No Brasil não há uma padronização. E, segundo especialistas, nem no mundo.
Semáforos instalados acima da faixa de travessia dos pedestres, pouco depois da de retenção, podem melhorar a visualização do motorista, porém o pedestre que faz a travessia nesta faixa tem dificuldade para ver – e aquele que a faz do outro lado da interseção nem vê. O contrário, também tem vantagens e desvantagens. A avaliação e decisão ficam a critério dos órgãos executivos de trânsito: o manual de sinalização do Denatran não impõe uma localização exata.
Na prática, cada cidade tem adotado posições diferentes na localização do semáforo. Em São Paulo, por exemplo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) adota os semáforos sempre depois do cruzamento. “O foco do semáforo é depois do cruzamento, então a faixa de retenção e de pedestres ficam antes. Existem prós e contras. Nos Estados Unidos, por exemplo, é assim. Na Europa o foco é antes do cruzamento. Entendo que o foco depois do cruzamento tem melhor visibilidade, mas não há um consenso no mundo de qual é melhor”, diz o gestor de trânsito do órgão, Luiz Montans.
Em Salvador a discussão foi além: a prefeitura já foi alvo de contestação jurídica via Ministério Publico Estadual sobre a posição da faixa de pedestres. A alegação é que ela deve ficar depois do semáforo com a justificativa que “não se pode invadir o sinal vermelho para não causar riscos ao ser humano”.
Segundo o manual do Denatran, a faixa de travessia “delimita a área destinada à travessia de pedestres e regulamenta a prioridade de passagem dos mesmos em relação aos veículos” e sua localização “deve respeitar, sempre que possível, o caminhamento natural dos pedestres, sempre em locais que ofereçam maior segurança para a travessia”.
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Os semáforos devem ficar antes ou depois da interseção? Não há consenso
entre especialistas e nem na aplicação nas diferentes cidades do Brasil.
Diferente de São Paulo, a imagem mostra a cidade de Curitiba/PR adotando
antes do cruzamento.
O engenheiro e editor do site Sinal de Trânsito, Luis Vilanova, explica melhor: “A cada semáforo, ou grupo focal, está associada uma linha de retenção que fica posicionada antes do semáforo, no sentido do trânsito, e que não pode ser transposta pelos veículos durante o vermelho. Evidentemente, a faixa de pedestres tem de estar posicionada após a linha de retenção correspondente. Portanto, legalmente, não há nada que regule exatamente onde a faixa de pedestres deve estar situada em relação aos semáforos, desde que esteja posicionada após a linha de retenção e que estejamos considerando um mesmo local, por exemplo, um cruzamento, ao considerar o conjunto semáforo, linha de retenção e faixa de pedestres”, diz.
Ainda, na opinião do engenheiro especialista em trânsito e diretor da Perkons, José Mario de Andrade, “é de suma importância o estudo do local pensando nos elementos de trânsito”. Ele destaca que “o conjunto deve favorecer, acima de tudo, uma boa visualização entre condutores e pedestres, pois o contato visual é um fator essencial para garantir a segurança da travessia”.
Risco para os pedestres: atenção para duas situações
Quanto à travessia dos pedestres, o engenheiro Vilanova lembra de duas situações nos cruzamentos semaforizados: uma em que o pedestre possui sinalização com focos e outra em que não possui. No primeiro caso, ele alerta que se deve evitar que o veículo ainda esteja passando por sobre uma faixa de pedestres quando o foco de pedestres já está em verde. “Isso pode ocorrer em cruzamentos de avenidas largas e pode ser uma armadilha para o pedestre. Em particular, crianças são muito vulneráveis a essa armadilha, pois acreditam no que lhes ensinaram: ‘Atravesse na hora que o boneco ficar verde’”, diz. Segundo ele, a solução é simples. “Basta programar um intervalo de vermelho de limpeza (vermelho geral), no qual os veículos da transversal já estão em vermelho e o foco de pedestres ainda não abriu. Geralmente, dois ou três segundos são suficientes para eliminar o risco de atropelamentos”, afirma Vilanova.
Ele também explica que no segundo caso, em que o pedestre não possui foco para ele, a dinâmica da operação é guiada diretamente pelas regras de prioridade do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “O pedestre deverá atravessar no estágio em que o verde está aberto para a via paralela à sua travessia, pois nessa hora apenas os veículos da conversão estão disputando espaço com os pedestres, e pelo código, esses veículos devem dar preferência aos pedestres passando, apenas, na hora em que ocorrer uma brecha suficiente entre eles”, finaliza.
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