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A extinção da faixa de pedestres

por José Mario de Andrade*

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A faixa de pedestres deixou de existir. A conclusão do porquê do desaparecimento? As pessoas não davam importância a ela. Esse é o tema de uma peça de teatro de um grupo de educação no trânsito em São Paulo. A iniciativa faz parte do Programa de Proteção ao Pedestre (PPP), parte das ações da Companhia de Engenharia e Tráfego de São Paulo para a campanha da ONU de redução de mortes e acidentes, a Década de Ação pela Segurança no Trânsito.
Preferência ao pedestre, nesse trânsito caótico que mata milhões todos os anos, é possível? A experiência no maior centro urbano do Brasil diz que sim. O PPP foi lançado em maio de 2011 e já mostra resultados positivos. Segundo dados da CET-SP, melhorou a percepção do condutor com relação à faixa de segurança em 32,2%, o que reduziu o número de mortes de pedestres no centro paulista com perspectiva de que essa redução de acidentes e atropelamentos seja ainda maior.
A CET-SP se baseou no cruzamento de dados de mortes com base nos boletins registrados pelo Instituto Médico Legal (IML) e boletins de ocorrência de acidentes de trânsito cadastrados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. O estudo também revela uma redução de 32,6% no número de atropelamentos na Zona Máxima de Proteção ao Pedestre (ZMPP) entre 11 de maio e 31 de julho, em dados comparativos com o mesmo período de 2010. Em 2011, foram 97 atropelamentos nesses meses ante 144 em 2010.
A meta da CET-SP é abaixar esses números de mortes por atropelamentos em 50% até o final do próximo ano. Para isso, a corporação alia estratégia das mentes que pensam o trânsito na cidade às tecnologias, além de projetos paralelos de educação e campanhas perenes. E com vontade de fazer dar certo. Faz bem, porque trânsito, assim como as outras áreas de gerência pública, precisa de inteligência, boa administração e boa vontade.
Sinais disso são algumas propostas simples como aumentar o tempo de sinal vermelho para os motoristas, deixando a travessia de quem anda a pé mais segura, aumentar o tamanho do avanço das calçadas colocadas em prática na capital paulistana.
Às vezes, parecemos esquecer que não estamos apostando corrida, mas fica difícil fugir do clichê de alertar para a boa convivência, educação e gentileza e seus efeitos quase mágicos num cenário de tensão, como o do trânsito brasileiro. A fuga do senso comum, nesse caso é o bom exemplo da CET-SP: é possível, sim, que a parte mais frágil do trânsito seja sim reconhecida e devidamente protegida.
Numa visão otimista da coisa, podemos vislumbrar o fim dessa história, como na peça de teatro que cito no início, o fim da faixa de pedestres. Mas por outro motivo: não porque ninguém a respeita, mas porque a sociedade não precisa de sinalizações no chão para saber que o pedestre tem preferência, um conceito de traffic calming, realidade nem um pouco teatral em algumas cidades no mundo.

 

*José Mario de Andrade
Engenheiro especialista em trânsito e professor de Engenharia de Trânsito na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). É Diretor da Perkons S.A., empresa especializada em soluções para gestão e segurança de trânsito.

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