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O respeito e a segurança no trânsito

Por Renato Campestrini*

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Determinada ocasião, um amigo comentou que uma instituição de ensino superior requisitava a presença da fiscalização de trânsito, para garantir que vagas preferenciais de estacionamento para idosos e portadores de deficiência fossem respeitadas pelos alunos e demais frequentadores do espaço.

Atônito, perguntei para o meu interlocutor se havia entendido direito: uma instituição de ensino superior recorria à fiscalização de trânsito para garantir que alunos, pessoas que em um futuro não muito distante estarão à frente de empresas, serão profissionais liberais, irão ocupar altos cargos no governo dentre outras possibilidades que um curso superior oferece, em sua fase acadêmica não respeitam direitos elementares daqueles que mais precisam?

Infelizmente ele confirmou a informação!

Com base nesse fato, mais uma vez próximo ao período de férias, é possível compreender porquê continuamos a perder desnecessariamente inúmeras vidas no trânsito. Estamos preocupados demais com nosso umbigo e a vida do semelhante é algo menor ante os interesses que precisamos atender, satisfazer a sensação, equivocada, de que somos melhores que “A” ou “B”.

Se em um local de formação dos futuros novos profissionais graduados do país não existe o respeito para vagas preferenciais, o corpo docente se sente incapaz de tornar regra as boas práticas, o que dizer em rodovias, ruas e avenidas por esse imenso país, onde em alguns pontos a fiscalização é precária por razões diversas?

O trabalho dos órgãos e entidades executivos de trânsito para reverter esse quadro é homérico, e como podemos concluir, somente ações educativas como vários condutores desejam não basta.

Ainda que muito criticada, rotulada como indústria de multas, a fiscalização de trânsito precisa ser realizada com afinco em nosso país. Por mais intensa que ela seja, o excedente de “matéria prima” da chamada indústria de multas é alto. Estudos apontam que para cada infração lavrada, dez mil passam incólumes nas grandes capitais.

A despeito do aumento do valor da autuação, a ultrapassagem em locais proibidos e o consumo de álcool antes de dirigir ainda são constantes em nossas vias, assim como cada vez mais é possível observar condutores a transitar em excesso de velocidade, falando ou manuseando o smartphone.

Transitar falando ou teclando o smartphone comprovadamente é uma ação tão perigosa quanto conduzir embriagado, no entanto, custa para o infrator meros R$ 85,13 (oitenta e cinco reais e treze centavos) e quatro pontos no prontuário, com a possibilidade de aplicação da penalidade de advertência por escrito, ou seja, poderá ser “anistiado” uma vez que não haverá pontuação ou multa pecuniária.

Atropelar um pedestre, derrubar um ciclista ou motociclista e evadir-se do local nos últimos tempos tem se tornado algo corriqueiro, o que demonstra ainda mais o desapego à vida do semelhante.

Sem considerar a dor daqueles que ficam ou passam a conviver com sequelas de acidentes de trânsito; o custo para o nosso país tão carente de recursos é enorme.

Precisamos mudar isso e a parte principal nesse processo começa com nossas ações como condutores ou pedestres. Pense nisso e que possamos colocar em prática essa nova forma de vivenciar o trânsito no ano novo que se inicia.

 

*Renato Campestrini
Advogado pós-graduado em Trânsito, Mobilidade e Segurança
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