Uma das intenções da Semana do Trânsito é provocar reflexões sobre os assuntos que envolvem a mobilidade urbana e a segurança viária. Dentro do tripé que compõe o equilíbrio do trânsito, composto pela engenharia, educação e fiscalização, os Agentes de Trânsito são peças fundamentais nas três esferas, atuando para melhorar as condições de operação da malha viária, participando de ações educativas e zelando pelo cumprimento das regras de conduta.
Este ano, como Agente de Trânsito que sou, resolvi refletir sobre outros aspectos: vale a pena ser Agente de Trânsito?
Quando tinha 19 anos e prestei o concurso público, cursava o terceiro ano de engenharia civil e já trabalhava a mais de um ano como estagiário na Divisão de Engenharia de Tráfego. Vi no concurso uma oportunidade de abranger minha atuação na área de trânsito, já que, estagiando, percebi que nesta área era possível fazer meu trabalho atingir 100% da população. Pois trânsito é isso, abrange as pessoas que andam a pé, de bicicleta, de ônibus e de carro ou moto. Costumo dizer que se algo se movimenta e está na via pública, é responsabilidade do trânsito.
Mas o trabalho do profissional de trânsito, e principalmente do Agente de Trânsito, nem sempre é bem compreendido. Primeiro, porque de médico, técnico de futebol e engenheiro de trânsito, todo mundo tem um pouco. Mas não são as opiniões sobre os diversos assuntos de trânsito, ou o barulho dos carros e o risco de se trabalhar em meio ao fluxo de veículos, ou ainda a chuva ou o sol forte que são nossos maiores fardos. O desgaste mental supera, e muito, o desgaste físico do nosso trabalho.
Conviver com a intolerância, com as alterações de ego que atingem algumas pessoas quando conduzem veículos, ou ainda ser alvo de chacota por pura e simples “zuação”, são nossos maiores desafios. Ver toda a equipe ter a imagem denegrida por conta de poucos maus profissionais, e eles existem, assim como existem em qualquer categoria profissional, jogando pelo ralo todo o nosso empenho e dedicação e colocando em cheque nossa motivação, isso sim me provoca uma dor profunda.
Menos de 15% dos veículos registrados no município são multados no período de um ano, e é difícil entender como essa pequena parte da população causa um eco negativo tão grande na imagem de uma categoria. A grande maioria não sofre a ação da fiscalização, mas recebe os benefícios oriundos dela, e como disse Martin Luther King, “o que mais me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Mas ao longo desses anos descobri que é muito gratificante ser agente de trânsito. Quando era mais jovem, com muitas metas e sonhos, buscava minha motivação na consciência de estar fazendo parte de um trabalho em prol da população, colaborando para a melhoria da qualidade de vida e, acima de tudo, ajudando a salvar vidas.
Hoje, mais maduro e dirigindo o departamento a qual sempre tive orgulho de trabalhar, percebo que ser Agente de Trânsito vale muito a pena, não só pelo ideal, mas pelos pequenos presentes que recebemos no dia a dia. O sorriso de uma criança em uma ação educativa, o agradecimento pelo apoio a um veículo quebrado, o reconhecimento pelo trabalho de orientação em um semáforo defeituoso, e dentre tantas outras coisas, o orgulho de nossos filhos ao nos ver de uniforme.
Porque somos assim, apenas pessoas comuns, cidadãos joseenses buscando fazer o melhor possível na profissão que escolhemos, e por esse motivo parabenizo todos os meus colegas pelo seu dia. Feliz Dia* Municipal do Agente de Trânsito!
Eng. Paulo Guimarães
Agente de Trânsito e Diretor do Departamento de Trânsito de São José dos Campos
*em São José dos Campos é comemorado no dia 24/09
Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.