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Modelo urbano da maioria das grandes cidades não favorece o pedestre

Falta de manutenção nas calçadas causa acidentes e transtornos

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Para a segurança do pedestre as calçadas devem estar livres de obstáculos.
Crédito: Schutterstock

Em algum momento do dia, todos somos pedestres. A Perkons alerta para a falta de priorização na segurança e acessibilidade do pedestre. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Ciência (IBGE), no Brasil cerca de 30% dos passeios cotidianos são realizadas a pé. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um quinto das pessoas mortas em acidentes de trânsito a cada ano são pedestres.

Os principais fatores de risco para pedestres são a velocidade do veículo, a ingestão de álcool -por motoristas ou pedestres -, a falta de infraestrutura segura e dificuldades para ser visto por quem dirige. A especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias, avalia que o ideal é que as calçadas estejam disponíveis por toda a cidade, e não somente no centro e ruas principais, tenham pavimentos bem nivelados, sem buracos e dotadas de rampas de acesso.

A  calçada também deve estar disponível em ambos os lados da rua e ser projetada de acordo com os padrões locais – no que diz respeito à largura, profundidade, tipo de superfície e local de instalação. “A manutenção precisa ser constante e adequada. Além disso, é importante que estejam livres de obstáculos, como entulhos, caçambas, postes de luz, placas de trânsito e comerciantes”, destaca.

Entre as iniciativas que buscam melhorar o espaço para o pedestre caminhar, está a Campanha do portal Mobilize Brasil, que fez um levantamento sobre a situação das calçadas das capitais do país.  De acordo com avaliação realizada em 2012, todas as cidades avaliadas – Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – ficaram abaixo da média mínima. No trabalho, foram observados itens como: irregularidades no piso, largura mínima de 1,20m, degraus que dificultam a circulação, outros obstáculos – postes, telefones públicos, lixeiras, bancas de ambulantes, jornais e entulhos –, existência de rampas de acessibilidade, iluminação adequada da calçada, sinalização para pedestres, paisagismo para proteção e conforto.

A professora e pedagoga Tânia Mattana Cattini de Lima já passou por dificuldades em razão das más condições e da falta de manutenção das calçadas da cidade onde mora. “Estava saindo de um estabelecimento que tem um degrau alto na entrada e, na calçada, havia um declive seguido de um buraco. Não vi o buraco e pisei dentro dele, torci violentamente o pé e não consegui levantar do lugar. Fui ao hospital e o atendimento diagnosticou fratura da fíbula. Usei gesso por 30 dias e tomei medicação, mas o local da fratura ainda encontra-se lesionado e sinto dificuldade para firmar o pé”, relata.

Para Tânia, entre as principais situações desagradáveis que acontecem no trânsito diariamente está a falta atenção, tanto dos pedestres quanto dos motoristas. Semáforos com defeitos nos bairros, buracos, obras interrompidas nas ruas, cabos de telefonia espalhados, descuido dos pedestres e negligência às regras de circulação são outros problemas identificados por ela. “A situação fica mais grave quando pessoas de mais idade sofrem com estas dificuldades. Não me sinto segura como pedestre e acredito que a educação é o ponto de partida para as melhorias acontecerem”, completa.

Na legislação da maioria das cidades brasileiras, a responsabilidade pela construção e manutenção das calçadas é do proprietário do imóvel. Porém, as regras de padrão e a fiscalização são de encargo do órgão executivo municipal.  Para engenheiro civil e fundador da ONG internacional Sociedad Peatonal – com foco na Mobilidade Urbana Sustentável -, Roberto Ghidini, isso é inaceitável, pois a calçada faz parte do espaço urbano e está no meio público. Portanto, deveria ser de responsabilidade da prefeitura. “Podemos comparar com as redes de telefone, eletricidade, água ou esgoto. Imagine como seria se a responsabilidade de instalação e manutenção em frente do imóvel fosse de cada proprietário”, questiona.

Ghidini analisa que, melhorar a segurança e a acessibilidade do pedestre depende de educação no trânsito. “Programas de educação para condutores e pedestres, devem ser difundidos, explicando e conscientizando tanto pedestres como condutores”, completa.

Dicas de segurança
Algumas medidas que podem tornar a caminhada mais segura:
– Visibilidade: usar roupas claras, melhorar iluminação pública, implantar faixas de pedestre iluminadas.
– Atenção: não usar fones de ouvido para ouvir música, ou enviar mensagens e não manter longas conversas ao celular enquanto caminha.
– Infraestrutura: construir calçadas, passarelas, travessias elevadas, faixas, pontos de ônibus adequados e ruas arborizadas. Implantar semáforos, pensando no tempo para cruzamento, e semáforo para pedestres.
–  Fazer rotas e serviços de transporte integrados.
– Diminuir a velocidade dos veículos em zonas com intenso tráfego de pedestres.
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