O poeta Olavo Bilac e o abolicionista José do Patrocínio protagonizaram no início deste século um dos primeiros acidentes de carro de que se tem notícia no Brasil. Uma árvore foi a vítima do acidente, na qual bateu o veículo guiado por Bilac, importado da França por Patrocínio, que também estava no carro. A três quilômetros por hora estragaram a máquina na Rua da Passagem, em Botafogo, Rio de Janeiro. O que Bilac nunca esperava é que ele seria o precursor de uma catástrofe que mata quase 100 pessoas por dia no Brasil onde, a cada minuto, 14 pessoas sofrem acidentes de trânsito e 3 acidentes acontecem com uma pessoa é ferida. A cada 15 minutos, uma pessoa morre.
O Brasil registra anualmente 1,5 milhão de acidentes. A quantidade de pessoas feridas por ano é de 400 mil pessoas. Essa quantidade de acidentes resulta na morte de 35 mil pessoas/ano. Aproximadamente 7.5 milhão de pessoas se envolvem de alguma forma em acidentes de trânsito no período de um ano e mesmo assim a lei de trânsito parece ser menos importante que as outras leis. Infrações de trânsito são consideradas pequenos deslizes. Culturalmente, no Brasil, o acidente de trânsito é tido como uma fatalidade. É um acontecimento fortuito e não previsto. Em tese, as pessoas não saem às ruas para, deliberadamente, matar ou ferir pessoas com seus veículos e, pasmem, recebem um tratamento de crime culposo e não doloso. A impunidade também é um grande problema, além do sofrimento ao qual estão submetidas as pessoas que se acidentam no trânsito.
Duas pesquisas realizadas pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelaram que os acidentes de trânsito no Brasil custam ao Estado e à sociedade aproximadamente 30 bilhões de reais por ano, ou seja, 1,2% do PIB brasileiro. Desse modo, os acidentes de trânsito custam caro ao povo e à sociedade brasileira, onerando sobremaneira, os sistemas de saúde e de segurança pública. Entretanto, não observamos políticas públicas consistentes no sentido de reduzi-los.
Pelo mundo
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o trânsito é responsável pela morte de 1,2 milhão de pessoas e o estudo divulgado pela Agência que é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) revela que quase a metade dos mortos nos acidentes rodoviários no mundo são pedestres, ciclistas e motociclistas.
Mais de 90% das mortes ocorrem em nações em desenvolvimento. Nos países mais pobres, 80% das mortes no trânsito são de “usuários vulneráveis””, ou pessoas que não estão nos carros. Os acidentes de trânsito provocam a morte de mais de 3.000 pessoas por dia e custam ao mundo US$ 65 bilhões anuais.
 
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