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Caminhar. Por que não?

Falta de estrutura, comportamento de risco e insegurança tornam a caminhada mais difícil

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É notório que usar o automóvel para percursos curtos tornou-se algo muito mais comum do que há alguns anos. Os tempos mudaram, as cidades cresceram e segundo levantamento da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) entre os anos de 2003 e 2011 também cresceu em 21% a quantidade de pessoas que utilizam veículos individuais para locomoção. Não faltam campanhas voltadas à saúde que estimulam as caminhadas não somente como esporte, mas como meio de locomoção, com uma vantagem a mais: a redução da quantidade de carros nas ruas. Mas se requer ainda melhores condições de segurança e infraestrutura nos trajetos a pé.

Em maio deste ano a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a II Semana de Segurança no Trânsito que alertou sobre a necessidade de promover a proteção ao pedestre com ações educativas sobre deveres e direitos tanto deles quanto dos motoristas de automóveis e outros veículos. Só no Brasil, de acordo com dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, foram 10 mil mortes de pedestres em acidentes de trânsito em levantamento feito em 2010.

O arquiteto e urbanista, Francisco Cunha, considera que no país permanece a falta de cultura e educação urbana, o que aumenta a insegurança nas ruas: “Na década de 1960 a jornalista e ativista norte-americana Jane Jacobs, autora do clássico de urbanismo Morte e Vida das Grandes Cidades provou que a segurança de uma rua está diretamente relacionada com a quantidade de olhos sobre ela. A maior segurança da rua é a quantidade de gente que circula nela. A autora diz haver poucos casos de assaltos em cinemas, mesmo no escuro, pois estão sempre cheias de gente”, explica Cunha.


O pedestre tem que ser estimulado a ser pedestre.
Luiz Gustavo Campos, especialista em gestão de trânsito e mobilidade urbana

E para que as ruas das cidades não fiquem cada vez mais vazias e transformem-se em locais com maior percepção de segurança alguns bons exemplos chamam atenção ao redor do mundo, como é o caso de grupos de caminhadas que acontecem na cidade de Denver (EUA). O Diretor de Marketing da Perkons, Luiz Gustavo Campos conta que estes grupos acabam pressionando a administração local a tornar as condições dos pedestres mais receptivas e preenchem as calçadas com grande quantidade de pessoas. “Isso implica construir calçadas com pavimentação adequada e abrigos para sol e chuva, plantar árvores para fazer sombra em dias mais quentes e oferecer atividades nas ruas para que as pessoas se sintam atraídas a andar a pé”, explica.

O especialista em gestão de trânsito e mobilidade urbana lembra que o pedestre não é somente aquele que faz o trajeto todo a pé, mas também aqueles que integram a caminhada com outro meio de transporte, como pessoas que caminham de suas casas até paradas de ônibus ou estações de trem, descem do transporte coletivo e seguem andando até o destino. “A tendência é que cada vez mais pessoas sejam estimuladas a usar outros meios de transporte; é preciso gerir de forma inteligente todas as opções – a pé, de bicicleta, ônibus, trem e até mesmo o carro particular”, recomenda Campos.

Por isso, a estrutura das calçadas e vias utilizadas pelos pedestres tornam-se fatores motivacionais para que mais pessoas possam aderir às caminhadas, como complementa o arquiteto e urbanista Cunha “um dos principais problemas é a falta de lugares com boas calçadas e espaços para circulação segura dos pedestres; na zona sul do Rio de Janeiro e em algumas ruas da cidade de São Paulo como a Oscar Freire, o índice de “andabilidade” – tradução do inglês walkability – é alto, já em outras como o Recife, com péssimas calçadas é muito baixa”.

Para o engenheiro Luiz Gustavo, melhoria do pavimento e largura das calçadas, semáforos para pedestres, travessias elevadas e iluminadas, passarelas e faixas para cruzar a via em segurança são medidas de incentivo à caminhada. “O pedestre tem que ser estimulado a ser pedestre e o motorista precisa aprender a dar preferência a ele, reduzindo a velocidade, dando passagem e esperando que conclua a travessia”, conclui.

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