NOTÍCIAS

Após quinze anos, apenas 21% das cidades brasileiras têm o trânsito municipalizado

Estados como o AC, AP ou ES têm menos de dez cidades integradas ao Sistema Nacional de Trânsito; já o RS e SP têm a maior taxa de municipalização

Publicado em
8w43yjbhtpzlne8uqorr

Municípios com mais de 20 mil habitantes deveriam a atuar como agentes de planejamento, fiscalização, regulamentação e operação do trânsito local. Assim estabelece o  Código de Trânsito Brasileiro (CTB), decretado em 1997. No entanto, passados quase 15 anos, o quadro geral não mudou significativamente: dos cerca de 5.500 municípios brasileiros, apenas 1.179 (quase 21,5%) efetivaram a municipalização do trânsito, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Entre as 21 atribuições para tornar um município responsável pela administração do trânsito, o CTB exige que a cidade crie um órgão executivo de trânsito e que dê conta dos setores relacionados à administração; fiscalização e operação de trânsito; coleta, controle e análise de estatísticas e educação de trânsito; e possua uma Junta Administrativa de Recursos e Infrações (Jari). Parece muito trabalho a ser feito e, para alguns municípios, de fato é, mas traz benefícios aos cidadãos.
O Rio Grande do Sul – estado com maior índice de municipalização de trânsito do País – atingiu o número de 277 cidades integradas ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), seguido por São Paulo, com 268. Erechim, cidade com pouco mais de 96 mil habitantes e quase 58 mil veículos automotores, situada no norte gaúcho, foi aclamada como modelo de gestão de trânsito municipalizado pelo Contran e pela Famurs (entidade que representa os 496 municípios gaúchos). Para Décio Vicelli, secretário de Segurança Pública do município, o “segredo” está simplesmente na importância que os gestores das cidades dão ao trânsito. “Você acaba tendo retorno de valores oriundos de multas, IPVA, estacionamentos. É algo que se soma ao orçamento e que acaba virando investimento em educação no trânsito. É a situação ideal, basta o interesse das administrações locais”.
Vicelli ainda ressalta que a municipalização do trânsito deve ser planejada com cuidado e que sua efetivação só tende a trazer benefícios para os moradores. “Participamos de ações junto a órgãos do governo para promover um trânsito seguro, trabalhamos intensamente na questão da educação. O trânsito hoje é a principal causa de mortes e a mobilidade urbana está relacionada à qualidade de vida da população, então é um investimento que se torna necessário, que compensa”, afirma.


Erechim foi aclamada por seu modelo de gestão de trânsito municipalizado.
(Divulgação / Prefeitura Municipal de Erechim)

Municípios não veem o trânsito como um problema
A municipalização vem para facilitar a tomada de decisões nas cidades, mas o processo segue muito lento. “Esperava-se que os municípios aderissem a essa gestão no menor tempo possível. Os grandes centros aderiram, mas isso representa apenas 21% das cidades”, explica Julyver Modesto de Araújo, oficial da Polícia Militar de São Paulo. Ele, que também é especialista em direito de trânsito e comentarista no site CTB Digital (www.ctbdigital.com.br), ainda destaca que a escolha em adotar a municipalização não está necessariamente ligada à falta de orçamento para cumprir as exigências da lei, já que muitos municípios não realizam sua integração junto ao SNT por não verem o trânsito como um problema. “Em municípios pequenos, onde o trânsito existe com harmonia, é compreensível que não se façam mudanças”, completa.
A municipalização do trânsito está diretamente relacionada à diminuição do número de acidentes, por meio da intensificação de ações que conscientizem o cidadão. Além disso, traz outros benefícios às cidades. “Muitos prefeitos não veem o custo-benefício. Se for analisar apenas a arrecadação com multas, não valeria a pena. Mas existem outras coisas, como a diminuição de gastos com hospitais e mortes no trânsito. É imensurável você saber que muitas vidas são salvas porque o trânsito é gerido da melhor maneira possível”, conclui Araújo.


Décio Vicelli, secretário de Segurança Pública de Erechim, conta que os retornos em
multas e outros somam-se ao orçamento para obras de melhorias.
(Divulgação / Prefeitura Municipal de Erechim)

Os investimentos a serem feitos não são pequenos, mas acabam retornando à cidade por meio de uma maior harmonia no trânsito e de medidas eficientes para problemas emergenciais. O fato é que, mesmo com tantos benefícios, a maioria dos municípios brasileiros não se mostra interessada em uma gestão própria do trânsito local. Prova disso são estados como o Acre, Amapá ou Espírito Santo, que não chegam a alcançar a marca de dez cidades integradas ao SNT. Vale lembrar que a municipalização não é optativa, mas obrigatória e, diante de números tão baixos, não se pode ainda considerar uma conquista a adesão de apenas 20% das cidades brasileiras após 15 anos.


Fonte: Denatran

COMPARTILHAR

Veja

também

Maio Amarelo 2025 destaca a responsabilidade humana na mobilidade

Cuidados essenciais ao dirigir no outono sob condições de neblina

Relatório de Transparência Salarial

Relatório de Transparência Salarial

Perkons apresentou inovações para um trânsito mais seguro na Smart City Expo Curitiba 2025

Presença feminina nas vias promove segurança no trânsito

Aplicativos inteligentes ajudam empresas a monitorar motoristas e promover segurança no trânsito

Faróis acesos ou apagados? O que os condutores precisam saber

Código de Trânsito Brasileiro celebra 27 anos de inovações e contribuições à segurança viária

Contratação de transporte escolar requer cuidados

Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.