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Desrespeito no trânsito beira exibicionismo

Especialistas no trânsito avaliam o comportamento do motorista que desafia a lei e zomba dos mecanismos de fiscalização.

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Criados para inibir comportamento de risco dos motoristas, os dispositivos de controle de velocidade, como lombadas eletrônicas e radares, contribuíram, e muito, para aumentar a segurança do trânsito. No entanto, há um grupo de motoristas que andam na contramão da mobilidade segura de forma objetiva: os exibicionistas.
Esses condutores costumam desrespeitar as leis e zombar dos mecanismos de controle do tráfego. Prova disso são algumas imagens captadas pelo Departamento de Estradas e Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ). Esconder a placa desempenhando verdadeiro malabarismo ou então exibir armas ou partes do corpo menos pudicas são apenas alguns dos exemplos do que essas imagens mostram.
Embora essas ocorrências ainda existam, considera-se que a construção da cultura de respeito às leis do trânsito tenha penetrado na consciência da sociedade, reduzindo o número desses casos. Segundo José Mario de Andrade, especialista em trânsito e diretor da Perkons, esse é o efeito que o permanente monitoramento apresenta. “A novidade, o estranhamento da presença de uma lombada eletrônica em determinada via gera no indivíduo as mais variadas reações. Dentre elas, o sentimento de rebeldia por conta do monitoramento. No entanto, com o passar do tempo, esse comportamento de exibicionismo tender a diminuir Esse é o fruto mais valioso da permanência dos dispositivos e da insistência da importância da educação no trânsito”, avalia.
Além disso, equipamentos e a sinalização são também alvo de vândalos e um desafio para as autoridades. O DER-RJ enfrenta um prejuízo mensal de cerca de R$ 40 mil com reposição de sinalização vertical e horizontal nas estradas do estado. Segundo José Luiz Teixeira da Silva, diretor de sinalização do órgão, o DER-RJ tem buscado alternativas para coibir o crime. “Nossa assessoria de comunicação faz campanhas falando da falta de respeito com a sinalização das rodovias, que, afinal de contas, é um patrimônio da própria população. Acreditamos que a campanha ajuda a informar a situação atual da sinalização. Muita gente reclama que faltam placas e outros tipos de orientação e não sabe que elas faltam por conta do vandalismo”, explica.
O diretor do DER-RJ acrescenta, ainda, outro meio de combater a depredação. “Buscamos utilizar materiais alternativos à madeira e à placa metálica, que são facilmente comercializadas ilegalmente. Usamos há quatro anos bagaço da cana e fibra de vidro e garrafas pet na fabricação das novas placas. Isso reduziu os furtos em, aproximadamente, 50%, mas, mesmo assim, o vandalismo está presente”, pontua.
Sobre o perfil do vândalo no Rio de Janeiro, ele informa algo curioso. “Ao contrário do que a maioria possa pensar, o vândalo tem educação e poder aquisitivo. Identificamos que os casos acontecem em grande quantidade na ocasião de feriados, nas regiões serranas e dos lagos; ou seja, são pessoas de classe média”, diz.
Vandalismo e exibicionismo, segundo a psicóloga catarinense especializada em trânsito, Fabíola Merisio, são sintomas do cenário em que a sociedade está envolvida: violência, desrespeito às leis, arrogância e egoísmo. “Há momentos em que parece que o brasileiro acredita que as leis são facultativas, ou seja, que necessitam de alguém para fiscalizar. Em que o temor à multa, à punição é maior que a preservação da própria vida”, analisa.

Como a psicologia explica o vandalismo e exibicionismo
A psicóloga afirma que quem comete o crime de exibicionismo, seja com som alto, ou desrespeito ao limite de velocidade ou colocando a vida das outras pessoas em risco é, sobretudo, o jovem. “Quando uma pessoa se exibe no trânsito busca satisfazer a necessidade de se expor ao perigo, desafiar a si próprio. Esse comportamento acaba proporcionando características de coragem, poder, desafio, superação, sendo muitas vezes uma forma de camuflar conflitos da personalidade. Um desses conflitos é o complexo de inferioridade, necessitando se sobressair no grupo ao qual pertence”, explica.
Esse desejo de enfrentar desafios, de testar os próprios limites, de quebrar barreiras e inovar são, segundo a especialista, características positivas para outros setores da vida, “mas no trânsito, são personagens principais da própria crueldade. Dirigir é um ato de responsabilidade e não somente um meio de prazer. Nesse sentido, as orientações de segurança são de suma importância para diminuir os riscos de acidentes, fazendo escolhas adequadas, respeitando as leis de trânsito com ética e cidadania”, enfatiza.
Concordando com os outros especialistas consultados, Fabíola afirma que o respeito à sinalização decorre do medo de acidente ou da multa. “É a avaliação de risco de acidente feita pelo condutor que determina seu comportamento. Se há presença de fiscalização eletrônica, faz refletir da necessidade do risco naquele ponto da via. Assim, a fiscalização eletrônica é mais eficiente que a humana. A punição por multa não necessariamente é a forma que irá coibir o comportamento de risco, porque o jovem raramente dirige sozinho: acompanhados de amigos e com som alto, normalmente seu objetivo é impressionar, surpreender”, destaca.
E conclui. “Muitos acidentes são provocados por irresponsabilidade, incompetência e negligência do ser humano e não necessariamente por desconhecimento das regras, falha nos veículos ou defeitos nas vias. Por ser um espaço público, é preciso que os participantes do trânsito saibam dividir e conviver com ética e cidadania”.

DER/RJ


Motoristas arriscam as vidas deles e de outras pessoas por exibicionismo.

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