A maioria das autoridades municipais enxerga a moto como um problema. Imaginem que mais de um milhão de motos circulam na Grande São Paulo, quase todas atuando na prestação de serviços de entregas. A lamentar que muitas delas provoquem acidentes e causem estresse tanto para os pilotos como para os motoristas e pedestres além de provocar danos à qualidade do ar. Todos nós, pouco a pouco e de maneira democrática acabamos sendo envenenados. Tanto os ricos, como os pobres, sejam homens ou mulheres além das crianças. Todos respiramos as mesmas substâncias tóxicas produzidas. Milhares de óbitos e doenças respiratórias causadas pela poluição urbana, em boa parte podem ser causadas pelas motocicletas. Será que realmente a moto ainda polui mais que o carro?
Hoje em dia sabemos que as motos as motos novas já se enquadram nos mesmos limites de emissões de poluentes (Nox, CO, e HC) que os automóveis. Esse padrão de controle foi iniciado alguns anos atrás quando a CETESB elaborou, juntamente com as montadoras, uma proposta para o controle das emissões, com o estabelecimento de um Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares – PROMOT, fixando datas e metas objetivas visando o controle das emissões de poluentes das motocicletas. Esta proposta foi baseada nas legislações vigentes na Europa resultando no estabelecimento dos primeiros limites de emissão que vigoraram a partir de janeiro de 2003.
Perspectivas
Um ponto positivo para as motos é que elas já estão entrando na era flex e já podem operar com álcool, gasolina ou mistura desses combustíveis em qualquer proporção. Esta alternativa implica em maior benefício para o meio ambiente sob o ponto de vista da redução dos gases que provocam o efeito estufa.
Ainda no tocante à contaminação atmosférica, com a introdução dos catalisadores e injeção eletrônica, as motocicletas novas atingiram níveis ainda mais baixos de emissão, comparáveis aos veículos leves de passageiros. Entretanto, com a intensa operação destes veículos e a falta de manutenção adequada continuamos observando altas emissões uma vez que nem todos os motociclistas controlam periodicamente as suas máquinas gerando maiores emissões em face das inadequadas condições mecânicas das motos em circulação. Propõe-se ao CONAMA que regulamente a durabilidade das emissões em 18.000 km, como ocorre na União Européia.
E mesmo sendo atualmente objeto de programas de controle, as motocicletas ainda representam desvantagens ambientais em relação a outros modos de transporte. O volume de emissão por passageiro transportado em motocicletas, para os poluentes atmosféricos mais críticos, é 4 vezes maior que o gerado por um ônibus para material particulado, 27 vezes maior para o HC e 2,5 vezes de CO2. Vale lembrar que um ônibus circulando equivale à retirada das ruas de 27 automóveis e 40 motocicletas. É ainda relevante mencionar que o espaço ocupado por 27 autos e 40 motos é 3 vezes maior que o espaço ocupado por um único ônibus.
A grande questão é projetar quando serão substituídas as antigas motos e não é menor o desafio se objetivarmos o estabelecimento de normas e regras de fiscalização mais eficientes sobre as condições de pilotagem urbana que, só em 2009, causaram 428 vítimas fatais entre os motociclistas da Grande São Paulo.
Cristina Baddini Lucas – Engenheira Civil, Mestre em Transportes e Trânsito, Consultora do Diário do Grande ABC e Diretora do Instituto Rua Viva.
cristinabaddini@dgabc.com.br
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