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Condutor diferenciado, cidadão necessário

por J.R.Jerônimo*

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Alguns comportamentos tornam-se uma espécie de convenção na vida social. Os papéis e funções que as pessoas têm no dia a dia, conforme suas profissões e posições, na família, no local de trabalho e na sociedade, levam cada um a portar-se e a proceder de uma determinada forma.  A mulher que hoje é casada e é mãe, comporta-se diferente de quando era solteira; bem como o que foi promovido a cargo de chefia, porque agora é mais exemplo do que antes, teve que incrementar seu modo de agir e de se comunicar. Assim deveria ocorrer com todos os condutores de veículos de motores potentes, e também de grandes tamanhos e pesos.
A quem fosse destinado um veículo com tais características, muito mais deveria ser exigido em sua capacitação para condutor.  O que hoje se prevê pela legislação, Art. 140 do CTB – Código de Trânsito Brasileiro, que divide em cinco as categorias de condutores, na tentativa de direcionar a qualificação de cada um deles, conforme o tipo de veículo e de transporte que conduzirão, em minha opinião, está muito longe do básico necessário para a segurança no trânsito.
É inconcebível a prática atual, onde qualquer um, desde o mais despreparado até o mais irresponsável tem a posse desses tipos de veículos e a permissão para conduzi-los. 
Deveriam ser previstos idade mínima aumentada, por exemplo, dos 25 anos em diante, escolaridade básica a partir do ensino médio completo, rigorosos testes psicológicos e longos cursos de direção defensiva especialmente voltados para condutores dos veículos acima referidos.  Porque, tais condutores, precisam ser diferenciados, precisam mesmo, é ser especiais.
O nível de capacidade que a sociedade precisa que esses condutores tenham, deve ser distinguido obrigatoriamente por virtudes como:
– Personalidade equilibrada, sem destempero, sem afetação;
– Consciência plena de que um acidente ocasionado por veículo especialmente potente ou de grande tamanho e peso, no uso de seu potencial, tem desdobramentos gravíssimos;
– Habilidade em direção defensiva especial.

A realidade não mudará por si mesma, cada um de nós é que tem que mudá-la. Divulguemos esse pensamento. Em algum tempo – e que seja o mais breve – teremos saturado o inconsciente coletivo com a percepção viva do direito, da obrigação e do potencial que temos para não mais aceitar a prática corriqueira de uma enormidade de erros em nossa sociedade e promovermos a melhoria do que pode ser aprimorado. Erros decorrentes de muita permissividade e causadores de tantas perdas de vidas e de grande prejuízo material. Só no âmbito do trânsito, segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 40 mil pessoas morrem vítimas de acidentes a cada ano em nosso país e, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), R$24,6 bilhões são gastos em decorrência de acidentes nas rodovias federais e estaduais, também anualmente. 
Em vez de esperarmos os outros fazerem por nós aquilo que queremos que seja feito, façamos nós. Conscientes do bem possível, por intermédio da ordem, da legalidade e da paz, ajamos para mudar.
Vale repetir a divulgação da oportunidade que temos, como cidadãos brasileiros, para mudar as partes das leis que estão equivocadas e para criar novas leis adequadas e necessárias ao nosso país.  Trata-se do exposto no parágrafo 2º do Artigo 61 da Constituição Federal.

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

§ 2º – A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Um condutor diferenciado, em razão de dirigir um veículo potencialmente mais perigoso, é necessário, entre outras medidas, para a conquista de mais segurança no trânsito. Trata-se de uma mudança complexa, mas possível e muito menos cara do que as vidas que são perdidas na situação atual.
Uma sociedade com leis erradas prejudica principalmente as pessoas de bem.  Criemos ou participemos, pois, de abaixo-assinados e de mobilizações que objetivem as mudanças necessárias.  Sejamos sempre interessados na política, independentemente de se pertencer ou não a algum partido.  Sejamos cidadãos atuantes, para não sermos joguetes, nem vítimas; para sermos, enfim, agentes da nossa história, conscientes, responsáveis e vencedores.

 

*J.R.Jerônimo
Autor do livro `Como Se Tornar Um Asno Volante Em 19 Lições Erradas`, que diverte e dá dicas para uma boa direção de veículo e bom comportamento no trânsito.
www.jrjeronimo.com.br

 

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