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Sol em excesso faz mal no verão e no inverno

por Dirceu Rodrigues Alves Jr.*

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Trabalhando no transporte com veículos leves ou pesados ocorre uma grande exposição do trabalhador a radiação solar e ao calor produzido por ele, também pelos motores e gases aquecidos expelidos na combustão dos derivados fósseis. Isto, além de produzir lesões imediatas tem também um efeito tardio e muitas vezes irreversível. É necessário conhecer os riscos e adotar medidas preventivas.

Introdução:

É rotina durante a jornada de trabalho em veículos sobre duas ou mais rodas o operador estar permanentemente exposto a radiação solar.
A radiação Ultra Violeta (UV) e Infra Vermelha (IV) presentes no espectro solar tornam-se nocivas à pele e aos olhos.
Essas radiações são essenciais ao nosso planeta porque propagam o calor e em conseqüência mantém a vida. O calor produzido pela radiação solar e mesmo pelo aquecimento ambiental produzido por motores  é um somatório que pode gerar duas outras doenças que são a insolação e a intermação.

A camada de Ozônio ao redor do planeta, que fica entre 25 e 35 km da superfície, reduz bastante à agressão dos raios ultravioleta sobre o homem. Infelizmente o homem tem colaborado com múltiplas ações para que essa camada de Ozônio deixe de exercer a ação de um verdadeiro filtro protetor dessas radiações. Com o dano causado ao filtro passamos a ter uma quantidade bem maior dos raios UV e IV. Em função disso temos que adotar medidas preventivas.

O pico dessas radiações ocorre entre 10h e 16h, durante todo o ano, mais intensamente no verão.

Produzem lesões na pele e nos olhos.

Na pele:
– queimadura
– foto alergias
– bronzeamento
– câncer
– envelhecimento da pele

O envelhecimento da pele caracteriza-se pela lesão das fibras elásticas  tornando-a rugosa, com dobras, pregueamentos.

No olho:
– degeneração macular
– retinose pigmentar
– alteração para ver as cores
– catarata

Essas radiações têm efeito cumulativo, quer dizer, os danos causados vão acumulando-se até que aparecem os sinais e sintomas. É o caso do envelhecimento da pele, o aparecimento do câncer e as lesões oculares.

O comprometimento ocular causa danos na retina, cristalino e córnea. Pode levar a perda da visão.

O vidro, o espelho, a água, a neve refletem os raios ultravioleta, sobrecarregando a visão de todos nós, e mais daqueles que estão expostos excessivamente como os motoristas, motociclistas, nas áreas urbanas e rodoviárias.

Queixas oculares comuns e imediatas quando da exposição ao sol:
– hiperemia (vermelhidão)
– lacrimejamento
– prurido (coceira)
– fotofobia (aversão à luz)
– edema conjuntival e palpebral
– dificuldade de adaptação ao escuro

Queixas cutâneas imediatas:
– ardência
– vermelhidão
– formação de pequenas vesículas
– descamação

A prevenção será:
– uso de bloqueador (filtro solar)
– roupas protetoras
– redução da exposição (entre 10h e 16h)
– chapéu, boné
– óculos com filtro UV

Vale lembrar que nem todo óculos de lentes escuras tem proteção contra o Ultravioleta. As óticas podem fornecer óculos com controle de qualidade.

Já a insolação é decorrente da exposição prolongada ao sol capaz de produzir sinais e sintomas e ter certa gravidade imediata.

Sinais e sintomas:
– náuseas
– tonteiras
– aumento da temperatura corporal
– sede intensa
– queda do nível de consciência
– estado de coma

A intermação ocorre pelo aquecimento ambiental produzido pelo sol, ambientes fechados e aquecidos, pelo calor produzido por motores. Isso vai fazer com que haja um aumento da temperatura corporal e que terá certa gravidade.

Os sinais e sintomas são:
– temperatura acima de 40,5°C
– câimbras
– náuseas
– síncope (desmaios)
– pode ocorrer convulsão
– estado de coma
– ausência de suor
– desidratação
– insuficiência renal

Conclusão:

Aquilo que nos dá vida é também capaz de produzir danos leves, moderados e graves e até matar. No transporte urbano e rodoviário a exposição do trabalhador a radiação solar e ao calor é prolongada e diária, em consequência capaz de produzir os danos citados. Ação prevencionista se faz necessário utilizando os métodos convencionais.

Infelizmente, hoje, nada temos visto em termos de orientação e prevenção para essa classe trabalhadora que leva o progresso aos múltiplos cantos desse país.

*Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
dirceu.rodrigues5@terra.com.br

Referências:
1-Cecil Essentials of Medicine 4 th edition by Andreoli, Bennett, Carpenter and Plum.
2-Dermatologia, 3ª Edição, A. P. Sampaio Sebastião, Editora Artes Médicas.

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