. Fonte: Acervo Pessoal. |
Uns dizem que a publicidade é a alma do negócio, outros que ela não deveria ser levada em consideração. No trânsito, ela tem sido uma das principais ações de marketing adotadas por entidades públicas e privadas, inclusive na hora de buscar a redução de acidentes de trânsito no País. Mas até que ponto ela é eficaz? Na opinião da professora do curso de Publicidade e Propaganda da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Claudia Brütt , ela não faz milagres e os resultados surgem em longo prazo. “As campanhas devem ser contínuas para não caírem no esquecimento. É preciso também buscar uma forma que faça com que as pessoas percebam a importância da causa que estão levantando e aliá-las com outras ações.”
Um exemplo de que o trabalho em conjunto é fator de sucesso, por exemplo, é a operação Balada Segura, realizada pelo Detran-RS em parceria com outras entidades. São realizadas blitze de fiscalização e educação em busca de combater, principalmente, a condução de veículos por motoristas alcoolizados. Além da fiscalização, são distribuídos porta-copos, lixeiras para carro, adesivos e panfletos com o objetivo de recordar a importância de dirigir sóbrio. No Facebook, foi criado um aplicativo onde é possível sortear o “motorista da rodada” que contabiliza 100 usuários cadastrados.
Também houve investimentos em anúncios na TV, jornais, revistas e em busdoors. Para mensurar o resultado da operação, o Detran encomendou uma pesquisa com dois mil motoristas de Porto Alegre, e os resultados foram positivos: um terço das pessoas afirmou ter mudado seu comportamento após o início da Balada Segura, e metade diz ter observado alguma mudança no comportamento de seus familiares e amigos. Os índices de acidentes diminuíram 28% entre 2011 e 2012, fazendo com o que o ano passado alcançasse a maior redução de mortes no trânsito dos últimos cinco anos na capital gaúcha.
Na opinião de Marcier Trombiere , assessor especial para assuntos de comunicação do Ministério das Cidades, a publicidade tem grande importância na formação do tripé “educação, fiscalização e mobilização” e é a melhor forma de educar a população adulta. “Entre as nossas ações está a página no Facebook ‘Parada pela Vida’. Ela já foi curtida por quase 700 mil pessoas. Esse número de pessoas engajadas por si só já comprova uma mudança de comportamento. Ela é a página mais curtida entre as de órgãos públicos no Brasil”, afirma.
A iniciativa privada também tem criado alternativas para melhorar as condições de trânsito no Brasil. A Porto Seguro, por exemplo, lançou em 2010 o movimento “Trânsito+gentil” com o objetivo de estimular a prática da gentileza nas ruas. Foram criados adesivos com a logomarca da campanha, vídeos educativos e páginas nas redes sociais. A adesão à campanha foi medida pelo número de acessos aos vídeos produzidos com a participação de celebridades, pela aceitação nas redes sociais e pelo número de adesivos distribuídos: a página no Facebook já soma mais de 600 mil fãs, enquanto o perfil no Twitter possui mais de 10 mil seguidores; mais de 13 milhões de adesivos com a logomarca da campanha foram distribuídos; os vídeos somam cerca de 1,2 milhão de exibições no canal do “Trânsito+gentil” no YouTube; no site oficial, são cerca de 15 mil visitas mensais.
De acordo com Detran-RS um terço das pessoas afirmou ter mudado comportamento após o início da Balada Segura, e metade diz ter observado alguma mudança no comportamento de seus familiares e amigos. Fonte: Divulgação. |
De acordo com a gerente de Marketing Institucional da companhia, Tanyze Marconato, a ideia da campanha surgiu a partir da percepção das próprias equipes da empresa acerca do aumento da intolerância no trânsito. “Entendemos que o tempo gasto com transporte é suficientemente estressante. Por isso, nossa intenção é estimular a reflexão por meio do humor e do testemunho de figuras públicas, que também são motoristas, para que as pessoas evitem ou não agravem situações que diariamente causam mais desgaste e até mesmo violência nas ruas.” Agora, o objetivo da campanha é esclarecer o perigo do uso do celular à direção, seja para falar, mandar mensagem ou checar notícias, e-mail e redes sociais.
Para Claudia Brutt, a publicidade nestes casos serve como uma espécie de lembrete para o público e, apesar do sucesso de algumas campanhas, elas não garantem mudanças de atitude no dia a dia do trânsito. “As campanhas publicitárias servem para reafirmar uma tendência e para que as mensagens não caiam no esquecimento. Ainda que a publicidade não possa garantir uma conduta diferente por parte da população, ela tem grande importância, pois garante que todos estejam cientes da mensagem que a campanha está comunicando, o que é um grande passo”, afirma.
E os dados têm levado a constatar que a ação conjunta tem tido efeito. Dados da Polícia Rodoviária Federal, relatados por Trombiere, mostram que no feriado do carnaval de 2012, houve 18% de redução de acidentes nas rodovias federais em relação ao ano anterior. O mesmo aconteceu com o de Corpus Christi, em que foi observada queda de 45%.
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