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‘O desastre, a insanidade, o problema gravíssimo das motos no Brasil’

Para Opas, mortalidade, aumento da frota e taxas e imposto baixos são as principais razões do uso problemático de motocicletas no continente.

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Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) dão conta de que entre 2000 e 2007 a tendência a acidentes fatais com motocicletas subiu de cerca de oito mil para mais de vinte mil mortes. “A perspectiva do problema com as motocicletas não é regional, está em todas as Américas”, introduziu a doutora Eugênia Maria Rodrigues, representante da instituição, em um dos painéis do 18º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado no Rio de Janeiro pela Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), entre os dias 19 e 21 de outubro. Segundo ela, mortalidade, aumento da frota e taxas e imposto baixos são as principais razões do uso problemático de motocicletas nos países.
O levantamento da organização mostra ainda que 14% das mortes no trânsito são por conta de motocicletas. Nesse contexto, 100% dos 32 países pesquisados têm leis obrigando o uso de capacetes. Quando analisadas se são adequadas ou não ou sequer cumpridas, a correspondência cai muito.

“O acidente é o preço do progresso”
Para Eduardo Vasconcellos, diretor da comissão de meio ambiente da ANTP, o aumento da frota de moto no Brasil foi totalmente irresponsável. “Quando fazemos uma contabilidade, chegamos à conclusão de que o processo custou a vida de 200 mil pessoas, seja morrendo ou adquirindo uma limitação para o resto da vida. Estamos aqui para discutir o verdadeiro desastre, a insanidade, um problema gravíssimo. Os engenheiros de trânsito do Brasil, que estão entre os melhores do mundo, nunca estudaram esse problema, porque ele é relativamente novo, pontua o especialista. “Nós precisamos aprender com os asiáticos, já que as motos chegaram antes dos automóveis naquela localidade”, diz.
A motocicleta, segundo Vasconcellos, virou problema há muito tempo. “É, estatisticamente, o veículo mais inseguro, inserido num contexto de políticas totalmente irresponsáveis. A questão é: até quando podemos aceitar isso como natural. No caso especial da motocicleta, é a vida que corre risco”, enfatiza.
O desenvolvimento material a qualquer custo, segundo o cientista político, é o grande culpado desse crescimento desordenado. “O acidente é o preço do progresso. Esse populismo praticado gera empregos, liberta os pobres e provoca uma ilusão. É lógico que a moto tem inúmeras vantagens, mas ninguém fala nos enormes problemas que essa ‘evolução’ causou. As pessoas não sabem realmente o que está acontecendo”, provoca.
Os maiores problemas práticos, segundo ele, são porque “não existe mágica que faça o motociclista ficar seguro, é um veículo extremamente vulnerável”. Conforme estudo da CET/SP, apresentado por Vasconcellos, 43% dos motociclistas morrem sozinhos, 28% dos acidentes fatais envolvem motociclista, pedestres e ciclistas e, ainda, 38% desrespeitam a velocidade. .
A cultura do desrespeito e da impunidade, no caso dos motociclistas, é ainda mais grave por conta da sua fragilidade. “O governo, ao estimular o transporte individual, em especial de motocicletas, sem uma adequação na infraestrutura viária, educação e treinamento efetivo dos usuários, se torna responsável por cada uma dessas mortes”, opina o congressista Walter Alberto Schause, diretor da Perkons, que atua há 20 anos no setor de fiscalização eletrônica e segurança viária.

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