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A mobilidade da felicidade

por Cristina Baddini Lucas*

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O mundo já tem atualmente cerca de um bilhão de veículos, ou seja, um para cada sete habitantes. Os problemas do modelo de mobilidade baseada nos automóveis se refletem em quilômetros de congestionamento. Esta é apenas uma das razões para se atuar sobre a mobilidade nas cidades brasileiras.

A indústria automobilística
Os relatórios do desempenho em 2011 mostrou que as vendas subiram 3,4% em relação a 2010, ano em que foram vendidas 3,51 milhões de unidades, estabelecendo em 2011, um novo recorde com 3,63 milhões de unidades novas comercializadas. No ano, a produção foi recorde, com 4,406 milhões de unidades. Em 2010, foram produzidos 3,381 milhões de carros no País.
Estes números têm um profundo impacto para a sociedade. São cerca de 150 milhões de pessoas compartilhando espaços com sérios problemas ambientais, sociais e econômicos.

Acidentes
Mais de 40 mil mortes por ano em acidentes e cerca de 200 mil feridos. O impacto disso para as famílias é devastador e os custos para os sistemas de saúde e previdência também são altíssimos. Isso sem contar que a maior parte das vítimas são jovens ou pessoas em plena idade produtiva, que poderiam ainda oferecer muitas contribuições para a sociedade. A USP divulgou estatística indicando que, apenas na cidade de São Paulo, a poluição mata 4.000 pessoas por ano.

Valores
A indústria automobilística avança rapidamente quando se trata de reforçar o marketing que coloca o automóvel como um elemento de sucesso. No entanto, ainda baseia seu negócio em um produto muito ineficiente que pesa 20 vezes a carga que transporta, ocupa muito espaço e tem um motor que pode desperdiçar entre 65% e 80% da energia produzida pelo combustível que consome.
Apenas lentamente uma parcela da população começa a se dar conta de que, com o carro individual, perde-se muito mais tempo do que com o transporte público para cumprir seus trajetos rotineiros e ainda pagando mais por isso.

Mobilidade Sustentável
Todos os moradores, particularmente as crianças, idosos, pedestres aptos ou com mobilidade reduzida, patinadores e ciclistas, desejam, atualmente, reconquistar a cidade.
A rua não é apenas um espaço de circulação, ela é, principalmente, um espaço de vida. Não se trata de descartar o automóvel, que todos ou quase todos utilizam em algum momento, mas de definir o lugar justo para o carro, priorizando e favorecendo os espaços públicos de qualidade e o desenvolvimento de modos alternativos de deslocamento mais saudáveis como a caminhada, a bicicleta e promovendo espaços de reencontro e de convivência. Não há nenhuma razão para que a lógica rodoviária prevaleça nas cidades: a rua não é uma estrada!
Medidas no sentido de que o automóvel seja adequadamente taxado por sua ineficiência energética e seu impacto ambiental e que os recursos daí advindos sejam empregados diretamente na melhoria dos sistemas de transporte coletivo são importantes.  
Considerando que este é um ano de eleições municipais, pode ser um trunfo para futuros prefeitos pensarem na mobilidade da felicidade.

 

*Cristina Baddini Lucas
Assessora do MDT, colunista do Diario do Grande ABC (Coluna De Olho no Trânsito)

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