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Família, gentileza e punição

por Sydnei Ulisses*

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Mantida a média de mortes no trânsito dos dois primeiros meses de 2012, ao término do ano teremos matado mais de setecentas pessoas em Sergipe.
No noticiário vimos relato de um jovem paulistano de 20 anos, não habilitado, filho de advogado, que dirige desde os 14 anos e fez 20 vitimas lançando o seu veiculo contra uma aglomeração de torcedores. Por óbvio vai alegar legitima defesa, mas o que de fato faltou foi à presença da família, que lhe permitiu ainda adolescente, dirigir e apostar na impunidade.
Penso ser esse o fator que mais tem influenciado os números do trânsito já que 60% dos motociclistas e 30% dos motoristas transitam sem habilitação e quando adolescentes avalizados pela conivência de pai e mãe.
Estamos habituados a ouvir a cobrança quanto a medidas do poder publico, mas sabemos que a sociedade tem forte tendência a corrigir o filho dos outros, nunca o próprio filho. Como diz o ditado meu filho é adolescente, o filho do outro é “menor de idade”.
Temos ainda a flagrante falta de gentileza. A todo o momento vemos motoristas transitando em alta velocidade e anunciando sua falta de respeito à legislação com buzinas acionadas e ameaças contra pedestres e outros veículos. Vemos também o absoluto descaso com os semáforos. Temos momentos em que os que param ficam constrangidos por estarem “atrapalhando” a passagem dos querem passar aceleradamente no sinal vermelho.
Ainda temos uma legislação que me parece boa, mas branda. São raros os relatos em que os condutores infratores, mesmo tendo ceifado vidas, pagam pelo crime que cometeram com severidade. Acabam por prestarem um ou outro serviço à comunidade ou doarem cestas básicas para compensarem a vida de suas vitimas como se isso fosse possível.
Acredito que a falência da educação para o trânsito e respeito à vida começa dentro dos nossos lares, passa pela nossa incapacidade de sensibilizar nossos filhos a respeitar os seus semelhantes e conclui-se na incapacidade do Estado de punir os infratores com prisão sempre que a vida de outro for cessada. Estamos sempre minimizando as causas e passando a mão na cabeça dos que não acreditam que serão punidos, sobretudo dos mais ricos e poderosos.
Vivemos dias em que as pessoas se incomodam, mas evitam tomar posições, diferente dos que pensam que nada deve mudar e preferem o caos nas diversas áreas do convívio humano. Estes criticam tudo – radar eletrônico, agentes na rua, redutores de velocidade, tudo. Sugiro que comecemos a pensar no trânsito com o cuidado necessário, antes que um dos nossos queridos seja vitimado na via, na calçada ou até em uma das faixas de pedestres da nossa cidade.

Sydnei Ulisses
Instrutor de trânsito
sydneiulisses@gmail.com

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