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Em caso de assalto no trânsito, não reaja. Suas chances de vida serão maiores

por Milton Corrêa da Costa*

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Em tempos de violência urbana extrema nenhum de nós ,na condição de pedestre ou conduzindo um veículo, está livre de ser vítima de um assalto. Por isso mesmo é que a atitude corajosa de um senhor de 67 anos, vigia de um posto de gasolina, ao enfrentar fisicamente três bandidos desarmados, ao ser rendido durante um assalto, no bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio, em 11 de maio último, resultando ferido no embate corporal, precisa ser objeto de análise técnica e reflexão. Por mais que tenhamos toda prevenção e adotemos regras básicas de segurança pessoal, nenhum de nós estará livre do elemento surpresa, tática empregada por bandidos em ações de assalto.
Vítimas de assalto, em razão do medo e do pavor de que são tomadas, do natural descontrole emocional, ou impulsionadas pela raiva contra a injusta e agressiva ação marginal, reagem de formas diferentes, podendo, no entanto, também estar assinando o próprio atestado de óbito. Bandidos assaltam normalmente drogados e alcoolizados, armados e descontrolados, tensos e agressivos, pois também têm medo. Precisam de uma ação rápida para obter o êxito e abandonar o local. Em caso de sequestro relâmpago, saem rapidamente a cena do crime, levando reféns, no próprio veículo da vítima ou em veículos roubados anteriormente.
A partir daí, a preservação de sua vida corresponderá à atitude que você tiver na tentativa de controlar a situação adversa, seja em assalto na via pública a pedestres ou assalto em veículo a motoristas. Entregue, sem contestar, os objetos que forem solicitados. Não tente contrariar os assaltantes retrucando suas atitudes. Mostre-se amistoso, apesar de todo o nervosismo, indicando que quer colaborar com ação para que tudo saia bem. Informe-lhes todo gesto que precisar tomar, mantendo, em caso de assalto em via pública, as mãos para cima. Se for surpreendido em assalto dentro do carro, mantenha-se imóvel com as mãos sobre o volante. Cumpra, sem contestar, as determinações dos assaltantes. Lembre-se, que você foi surpreendido e o momento lhe é perigosamente antagônico.
Se for tirar o cinto de segurança, anuncie tal atitude e peça consentimento. Tudo que for apanhar dentro do carro informe com antecedência sem tomar nenhuma atitude que possa supor uma reação. Olhe firme para o marginal sem desafiá-lo no olhar, Continue amistoso e não agressivo. Informe-lhe prontamente, caso solicitado, a senha dos cartões e colabore informando o melhor trajeto para chegar a um determinado caixa eletrônico. Tenha em mente que você está numa situação extrema de risco de vida, e vidas humanas nada valem para bandidos drogados, frios e sanguinários. Lembre-se principalmente que seus entes queridos o esperam e que tudo dependerá de seu equilíbrio, apesar de toda tensão. Ainda sim você precisará contar com a sorte.
Evite chamar a atenção do carro da polícia, caso cruze com uma patrulha. Os bandidos, por medo e assustados, poderão reagir atirando nos policiais, e você poderá ficar no meio de um fogo cruzado. Pense no seu objetivo maior (a preservação da vida), ainda que se sinta agredido e humilhado nas mãos de marginais da lei. Lembre-se de que na maioria dos casos de reação as vítimas morreram ou ficam gravemente feridas. Normalmente, se você atender as ordens de um assaltante suas chances de sobreviver com vida e sair praticamente ileso aumentarão em muito.
Jamais contrarie os assaltantes e diga-lhes que “tudo acabará bem”. Eles têm,pela intimidação das armas, o domínio momentâneo da situação. Peça-lhes, se for oportuno, calma e tranquilidade em dado momento, comunicando-lhes que tudo que for solicitado será atendido. Não tente uma fuga desesperada. Ela pode ser fatal. Após ser liberado pelos marginais, procure ajuda e ligue para a polícia (190), informando tudo que foi possível observar durante a ação, inclusive características físicas dos bandidos, características do veículo e direção tomada pelos assaltantes.
Da mesma forma, aja assim nos casos de assaltos em via pública em que você não é levado como refém. Se for vítima de assalto em sua própria residência, aja também de modo solícito, sem tentar reação ou fuga, ainda que conheça seu habitat. Seus parentes e amigos também poderão estar sendo vítimas do mesmo delito e poderão pagar com agressões ou com a vida, caso você tente fugir sozinho. Se for possível fazer uso de um artifício que chame a atenção de vizinhos, sem que corra riscos, faça isso. Compareça em seguida à Delegacia Policial para registro do fato. Se após a saída da Delegacia, estando mais calmo, ainda se lembrar de algo que possa ajudar a polícia na identificação e prisão dos meliantes, ligue novamente para a polícia e informe.
Assim sendo, chega-se à conclusão de que a atitude corajosa do vigia do posto de gasolina foi de alto risco e tecnicamente não recomendável, ainda que os bandidos não estivessem armados. Especialistas em segurança pessoal continuam afirmando que o melhor remédio são as regras básicas de prevenção. Se, no entanto, o assalto o surpreender, jamais reaja. Suas chances de sobreviver e manter-se ileso serão bem maiores.
Aí vão, portanto, algumas regras básicas de segurança pessoal:

1) Ao sair com o seu carro, que se encontra estacionado na rua, faça isso imediatamente, sem antes observar se há alguém em atitude suspeita próximo ao veículo. Ligue o motor, trave as portas, coloque o cinto de segurança e saia. Não se preocupe em ligar o rádio ou colocar um CD. Faça isso quando o carro estiver parado num sinal ou num congestionamento. Se usar películas não refletivas no veículo (insulfilm), use as regulamentadas pelo Contran.

2) Evite comprar algo em ambulantes nos sinais de trânsito, Você estará momentaneamente distraído e precisará mexer nos vidros.

3) Nos estacionamentos em via púbica, evite entregar as chaves do carro a pessoas desconhecidas ( flanelinhas).

4) Ao chegar em sua residência, certifique-se de que não há movimentação de estranhos nas proximidades.

5) Evite deixar o veículo em locais desertos. Prefira os estacionamentos em locais específicos e fechados.

6) Mantenha os portões de sua residência sempre trancados.

7) Em meio a disparos de arma de fogo, proteja-se imediatamente atrás do obstáculo mais resistente possível. Saia da linha de tiro, agache-se. Procure o chão.

8) Conheça as senhas de segurança para se comunicar com o porteiro de seu prédio.

9) Prefira usar, principalmente durante a noite, caixas eletrônicos em locais de maior movimento.

10) Ao sacar valor considerável de dinheiro no caixa de um banco, não saia imediatamente da agência. Leve sempre alguém para acompanhá-lo e observar a movimentação nas cercanias do local, identificando suspeitos.

E finalmente lembre-se: não use arma. A arma é muito mais um indutor de violência do que um instrumento de defesa. Deixe o uso da arma de fogo para profissionais que saibam usá-la quando se fizer necessário. Preserve a vida. Atos de heroísmo nem sempre acabam bem.

*Milton Corrêa da Costa
Coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

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