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Década de Preservação da Vida no Trânsito 2011 – 2020

por Dirceu Rodrigues Alves Jr.*

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Ações políticas, leis, resoluções precisam ser criadas, integradas, outras modificadas, tudo num curto espaço de tempo para que possamos acompanhar com sucesso o programa de preservação da vida proposto pela ONU.

Atitudes drásticas precisam ser tomadas em nosso país para cumprirmos o que preconiza a ONU (Organização das Nações Unidas) que é a redução dos acidentes de trânsito. Hoje eles atingem 1.300.000 óbitos e 52 milhões de vítimas em nosso planeta.
Não tenho dúvida que a primeira ação brasileira deve ser atuante na educação, seleção e formação do condutor.
A educação de trânsito prevista no Código de Trânsito Brasileiro desde 1997, se aplicada, ou melhor, colocada em prática desde a pré escola (cinco anos) até os dezoito anos não tenho dúvida que nos treze anos de aplicação teremos mudança radical da cultura não só do motorista, mas do pedestre, do usuário do transporte, motociclista, em fim da sociedade como um todo. Essa é a necessidade básica de nossa população para a mudança radical na cultura da mobilidade.
Na seleção há necessidade de uma avaliação mais abrangente com relação ao estado psicológico e mental dos candidatos. Isto tem que ter profundidade, maior tempo de avaliação com protocolos e diretrizes construídas pelos profissionais da área com objetivo de excluir o futuro condutor que não respeita a sinalização, que tem compulsão para velocidade, que tem no veículo um escudo, carapaça ou mesmo como objeto de conquista, não o vendo como equipamento para sua mobilidade. É esse indivíduo que no trânsito vai desencadear distúrbio comportamental de leve a grave comprometendo o bem estar físico e mental daqueles que estão no infortúnio do trânsito dos grandes centros.
A Carteira Nacional de Habilitação é uma concessão do estado e que pode e deve ser retirada diante das aberrações que presenciamos no dia a dia.
Há que se ter altivez e vontade política para que mudanças radicais sejam colocadas rapidamente em atividade.
Além dessa avaliação médica aprofundada nos seus detalhes temos que entender a necessidade de termos uma formação de condutores com mais exigências, com maior tempo de instrução e quando liberados terem uma fiscalização mais rígida.
Não se pode entender que desenvolvendo velocidade entre 30 a 40 km/h no trânsito, fazendo o que chamam baliza (estacionar o veículo), parando num aclive sem deixar o veículo recuar, o candidato possa ser aprovado e lançado no tráfego como conhecedor pleno da direção veicular. Positivamente isso não é verdade. Debutará no trânsito com extremo estresse e em consequência estará sujeito a acidentes. O pobre coitado desconhece coisas básicas como os fatores de risco inerentes ao veículo, as vias, as condições climáticas, ao usuário, pedestre e tantos outros. A inexperiência o levará certamente a adaptar-se no meio adquirindo sérios vícios que irão desencadear outros, mais outros, e pior, jamais retornará para uma reciclagem, não terá uma educação continuada, evoluindo para uma direção repleta de erros que serão eternos.
Impõem-se a ampliação do tempo de aprendizagem teórica e prática. A educação de trânsito defensiva, evasiva e a utilização de todos os meios existentes no veículo bem como conhecer as ações física, química, biológica, ergonômica, conhecer a cinemática do trauma. Quem dirige um veículo precisa conhecer leis básicas da física. É necessária também a conscientização do que é a máquina sobre rodas. Sua utilização, seus perigos, suas limitações, etc.
Será que o motorista sabe por que o veículo capota, porque rodopia, diferença entre os vários tipos de impacto, obstáculos fixos, móveis, colisões em geral, o que acontece com o passageiro, pedestre e com a sociedade? Quais são as rotas de fuga do veículo no momento de um acidente?
Faz-se necessário a introdução de simuladores de direção veicular na formação, educação continuada e até na mudança do tipo de veículo. A tecnologia nos permite fazer simuladas todas as situações adversas. Ao sair desses equipamentos irem para uma pista específica onde se colocaria em prática todo treinamento.

O que representa o mau uso do veículo para o Estado e a sociedade como um todo?
Custa ao Estado, resgate, hospitalização, evolução em UTI e enfermaria, óbitos, incapacidades temporárias e definitivas. As vítimas deixam de produzir. A faixa etária média de aparecimento dos danos é em torno dos 32 anos. Hoje o brasileiro tem, em decorrência da lei, vida produtiva até os 65 anos. Vemos que deixamos ter produção por morte ou sequelas por 33 anos. Prejuízo inestimável para o país. Lembro que temos no nosso quadro estatístico 38.000 óbitos, 110.000 sequelados no último ano.

Devo mudar o tipo de veículo sem conhecer profundamente suas características?
Todo curso tem uma pós-graduação. Nenhum é suficientemente bom para colocar de imediato o indivíduo no meio, é necessária na direção veicular uma especialização no tipo de máquina que vai conduzir. Um estágio supervisionado. A tecnologia evolui de maneira assustadora e temos convicção que muitos dos nossos motoristas não sabem operar seus veículos de maneira ideal. Consumo, queima de combustível, ruído produzido, transtornos causados ao meio ambiente, tudo isso acontece com o total desconhecimento, falta de ensinamento.
Temos que concluir, sem dúvida, que melhor seleção, educação e formação é o tripé básico para qualquer iniciativa com objetivo de respeitar a orientação da Organização das Nações Unidas.

 

*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
www.abramet.org.br
dirceurodrigues@abramet.org.br

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