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Por que não um ranking entre autoescolas?

por J.R.Jerônimo*

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Uma vez, um leitor do meu livro Como Se Tornar Um Asno Volante…, cidadão também interessado na qualidade do trânsito, perguntou-me:
– Jerônimo, você que está envolvido com o trabalho de melhoria do trânsito em nosso país, o que acha se tivéssemos um ranking que resultasse da ligação dos acidentes de trânsito com as autoescolas?
– Acho que seria bom, pois contribuiria à melhora da educação!  – respondi a ele.
Não tinha pensado nisso até esse momento e também não tinha ouvido essa ideia.  Pode ser que alguém já tivesse escrito ou falado sobre o assunto, ou até mesmo tentado praticar algo semelhante, mas para mim foi a primeira vez que ouvi.
Então fui verificar e vi notícias de 2003 a 2008 sobre os Detrans de Pernambuco, Alagoas e Piauí, referindo-se a rankings de autoescolas baseados em percentuais de alunos aprovados nos exames prático e teórico e, mais recentemente, em jun-2011, no Rio de Janeiro, onde uma empresa certificadora providenciará um ranking apoiado na estrutura de atendimento de cada autoescola.  Classificações como estas obviamente têm sua importância, mas acredito que a mais eficaz seria aquela relacionada à ocorrência de acidentes, talvez como a que já tenha sido pensada no ano de 2005, em Maringá, PR, e que pudesse ser realizada por todos os Detrans do Brasil, por estado e por município.
Outra iniciativa que tem alguma similaridade com isto é a PL 2788/2008, de autoria do deputado federal Ratinho Junior, PSC-PR, que está em tramitação na Câmara, cujo escopo é o de alterar os artigos 19 e 153 do CTB – Código de Trânsito Brasileiro, Lei nº 9.503, de 23-set-1997, para dispor sobre o controle de qualidade dos instrutores e examinadores dos candidatos à obtenção da CNH – Carteira Nacional de Habilitação.  Tal incremento visa responsabilizar instrutores e examinadores em consequência de acidentes cometidos por condutores instruídos e examinados por eles.  No momento, da edição deste artigo (06.09.2011), esta PL está “Aguardando Deliberação de Recurso na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)”, cuja informação e suas atualizações podem ser acompanhadas no site da Câmara.
Afora os institutos de normatização, que emitem certificados que comprovam a qualidade e a produtividade – ou seja, a competência -, a sociedade, por intermédio de associações, sindicatos, clubes, publicações especializadas e inúmeros outros modos de reunião de pessoas e entidades em torno de seus segmentos de atividades, cria e promove distinções para seus membros que mais contribuem à sua comunidade e à sociedade de um modo geral.  Tais distinções dão-se na representação de títulos, troféus, medalhas, placas, diplomas, dinheiro e outros tipos de condecorações. 
A consequência destas distinções é que as pessoas ou empresas laureadas tornam-se mais conhecidas e reconhecidas por suas atuações; seu respeito e notoriedade no mercado aumentam, assim como suas oportunidades de negócios. 
Assim, ganhar destaque em relação à concorrência, por bons produtos e serviços prestados, não apenas é positivo para confirmar o cumprimento da missão a que se propõe um empreendimento que visa o bem, como também para tornar mais forte sua participação no mercado.
Em praticamente todos os segmentos de trabalho instituições há que promovem, por um sem número de mecanismos, a classificação do desempenho de seus integrantes.  Uma das classificações que tem chamado a atenção nos últimos anos, é a da área da educação, da qual servimo-nos, neste momento, como exemplo.
O Saresp – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, avalia o desempenho das escolas do ensino fundamental, através de testes com os alunos.  E, conforme o resultado define metas para cada equipe escolar e distribui bônus salarial à medida da evolução da aprendizagem.
