NOTÍCIAS

O impacto da restrição de veículos pesados vai além das regiões centrais

Embora quem trabalhe com transportes de carga reclame da medida, órgãos competentes apontam a restrição como uma boa solução para melhor fluidez do trânsito.

Publicado em
yh1sybq2oell8ztewrab

A restrição de circulação de veículos pesados é adotada pelas grandes cidades na gestão de tráfego em áreas centrais há alguns anos. Mesmo tendo que trabalhar com comerciantes e transportadores queixosos, os órgãos competentes e especialistas no setor defendem a medida e vão além: querem ampliar as restrições como forma de estimular o transporte coletivo e preservar o meio ambiente. No entanto, todos esses argumentos acabam esbarrando no bom e velho gargalo da mobilidade urbana: o mau uso do transporte individual.
São Paulo adota a restrição de circulação de veículos pesados desde 2008. Estima-se que a prefeitura tenha tirado até 210 mil caminhões de circulação por dia somente com a proibição em dias úteis das 5h às 21h nas marginais Tietê e Pinheiros e na Avenida dos Bandeirantes.  A política da Prefeitura de São Paulo gerou novas rotas de caminhões. E esse deslocamento de veículos para o Grande ABC levou mais motoristas para os centros das cidades da região metropolitana.
As Prefeituras do Grande ABC advertem para o crescimento do tráfego de caminhões, mas sinalizam que a demanda não tem provocado congestionamentos. O problema é que muitas destas ruas podem não ter condições de receber o tráfego de veículos pesados, seja por questões de conservação do piso ou segurança para os pedestres.

Crédito: divulgação

“Restrição de circulação de caminhões: para especialista, a medida é um caminho sem volta”

Para a doutora em Engenharia de Transporte Adriane Monteiro Fontana, essa restrição realmente fez com que os caminhões e outros veículos de carga migrassem seus trajetos para as cidades do Grande ABC, “Algumas das cidades do entorno notaram aumento de volume desse tipo de veículo em suas vias. O problema é que muitas dessas ruas e avenidas não foram projetadas para a circulação desses veículos mais pesados e podem sofrer desgaste com maior facilidade”, analisa.
Adriane, que é diretora da Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul pondera: “Precisamos escoar esse fluxo. As transportadoras precisam se conscientizar das vantagens da entrega noturna, pois este é um caminho sem volta. Sou a favor de medidas restritivas contanto que o montante seja investido em transporte coletivo. O grande problema é que nossas cidades cresceram sem diretriz, não houve planejamento urbano, temos expansão desordenada e buscamos soluções e medidas paliativas. Para resolvermos o problema estrutural, precisamos de medidas drásticas culturais e educacionais”, diz.

Custo dos transportes aumentou
Na época em que foi anunciada a restrição, a classe dos caminhoneiros reagiu, mas não conseguiu impedi-la. As entidades previram desemprego e atraso no andamento de obras por conta das restrições. O argumento era de que de cada seis entregas que um caminhoneiro fazia, a restrição enxugaria esse tempo para apenas duas, representando um prejuízo de 60%.
Segundo Norival de Almeida Silva, Presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (SINDICAM-SP), a restrição aumentou os custos desses trabalhadores em, aproximadamente, 18%. “Isso, contando com o fato de que a operação mantém os mesmos valores de frete e que o tempo da entrega dessa operação sofreu um grande aumento. A restrição pode se mostrar necessária num primeiro momento, mas se formos a fundo no problema verificaremos que há um aumento de carros novos, na media de 980 veículos emplacados por dia só em SP. Imagine a soma dessa realidade ocorrendo igualmente nos outros 38 municípios metropolitanos. Isso, sem levar em consideração que mais da metade desses novos carros, transportará apenas um único passageiro“, pondera o presidente da entidade que representa aproximadamente 260 mil caminhoneiros.

CURITIBA VAI AMPLIAR RESTRIÇÕES
Em Curitiba, a restrição vigora desde 1991. Rosângela Battistella, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs) avalia que a proibição funciona bem; tanto, que precisaria ampliar sua área: “Pensamos em rever esse projeto: há novas modalidades de veículos que precisam ser incluídos no decreto, como o transportador de carga a granel e os veículos de mudança. Vamos aumentar o tamanho desse quadrilátero, pois sabemos que, quando um desses veículos circula sem autorização, atrapalha o trânsito. Um agente que nos auxilia é a fiscalização eletrônica, através dos dados de fluxo, conseguimos planejar alterações em tempo semafórico”, explica.
Na capital paranaense, a alternativa oferecida aos caminhoneiros foi a utilização dos contornos da cidade: “Estima-se que Curitiba tenha uma frota de 1 milhão e 200 mil veículos; desses, cerca de 40% (360 mil veículos) circulem no centro. Nós temos uma boa relação com o comércio e sabemos que tipo de veículo eles utilizam, por isso, também trabalhamos com permissões especiais; quando o comércio necessita, concedemos autorizações ano a ano. Mas a orientação geral é que esses veículos circulem pelo contorno – especialmente projetado para essa modalidade de automóvel”, diz.

Caminhões que circulam pela Linha Verde deverão usar os contornos
Projetada para melhorar o trânsito entre alguns bairros-chave para Curitiba, a Linha Verde trouxe circulação rápida entre essas regiões. No entanto, o uso das vias por caminhões diminuiu a velocidade do trânsito. Agora, como medida de precaução, a URBS vai restringir a circulação desses veículos pesados também nessas avenidas especiais.
A medida estabelece horários para tráfego de veículos com capacidade de carga entre sete e 14 toneladas e proíbe veículos acima de 14 toneladas, que só poderão trafegar mediante autorização. Veículos com capacidade de carga inferior a sete toneladas terão circulação permitida em qualquer horário.
A previsão é que a portaria passe a valer a partir de 22 de março. Até lá, a Diretran, a Diretoria de Trânsito da Urbs, fará um trabalho de divulgação junto a empresas e concessionárias de rodovias, e de orientação aos motoristas, além da sinalização específica ao longo da avenida. “A Linha Verde é uma avenida urbana que abriga um eixo de transporte. Caminhões rodoviários contam com os contornos, que têm justamente a função de desviar o tráfego pesado das áreas urbanas”, lembra Rosângela.
Segundo Rosângela, a criação da Zona de Tráfego de Cargas (ZTC) vai permitir ao município o controle e a fiscalização do transporte de cargas e compatibilizar o fluxo de pedestres, transporte coletivo, cargas, serviços, informações e transporte individual. A medida também vai melhorar a qualidade de vida da população em função da fluidez e segurança do trânsito.

COMPARTILHAR

Veja

também

Como as cidades inteligentes apostam na tecnologia para uma gestão urbana mais eficiente

Lombada eletrônica completa 32 anos ajudando a salvar vidas 

Perkons celebra 33 anos de inovação e segurança no trânsito

Perkons Connect entra para o calendário nacional e passará por todas as regiões do país

Inovação e Gestão Urbana: temas centrais do Perkons Connect

Segurança no trânsito em foco no Perkons Connect

Primeira edição do Perkons Connect será em São José do Rio Preto

Relatório de Transparência Salarial

Visão Zero é capaz de transformar a mobilidade urbana no Brasil

Maio Amarelo 2024: Paz no trânsito começa por você

Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.