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Quantas horas devemos trabalhar sobre duas rodas?

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    Sabedores da repercussão da condição social, psicológica e do próprio organismo do homem sobre o seu trabalho, e também das agressões do trabalho sobre múltiplos aspectos e fatores que concorrem para um maior desgaste do operador, não podemos deixar de relacionar e analisar o perfil psicoemocional e as condições ergonômicas do trabalho.
    Contabilizando-se os movimentos realizados na direção veicular e somando-se aos estímulos visuais, auditivos e à vibração de corpo inteiro, temos que concluir que tais operadores são submetidos a uma sobrecarga física e mental alarmante.
    Tudo isso concorre para o estresse físico e mental do nosso motociclista, e se computarmos os problemas de ordem pessoal e familiar, agravada estará à sobrecarga.
    Diante de tais fatos, temos que aceitar que a operação repercute intensamente no organismo humano, concorrendo para o aparecimento de múltiplas queixas, desde sinais e sintomas até doenças orgânicas reais, além de alterações da estrutura psicoemocional, concorrendo para as doenças psicossomáticas, assim como para as doenças psiquiátricas.
    O estresse, na realidade, é uma perda da capacidade adaptativa. Não temos dúvidas de que os operadores do tráfego, na sua maioria, é submetida a crises de adaptação às situações mais diversas e a cada momento recebem estímulos. O medo de bater com o veículo, de atropelar um pedestre, de um assalto ou de outra qualquer violência leva esses trabalhadores a situações de tensão, de agressão, que muitas vezes ultrapassam a capacidade defensiva dos operadores, provocando doenças.
    A penosidade do trabalho assim entendida aponta para um excesso que vai além do limite de um indivíduo normal. O trabalho torna-se penoso porque se dá mais do que é possível, por excesso de movimentos e por inconveniência de estímulos.
    Na caracterização da penosidade encontramos:

  • Movimentos repetitivos
  • Exposição a ruídos acima de 85 dB
  • Vibrações maiores do que 0,63m/s2
  • Variações térmicas
  • Variações climáticas (chuva, sol, enchente)
  • Exposição a agentes físico, químico e biológico
  • Doenças degenerativas e incapacitantes
  • Estresse psicológico e social
  • Jornada de trabalho longa
  • Fadiga visual
  • Desrespeito ao relógio biológico
  • Desconforto pessoal
  • Trabalho em ambiente isolado

    Todos esses fatores concorrem para dois principais sintomas responsáveis por grande parte dos nossos acidentes. São a fadiga e o sono.
    Quanto maior a exposição aos fatores, ou melhor, quanto maior a jornada de trabalho maior é a agressão ao organismo com aparecimento de sinais, sintomas, doenças e aumento do índice de acidentes.
    Vale a pena lembrar que com quatro horas de trabalho sobre duas rodas temos lapsos de atenção. Com oito horas de trabalho temos déficit de atenção. Isto aumenta em duas vezes a possibilidade de sofrermos acidentes e também evoluirmos para doenças.
    O Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET não recomenda jornadas maiores de seis horas na atividade profissional sobre duas rodas.
    A motocicleta é um transporte ágil, porém frágil.
    A agilidade da motocicleta aumenta à fragilidade de quem a pilota.
    Reflita sobre esse tema, seja você motociclista profissional ou empresário do ramo.
    Vamos melhorar a nossa qualidade de vida no trabalho.


Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
dirceu.rodrigues5@terra.com.br

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