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Ver e ser visto

por Fernando Calmon*

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Uma das maiores discussões técnicas sobre segurança no trânsito envolve o sistema DRL, sigla em inglês para luzes de uso diurno. Até hoje não há consenso mundial sobre a obrigatoriedade.
O CTB (Código de Trânsito Brasileiro) apenas recomenda e ninguém pode ser multado por deixar de ligar faróis baixos durante o dia, exceto em túneis. O CTB exige lanternas acesas sob chuva forte ou neblina. No sul do país, porém, policiais rodoviários costumam obrigar os motoristas a trafegar com faróis acesos nas estradas, atitude com certeza incorreta.
Na Europa estudou-se o assunto por mais de 20 anos pela importância do conceito de ver e ser visto. Os quatro países nórdicos mais a Islândia obrigam a iluminação diurna automática há décadas. Afinal trata-se de países com longos invernos e incidência menor de luz natural. Do outro lado do Atlântico, o Canadá também a impôs. Ocorreram debates nos EUA porque havia queixas de incômodo visual. Simplesmente se permitiu o uso e os fabricantes de veículos foram liberados para escolher o sistema DRL.
Países próximos da linha do Equador, em geral, nem ao menos recomendam, pois o sol brilha quase sempre. Ligar faróis baixos comuns durante o dia, de fato, causa algum incômodo. Tanto que lâmpadas para uso diurno emitem menos luz. No sistema DRL, as lanternas traseiras permanecem apagadas, sem conflito com a visibilidade das luzes de freio.
Depois de muitas pesquisas, a maioria da União Europeia decidiu permitir ou mesmo recomendar, salvo alguns países do extremo sudeste que mantêm proibição. Alguns relatórios concluíram que colisões diminuiriam de 5% a 15%, além de beneficiar pedestres e ciclistas, embora nada consensual.
Entre as desvantagens estariam o aumento de consumo de combustível e de emissões de poluentes, queima de lâmpadas, baterias descarregadas ou menos duráveis e tendência ao “mascaramento” se milhares de veículos nas estradas e ruas acendessem os faróis simultaneamente.
Entretanto, a iluminação por leds (diodos de luz) resolveu parte das dúvidas. Consomem pouca energia, duram mais de 5.000 horas (praticamente por 250 mil quilômetros, vida útil média de um automóvel) e emitem luz branca e forte o suficiente para ótima visibilidade diurna. Seu preço caiu bastante com o avanço tecnológico.
A vantagem decisiva é que a carreira de leds pode formar qualquer contorno luminoso que os desenhistas de veículos possam imaginar. Dessa forma, o efeito de homogeneidade com potencial de atrapalhar a noção de distância ou de profundidade, desaparece. Motocicletas de faróis acesos, em meio aos carros, por exemplo, não seriam confundidas. Lanternas dianteiras de leds, incluindo a função DRL, ficam permanentemente acesas, logo ao ligar a ignição. Cumprem as especificações técnicas de todos os países da comunidade que as exigem, recomendam ou permitem.
A partir de 1º de janeiro de 2011, de forma paulatina, a maioria dos novos modelos – os mais caros já usam – virá equipada de série com esse dispositivo. Alguns fabricantes de lâmpadas, entre eles a Philips, oferecem kits adaptáveis aos para-choques dos carros em circulação. Aqui custam em torno de R$ 400.

Roda viva

Mercado de carros baratos no mundo será cada vez mais disputado. Tanto que na China a GM e sua associada local Wuling decidiram criar uma marca específica, a Baojun, especializada nesse tipo de modelo. O desenvolvimento será no país asiático, mas ali ao lado, na Coreia do Sul, a GM Daewoo tem engenheiros brasileiros trabalhando e poderão dar uma boa ajuda.
Dirigir um híbrido pleno por uma semana traz novas experiências. É preciso explicar aos manobristas que basta tocar no pedal do acelerador do Ford Fusion Hybrid para que se movimente sem nenhum ruído ou indicação do motor em funcionamento. Se a bateria estiver bem carregada e dosando a aceleração, pode-se manter apenas o motor elétrico até uns 60 km/h.
Qualquer necessidade de um pouco mais de desempenho e o motor a combustão entra automaticamente em uso. No início não fica muito fácil gerenciar o acelerador a fim de manter o modo elétrico puro. O Fusion Hybrid, em cidade, é muito econômico, perto dos 15 km/l. Faz bem ao meio ambiente, mas a economia de combustível não compensa a diferença de preço.
Informações de bastidores apontam resistência de técnicos de trânsito até a aprovação da polêmica resolução do Contran sobre indicação de pontuação. Será exigido reconhecer assinaturas do dono do carro e do real infrator. Além de trazer um grande problema na locação de veículos, proprietários sem carteira de habilitação continuar a não receber pontos referentes às multas.
Embora com pequena redução depois do aperto na fiscalização, ainda continua preocupante o nível de não conformidade de óleos lubrificantes. Prejuízo ao motorista pode ser até maior em relação a combustível adulterado. Há poucos meses os índices de fraudes estavam em torno de 24% entre as amostras recolhidas. Caiu para 20%, algo inaceitável.

 


*Fernando Calmon

Engenheiro e jornalista especializado desde 1967.

Originalmente publicado no site Uol em  28/12/2010.

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