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Faixa de pedestre

por Alexandre Garcia*

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Na maior cidade do país, começaram agora uma campanha pela faixa de pedestre, que ninguém respeita.
Com frequência ouço relato de motoristas brasilienses, acostumados no respeito à faixa, que sofreram colisões na traseira de seus carros porque pararam para o paulistano passar. Em Brasília, o respeito à faixa foi resultado de uma política firme, que contou com o apoio da população.
As faixas foram repintadas e vigiadas por policiais ou agentes do Detran, para multar quem não parasse para o pedestre passar. Funcionou, mesmo antes do atual código de trânsito.
O problema é que alguém resolveu inovar, sem pensar muito nas consequências. Inventou o tal sinal de vida, recomendando ao pedestre que levante o braço para sinalizar o desejo de atravessar.
O erro está em que isso transferiu ao motorista a ideia de que o pedestre está pedindo licença para usar a faixa. Portanto, a faixa não é do pedestre, mas do motorista. Com isso, a conquista se esmaeceu, perdeu força. Já vi muita gente com os braços ocupados impedida de atravessar a rua: senhoras com um bebê num braço e uma bolsa no outro, gente de muletas ou carregando malas nas duas mãos. No mundo civilizado, o primeiro passo na faixa é sinal de parada para os veículos.
Em Brasília, bastava estar de frente para a rua, diante de uma faixa, para os carros pararem. Agora isso já é raro.
Pois São Paulo está copiando o que deu errado em Brasília e não o que deu certo. Vai ficar na mesma. A faixa continuará do motorista, e não do pedestre.
O Código Brasileiro de Trânsito estabelece que todos os veículos, motorizados ou não, são responsáveis pela vida do pedestre.
É a tradução para a lei do princípio moral de que os mais fortes são responsáveis pela proteção dos mais fracos. Quem está protegido por uma armadura de aço é responsável por quem está protegido apenas pela roupa do corpo.
O pedestre também precisa fazer a sua parte. Não pode caminhar entre os carros — isso está expressamente proibido no código de trânsito.
Tampouco pode atravessar pela faixa onde houver semáforo e ele estiver vermelho para a travessia. Nem pode, onde houver faixa, atravessar por outro lugar. Parecem novidades, aqui neste país ainda pré-civilizado.

 

*Alexandre Garcia
Jornalista

Originalmente publicado no jornal Em Tempo, em 07/06/2011.

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