NOTÍCIAS

Falta de experiência está entre as principais causas de acidentes nas estradas

Outros fatores, como as condições do veículo e da via, também podem impedir motoristas que trafegam em rodovias de chegarem ao seu destino

Publicado em
f6z6bmab4oentxq7cjsb

“Ao entrar num veículo que pesa uma tonelada, em média, o motorista precisa ter a consciência de que não pode dirigir com a mesma displicência de quem abre a geladeira para pegar água”, alerta o chefe de comunicação nacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Fabiano Moreno. Essa simples analogia explica uma das três maiores causas de acidentes nas rodovias de todo o país: a negligência. Somada à imprudência e à imperícia, estes fatores humanos respondem por cerca de 90% das ocorrências. O restante se divide em más condições das vias (6%) e falhas mecânicas (4%).

Arquivo CNT

De acordo com dados da PRF, somente no período de festas de fim de ano (entre 21 e 25/12/2012) foram atendidos 3027 acidentes nas rodovias federais. Desse total, 222 pessoas perderam a vida. Entre as diversas tipificações de acidentes, as colisões frontais são uma das mais graves e tendem a resultar em óbitos. “Esse tipo de acidente ocorre quando o veículo invade a contramão, quando há perda de controle do veículo ou cansaço do motorista. Mais uma vez, uma das três principais causas de acidentes”, pontua Moreno. 

Mudança de comportamento

Para evitar acidentes ou minimizar as consequências em casos inevitáveis, é preciso reconhecer as três principais falhas humanas e buscar modificá-las.

Negligência – descaso, displicência. Atender ao telefone enquanto dirige, não usar cinto de segurança ou trafegar com pneu desgastado são alguns exemplos por parte do motorista. Do órgão responsável pela via, a negligência pode ser verificada quando deixa de fazer a conservação, manutenção ou reparo do pavimento e/ou sinalização.

Imprudência – atitude precipitada, sem levar em consideração a cautela. Entre os exemplos estão o desrespeito aos limites de velocidade, consumo de bebida alcoólica ao conduzir, avanço de sinal entre outros. 

Imperícia – falta de habilidade, ausência de qualificação técnica (teórica e/ou prática) para dirigir proveniente de treinamento inadequado do condutor. Nesse caso, o motorista não está capacitado para usar determinado tipo de veículo, tem reações impróprias diante de situações adversas ou não sabe como proceder em caso de emergência.

Esta última modalidade revela um traço preocupante na formação de motoristas, pois as autoescolas não simulam situações em rodovias para os futuros condutores. “E não é interessante que isso aconteça mesmo, seria um grande risco. A velocidade que se imprime na rodovia é muito maior que em vias urbanas e o tempo de resposta que o motorista deve ter é muito menor. Ainda há agravantes, como a falta de iluminação à noite, chuva, neblina etc”, observa Moreno.

Outro complicador é a dificuldade em constatar a imperícia que, segundo Moreno, está disfarçada. “O que a gente nota é que o motorista geralmente superestima o seu veiculo, a sua habilidade de dirigir. Todos dizem que são excelentes motoristas e subestimam os riscos. Passam a apostar na sorte e o trânsito vira uma roleta russa”, considera.

A gerente de comunicação da Perkons – empresa especializada em tecnologia para segurança e gestão integrada de tráfego –, Maria Amélia Franco, tem visão complementar. “Além da imprudência, também há a questão da inexperiência em dirigir em rodovias. Para conquistar a carteira de habilitação o condutor precisa estar apto a enfrentar as adversidades do trânsito, tanto em áreas urbanas, como em rodovias. Porém, este aprendizado deveria ser criteriosamente regulamentado pelo Contran retratando da melhor forma possível a realidade que enfrentará o futuro condutor”, pondera.

Uma das alternativas apontadas para o futuro motorista que vai encarar o desafio de dirigir em rodovia é o simulador de direção. O Contran deu o prazo até 30 de junho de 2013 para as autoescolas se adaptarem para inclusão de 5h/aula simuladas. Maria Amélia afirma que o assunto merece atenção. “Nos simuladores não há risco real do aumento da velocidade, que chega a 110 Km/h. Mas ainda é necessário aumentar o tempo nos simuladores e ter especificadas todas as condições experimentadas pelo aluno, em especial nas áreas rurais. Considerar apenas condições climáticas, de luminosidade (dia e noite) e da intensidade do tráfego não é suficiente”, diz a especialista da Perkons. Saber como agir em situações de interrupção inesperada da via, como queda de cargas de caminhões, desvio de buracos, animais e pedestres na pista, ultrapassagens, curvas com problemas de traçado, aquaplanagem, entre outras ocorrências, também é fundamental, de acordo com Maria Amélia.

Múltiplas variáveis

No entanto, de acordo com a engenheira e especialista em trânsito Lúcia Brandão, nenhum acidente de trânsito é resultado de apenas uma variável ou um condicionante, mas pelo menos de dois dos quatro fatores: por exemplo, o veículo, a via, o condutor e o ambiente imediato. Além da inexperiência dos motoristas, a má geometria das vias ainda está no percurso. Um estudo realizado pela Confederação Nacional de Transportes, intitulado pesquisa CNT de Rodovias 2012, leva em conta a responsabilidade desse fator na capacidade de executar curvas e conduzir em condições atmosféricas desfavoráveis.

Arquivo CNT

O estudo apontou que quase 50% das rodovias são classificadas como ruins e péssimas. Para tráfego nesses trechos de rodovias considerados, Lúcia Brandão pondera que os condutores tendem a dirigir seus veículos com maior cuidado em função dos riscos de quebras e de acidentes (facilmente percebidos pelos condutores). “Esse comportamento faz com que o risco de acidentes diminua sensivelmente, o que pode ser constatado através das estatísticas de acidentes de trânsito para esses trechos. Mas devemos lembrar que as rodovias em situações de extremo descaso, ‘coincidentemente’, são os trechos com menor movimentação de veículos, considerando sua localização na rede de rodovias do país”, alerta Lúcia.

COMPARTILHAR

Veja

também

Balanço das propostas para o trânsito nas principais capitais, feitas pelos eleitos em 2024

Mortes no trânsito cresceram nos últimos três anos

Uma das principais preocupações municipais é a gestão do trânsito

Como as cidades inteligentes apostam na tecnologia para uma gestão urbana mais eficiente

Lombada eletrônica completa 32 anos ajudando a salvar vidas 

Perkons celebra 33 anos de inovação e segurança no trânsito

Perkons Connect entra para o calendário nacional e passará por todas as regiões do país

Inovação e Gestão Urbana: temas centrais do Perkons Connect

Segurança no trânsito em foco no Perkons Connect

Primeira edição do Perkons Connect será em São José do Rio Preto

Nascemos do ideal por um transitar seguro e há três décadas nossos valores e pioneirismo nos permitem atuar no mercado de ITS atendendo demandas relativas à segurança viária, fiscalização eletrônica de trânsito, mobilidade urbana e gerenciamento de tráfego.