O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, avalia o nível de conhecimento do aluno que está concluindo o ensino médio, a fim de classificá-lo para ingresso na universidade.  Sendo que, conforme sua nota, inclusive, varia a porcentagem na obtenção de bolsa de estudo.
O Enade – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, avalia a qualidade do ensino oferecido pelas universidades, por meio de provas aplicadas aos alunos dos primeiro e segundo semestres e aos que estão concluindo o curso superior.   E, dependendo do resultado, até extingue cursos.
A publicação de classificações desse gênero, é bem-vinda, seja ela originada por premiação de qualidade, por responsabilidade social e ecológica, por criatividade ou ocasionada por registro de ação negativa, por mau atendimento, por irresponsabilidade com o meio ambiente, por falta de entrega, etc.. 
Nos dois casos, a população tem a oportunidade de valorizar as boas instituições e prevenir-se das más.  Sendo que, sem este tipo de classificação e publicação, leva-se muito mais tempo para detectar-se estas diferenças e comportar-se, o cidadão e consumidor, mais acertadamente.
Se relacionássemos, portanto, os condutores infratores às autoescolas que os formaram, ou os reciclaram, teríamos em algum tempo, uma lista baseada na boa, ou na má, qualidade da atuação destas instituições.
Todos teríamos conhecimento, de um lado, das autoescolas, cujos condutores formados ou reciclados seriam os maiores envolvidos em acidentes; e do outro lado, as autoescolas com os menores ou nenhum número de condutores envolvidos neste tipo de ocorrência. 
As autoescolas melhor posicionadas no ranking de classificação de sua região, certamente atrairiam um número maior de alunos para seus cursos de formação e reciclagem de condutores, proporcionando a elas, além do prestígio, a possibilidade de mais rentabilidade.
Creio que as autoescolas, com isso, ou dedicariam-se mais à qualificação de seu trabalho e ao cuidado com a formação e reciclagem de seus condutores ou fechariam por ineficácia.
Há muito que fazer para a melhoria do trânsito.  Inúmeras ações têm, ainda, que ser tomadas.  Não devemos esperar outros 31 anos para editar um novo Código de Trânsito com as mudanças necessárias – este foi o tempo decorrido entre as promulgações do Código Nacional de Trânsito, de 21-set-1966 e o atual Código de Trânsito Brasileiro, de 23-set-1997.  No meu modo de ver, por exemplo, o aumento da idade mínima, a estipulação de uma escolaridade e um maior rigor nos requisitos para liberação da CNH, são alterações que poderiam ocorrer.  Porque promoveriam, a princípio, a existência de condutores mais qualificados, com mais responsabilidade, compreensão, lucidez, saúde e atenção indispensáveis à direção segura, além do que contribuiriam também para a redução do excesso de veículos que já travam nossas ruas e estradas.  Outras ações, como as relacionadas ao ajuste no grau de punição para os infratores, que atualmente saem livres da maioria das irresponsabilidades e atrocidades cometidas, têm ainda maior necessidade e urgência de implantação.
Mas não é porque mudanças mais expressivas não são realizadas, até o momento, que deixaremos de sugerir outras, que porventura, possam ter mais facilidade.  Portanto, na busca da melhor formação e reciclagem de condutores, em razão do objetivo de se otimizar a qualidade de nosso trânsito e de se reduzir, tanto quanto possível, o número de acidentes, esta medida, no meu entendimento, seria uma das que contribuiria.
Que tal, então, fazermos chegar ao conhecimento das autoridades de trânsito e dos legisladores da câmara dos deputados e do senado para que verifiquem sua viabilidade e possível aplicação. 
Para tanto, informo a seguir os sites destas casas, os quais dispõem os nomes, telefones e e-mails dos representantes políticos, por nós eleitos, a fim de que cada um de nós possa, se tiver interesse, encaminhar esta sugestão, ou questionamento, a eles.

*J.R.Jerônimo
Autor do livro `Como Se Tornar Um Asno Volante Em 19 Lições Erradas`, que diverte e dá dicas para uma boa direção de veículo e bom comportamento no trânsito.
www.jrjeronimo.com.br

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